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Madonna, Rita Lee, Lizzo: cantoras que desafiaram estigmas femininos na história da música
Não é difícil encontrar exemplos de artistas que, para além do mérito de seu talento, entraram nos anais da história por terem tomado decisões e ter atitudes que desafiavam tudo aquilo que até então era considerado correto. Quanto levamos em consideração o fato de que as mesmas são mulheres e reafirmaram nesses momentos o quanto são donas de si, há exemplos ainda mais expressivos.
No mundo da música, por exemplo, Madonna desafiou o conservadorismo nos anos 1990 ao falar sobre sexo e religião. Rita Lee, por sua vez, lançou luz sobre o sexismo que existia no rock brasileiro, ainda na década de 1960. Agora, no presente, é Lizzo quem mostra o quanto precisamos amar nossos próprios corpos e sermos mulheres empoderadas com sua música chiclete.
Nós decidimos reunir outros exemplos de mulheres que questionaram estigmas ao longo de suas respectivas carreiras, indo ao encontro a sua liberdade. A presente lista é feita em colaboração com a Intimus, que lançou a hashtag #ChegadeEstigma. A novidade é parte de uma ação linda e necessária que visa levantar uma discussão a respeito dos vários estigmas que envolvem a menstruação (você pode saber mais clicando aqui). Vamos mergulhar um pouco na história de cada uma dessas lendas?
Madonna
Esta lista não poderia começar com outro nome senão o de Madonna. Desde que começou a aparecer em capas de jornais e revistas, antes mesmo de ser o mito que se conhece hoje, a rainha do pop foi vítima dos mais variados tipos de estigmas femininos. Não há exagero: quando caiu na estrada com sua primeira turnê, a “The Virgin Tour” (1985), ela já era um fenômeno graças aos discos “Madonna” e “Like a Virgin”, este último recém-lançado.
Apesar de oferecer um espetáculo cheio de dança e ter seu visual copiado à exaustão por jovens de todo o mundo, a artista foi acusada pela crítica de estar “fora de forma”. Anos depois, ao colocar na estrada o show “Blond Ambition”, em que exibe uma excelente forma física, Madonna teve suas críticas direcionadas a um outro extremo: a maioria das resenhas dizia que ela estava “malhada demais”.
(Madonna apresentando “Like a Virgin” na “The Virgin Tour”, em 1985)
(Madonna e seus dançarinos tocando “Vogue” na “Blond Ambition Tour”, em 1990)
Ela não deu a mínima! Um pouco mais adiante, em meio aos escândalos envolvendo o lançamento de clipes como “Like a Prayer” e “Erotica”, bem como o livro “SEX”, ela provou para todos que uma mulher pode e deve falar de qualquer assunto que sentir vontade. Tanto que foi censurada na MTV e decidiu por conta própria lançar o clipe de “Justify My Love”, um dos mais quentes de sua carreira.
Nas imagens, deslumbrantes, M explora ao máximo sua sexualidade em um hotel pouco glamouroso de Paris. O material chegou às lojas em formato VHS, tornando-a a primeira artista da história a fazer uma ação de marketing do tipo.
O envelhecimento feminino também foi outro ponto defendido pela artista nos últimos anos. Ao completar 40, 50 e 60 anos, respectivamente, seu público e crítica questionaram como ela lidaria com a própria sexualidade. A resposta veio em alto e bom som a cada década: é possível ser sexy e se sentir poderosa, sim, em qualquer idade.
Em 2016, ao receber o prêmio de Mulher do Ano oferecido pela revista Billboard, Madonna fez um discurso emocionado em que relembrou seus maiores desafios. Em dado momento ela diz a seguinte frase: “Talvez a coisa mais desafiadora que fiz em anos de carreira foi ter permanecido”.
https://www.youtube.com/watch?v=rDGz18T9KbI
Donna Summer
A rainha da era disco, Donna Summer, assim como a própria Madonna, arrasava em seus visuais extravagantes, cheios de brilho. Tanto que teve seus penteados copiados à exaustão em salões de beleza do mundo todo. Todavia, uma das coisas que mais chamou a atenção ao longo de suas quase quatro décadas de carreira foi sua capacidade de se reinventar, começando pelo som.
