Agora você pode adicionar o PapelPop a sua tela inicial Adicione aqui
Ouvimos o disco novo da P!nk, “Hurts 2B Human”; vem ler o que achamos!
Desde que surgiu na virada do milênio, o nome de P!nk foi mencionado inúmeras vezes, quase sempre associado a adjetivos positivos. Hoje, duas décadas depois, a artista segue irreversivelmente cravada na história da pop music.
Mesmo que não tenha alcançado projeções gigantescas que a alçassem a algum posto da realeza do pop, mimo que outras artistas emergentes naquele mesmo período receberam com abundância (Britney Spears e Christina Aguilera que o digam), a cantora soube conduzir sua carreira de forma equilibrada em lançamentos que cá entre nós, nunca desagradaram.
Logo, dá para imaginar que a essa altura, lançando o disco “Hurts 2B Human”, o oitavo da carreira e já disponível nas plataformas a partir desta sexta-feira (25), as dores talvez não sejam lá tão grandes assim.
Para entender o que se passa no presente, seguimos mergulhados em passado. Lá atrás a artista deu muitas pistas, provavelmente sem saber, de algo que seguiria fazendo com propriedade no futuro: mesclar influências, algo que ficou clara de imediato com a divulgação dos primeiros cortes de seu novo trabalho.
Agora com todo o material mãos, pudemos perceber que não somente o som de P!nk veio mais diverso do que nunca, como também há um compromisso em dar segmento à viagem proposta em “Beautiful Trauma”. Nos mesmos trilhos, com a diferença de que agora se mostra mais madura, ela volta para amarrar as pontas com seu último trabalho, trazendo equilíbrio e inteligência temas como amor, perda, maternidade e auto-afirmação.
Logo na faixa de abertura, “Hustle”, sua parceria com Dan Reynolds, riffs de guitarra seguem em uma crescente. Ouvidos mais atentos sacam na hora que ela pretende construir uma narrativa de alerta. Na letra, pede que não a apressem ou mexam com ela.
A mesma onda segue em “(Hey Why) Miss You Sunshine”, uma canção alegre e explosiva que fomenta uma abertura digna de um álbum pop – uma entrega de energia quebrada com “Walk Me Home”, não à toa escolhida como carro-chefe do material. Funcionando como um mediador, é a responsável por converter a sonoridade em algo mais ameno.
Ainda sobre versatilidade, para quem esperava baladas (e por que não composições pessoais) a atenção deve estar em “My Attic” e “90 Days”, composições que já podem ser listadas entre as mais belas do catálogo, encerrando a primeira parte do lançamento.
Dada seu curso sonoro, é possível dividir “Hurts 2B Human” em duas partes. A segunda, aberta com a faixa título, segue pintando em nossas memórias um laço afetivo com a voz de P!nk. Aqui ela surge esteticamente ainda mais bela, já que se encaixa perfeitamente às notas alcançadas pelo parceiro Khalid. Chega a ser contemplativo e trata-se de um resgate sensível às suas raízes sonoras. Ela mergulha de cabeça no R&B.
Embora não esteja muito alerta à tentativa de promover um trabalho conciso, todo este trajeto evidencia de forma igual um perfeccionismo ao costurar uma rica mixagem. Isso aplica à base de “Can We Pretend”, outra conhecida nossa. De volta a uma onda dance, aqui escancarada por batidas bem características do eletrônico, a faixa deixa claro que funcionará muito bem ao vivo em uma futura turnê.
Por outro lado, ao analisar o conjunto da obra, fica a dúvida: talvez isso soasse melhor como um single isolado? Aqui a experimentação sonora não casa muito bem com a proposta e acaba se perdendo, mesmo entre tanta variedade, entre as demais escolhas…
De volta às baladas, a artista entrega “Courage”, “Happy” e “Love Me Anyway”, uma tríade que não poderia pertencer a outro artista. É P!nk clássica, embarcando em uma reflexão sobre o peso de sentimentos como o amor próprio e para com o próximo, a felicidade e a coragem. Uma das partes mais tocantes do disco, que entrega aos fãs um combo de mensagens extraídas do que há de mais íntimo em si.
Sem deixar de lado temas importantes como os laços familiares, aqui presentes em uma menção à morte do pai, e o amor próprio, P!nk também constrói uma aura emotiva para “The Circle Game” e “The Last Song of My Life”.
Como se tomasse seu ouvinte pela mão e dançasse com ele uma tranquila valsa embalada pelo piano, entrega neste fim melancólico que o segredo de “Hurts 2B Human” está no valor sentimental de suas vivências, transmitidas para seus fãs. Na alegria ou na tristeza, permeada por qualquer influência.
Ouça “Hurts 2B Human”: