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Luana Piovani comenta violência sofrida e diz que foi “espezinhada” pela TV Globo
Em conversa com a apresentadora Cissa Guimarães no programa “Sem Censura“, a atriz Luana Piovani relembrou as agressões que sofreu do ator Dado Dolabella, em 2008. Para ela, a falta de acolhimento com a qual se deparou após o episódio foi a maior violação possível.
“A maior dor que eu passei não foi ter sido agredida, foi o que a sociedade fez comigo depois, porque eu estava numa época em que [denunciar] não era um movimento comum. As pessoas adoram dar personagens pra gente, e quando a gente não os aceita, sentem raiva. Nunca aceitei a roupinha que a sociedade brasileira quis me vestir”, afirmou.
“Quando eu fui lá e denunciei a violência, as pessoas me espezinharam, a sociedade me espezinhou, e eu não falo só as pessoas da rua não”, prosseguiu.
“A empresa na qual eu trabalhava me tratou mal. Eu não tive suporte de absolutamente ninguém que não fossem os meus pais, os meus cinco amigos que souberam e o meu terapeuta. Eu tava fazendo um programa na Rede Globo, me tiraram do programa, as pessoas diziam que eu tinha feito aquilo porque eu queria aparecer e chamar a atenção”.
Na mesma fala, Piovani destacou a força que o machismo praticado por outras mulheres teve na péssima repercussão do caso. “Elas diziam [para o agressor] ‘Vem bater em mim’. Porque o cara é considerado bonito, sex symbol, what the fuck. O que atrapalha muito a nossa luta são essas mulheres machistas, que são quase 1/3 do planeta machista. Enquanto elas forem assim, elas darão força aos homens que são”.
Assista!
O caso
As agressões cometidas por Dado Dolabella contra Luana Piovani retornaram à mídia quando, em janeiro de 2024, a cantora Wanessa Camargo, sua então namorada, foi anunciada como uma das participantes do Big Brother Brasil.
Piovani, que hoje vive em Portugal com dois dos três filhos, afirmou ter visto um trecho do programa em que Wanessa se declara e, em consequência, temer que um homem condenado por crimes de agressão contra a mulher seja alçado ao posto de “pessoa querida e vitoriosa”.
“Ela [Wanessa] está lá e está levando com ela o namorado, que é um agressor, gente”, disse. “Se você acha que está tudo bem se relacionar com um cara que já agrediu quatro mulheres, parabéns, é uma escolha sua. Agora, de novo, o Brasil todo passar a mão, passar pano para um agressor, é problema nosso”.
“Não importa se hoje ele come carne ou não come carne. Porque ele culpa o sangue. Ele fala que batia em mulheres porque ele ingeria sangue”, disse, referindo-se ao fato de que hoje Dado é vegano. “Agora, ele não ingere sangue e é um santo. Vale lembrar que foram quatro [denúncias de agressão]. Eu fui a primeira, mas depois que eu fiz a denúncia três mulheres vieram falar comigo que tinham apanhado dele. Não é maravilhoso?”, finalizou, ironizando.
Dado Dolabella e Luana Piovani, a sua vez, namoraram entre 2006 e 2008, até que o ator foi denunciado pelo crime de lesão corporal, cuja pena no Brasil pode chegar a três anos de detenção. O caso ocorreu em outubro daquele ano, na boate 00, na Gávea, zona Sul do Rio. Os dois discutiram, segundo testemunhas, após o ator ter visto uma cena de nudez da namorada no espetáculo “Pássaros da Noite”. A estreia havia ocorrido naquela noite e a atriz era protagonista.
A briga teria motivado um tapa no rosto. Uma camareira tentou apartá-los, conforme relatado em depoimento, mas foi empurrada por Dolabella e machucou os punhos. Ambas prestaram queixa e um laudo confirmou as agressões. O ator acabou sendo absolvido e chegou a ser preso, em 2009, por desrespeitar uma decisão do 1º Juizado de Violência Doméstica do Rio por manter-se a menos de 250 metros da ex. No Carnaval, ele brincou com a situação ao aparecer posando para fotos com uma trena.
Ele foi condenado pela Lei Maria da Penha apenas em 2014. Ele cumpriu pena de dois anos e nove meses em regime aberto por danos morais.