Mas o trabalho de Donna também assumiu a certa altura uma autra sensual, levemente erótica, que até então era inédita na pop music. O single “Love To Love You Baby”, por exemplo, lançado em 1975, tinha 17 minutos e trazia a artista na maior parte desse tempo simulando um orgasmo. Em outras palavras, isso significava uma mulher vencendo a cultura machista, tornando-se livre pra falar e cantar sobre sexo em uma época em que isso era um tabu absoluto.
Elza Soares
Elza Soares é um fundamento da música popular brasileira, mas para além de seu talento inigualável e de sua voz estrondosa, a artista também coleciona histórias de superação. Dos sete filhos que teve, Elza perdeu quatro. Apesar da dor, nunca desanimou, sempre fazendo valer os versos “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.
Musa absoluta, em 2016 seu trabalho foi assunto no mundo todo após o lançamento de “A Mulher do Fim do Mundo”, eleito pelo jornal The New York Times como um dos melhores álbuns daquele ano. Versando sobre a realidade do brasileiro e enaltecendo o samba, também também lançou luz sobre a violência contra a mulher e o empoderamento.
Elza revisita um passado de agressões vividas enquanto esteve casada com o jogador Garrincha na letra de “Maria de Vila Matilde”. Ensina como mulheres não podem ceder às chantagens e às ameaças de seus parceiros.
Mas sua história, desde sempre, foi marcada por situações tocantes. De origem humilde, na primeira vez em que cantou ao vivo em um programa de rádio, em 1953, chegou a ser humilhada. No palco do “Calouros Em Desfile”, atração apresentada por Ary Barroso, não foi levada a sério. Na ocasião, ela participava visando um prêmio em dinheiro que seria usado para comprar comida para os filhos. Ao ver como se vestia, Barroso chegou a questioná-la em tom de zombaria:
“De que planeta você veio?”
A resposta foi imediata:
“Vim do mesmo planeta que o senhor. Do planeta fome”.
Elza venceu o concurso, quebrando mais um estigma de fragilidade, e anos depois batizou um de seus discos inspirada no episódio. “Planeta Fome” chegou às lojas em setembro de 2019.
Lizzo
No fim de 2019 quando o Grammy Awards anunciou sua lista de indicados para a cerimônia do ano seguinte, um nome se destacou: Lizzo foi a artista com o maior número de nomeações. Foram 8 no total, das quais 3 se mostram bem sucedidas. Por vezes considerada uma das maiores representantes da diva pop contemporânea, a artista chama a atenção tanto por seu talento como compositora e intérprete, quanto pelo empoderamento que sua figura explicita.
Lizzo é uma mulher gorda e negra que fala abertamente sobre questões de auto-estima, mostrando que o estigma dos corpos perfeitos, pautados em um padrão específico de pesos e medidas, precisa com urgência ser quebrado. Suas falas e canções são inspiradoras pois mostram para mulheres de todo o mundo o quanto é possível se sentir bela e dona de si, reconhecendo que existem vários tipos de beleza. Basta dar play em “Truth Hurts” pra receber sua mensagem <3
Rita Lee
A jovem Rita Lee Jones se uniu a Arnaldo Baptista e Sérgio Dias para formar nos anos 1960 Os Mutantes, um dos grupos mais revolucionários da história da música brasileira. Entretanto, a empreitada não deu certo e a musa decidiu seguir carreira solo no ano de 1970. Ao lançar o disco “Build Up”, seu primeiro trabalho de estúdio, ela quebrou os estigmas do machismo que impunham a ela uma barreira capaz de sabotar sua trajetória brilhante, responsável por torná-la uma das maiores artistas que o Brasil viu nascer: àquela altura, mulher não poderia fazer rock n roll.
Destemida, Rita desafiou os preconceitos da época e mostrou que não só cantaria o que bem desejasse, como também abriria portas para outras cantoras que surgiriam anos mais tarde. Em sua autobiografia, lançada em 2016, ela relembrou os desafios que enfrentou:
“Eu era a única menina roqueira no meio de um clube só de bolinhas, cujo mantra era: para fazer rock tem que ter culhão. Eu fui lá com meu útero e meus ovários – e me senti uma igual, gostassem eles ou não”.
Em seis décadas de carreira ela gravou exatos 26 álbuns e vendeu aproximadamente 60 milhões de cópias. O mais legal disso tudo é que entre um disco e outro, sempre havia um recadinho ou uma provocação. Sem se deixar intimidar pela censura imposta pelo regime militar ou pelo conservadorismo, ela tomou as rédeas do próprio prazer e lançou em 1979 o disco “Rita Lee”, também conhecido como “Mania de Você”. Dali em diante várias de suas letras falariam sobre sexo, entre elas “Lança Perfume”, “Doce Vampiro”, “Banho de Espuma” e, mais recentemente, “Amor e Sexo”.
Maysa
Para encerrar, vamos relembrar outra grande diva brasileira da MPB: Maysa! Considerada uma das vozes mais impressionantes de nossa música, a artista teve uma morte precoce em 1977, vítima de um acidente de carro. Seu legado e sua atitude, entretanto, seguem inspirando mulheres de gerações seguintes.
Maysa era uma jovem a frente de seu tempo. Usava cabelos curtos e calças, assim como impunha sua opinião sobre determinados assuntos sem medo de dizer o que pensava. Isso fazia com que não raro houvesse atritos em ambientes que frequentava como sua casa e sua escola. Para muitos que conviveram com ela, o comportamento que tinha era inadequado para uma jovem de família tradicional dos anos 1950.
Após se casar com o empresário André Matarazzo, sua paixão secreta de adolescência e um dos mais importantes homens da cidade de São Paulo naquela época, a jovem foi seduzida por uma antiga vontade de cantar. Tendo que escolher entre a carreira que vinha construindo e as imposições sociais que se via diante, entre elas um comportamento submisso em seu casamento, Maysa optou pelo brilhante caminho de sucesso que vinha trilhando – e, claro, por sua independência.
Anos mais tarde ela se tornaria uma das primeiras artistas brasileiras a fazer carreira internacional, chegando a gravar em francês, espanhol e italiano, além de se apresentar em países como Estados Unidos, México e Japão, obtendo uma fama estrondosa. Os estigmas quebrados por essa lenda foram muitos, mas o de que as mulheres precisam ser dependentes de seus maridos, sem dúvida, foi o maior.
Assim como acontece no mundo da música, também é possível trazer esses questionamentos de estigmas para o nosso universo, especialmente porque ainda há vários estereótipos que precisam ser discutidos. A menstruação, por exemplo, faz com que volta e meia mulheres ouçam frases como “Você tá muito irritada hoje, deve estar menstruada”. Não raro também há quem questione: “Chorando por isso? Só pode estar naqueles dias!”.
Este processo não é motivo para diminuir ninguém e precisamos deixar isso bem claro! A Intimus está com a gente e com você nessa missão. Tanto que acaba de lançar uma campanha incrível batizada como #ChegadeEstigma! O objetivo é estimular o diálogo aberto sobre a menstruação entre todos a fim de questionar os estereótipos. É para apoiar, encorajar, dar suporte e empoderar. Como isso tem será feito? Por meio de ações nas redes sociais, cada uma poderá compartilhar com amigos e familiares informação e conteúdo sobre o ciclo menstrual e conscientizar a sociedade sobre como os estigmas impactam a vida das mulheres. Juntos podemos questionar os estigmas e ser parte da mudança. O conteúdo está disponível no site oficial da marca, onde você encontra mais informações sobre o movimento e pode também ajudar as iniciativas sociais apoiadas pela marca.
Além da hashtag #ChegadeEstigma fazem parte da ação cartazes, GIFs e figurinhas personalizadas. Não fique de fora dessa, hein? Lembre-se: uma sociedade informada é uma sociedade consciente!