O show que a cantora Madonna realizou no Rio de Janeiro, em 4 de maio de 2024, entrou para a história. Foram mais de 1,6 milhão de pessoas na Praia de Copacabana, festejando seus 40 anos de carreira no encerramento da turnê “Celebration” — espetáculo que, diga-se de passagem, não fez outras paradas na América do Sul.
Por aqui, o “furacão louro”, como costumava ser chamada pela imprensa nos anos 1990, mostrou que permanece invicta como uma das maiores performers de todos os tempos, dando um baile em quem se atreveu a fazer críticas à sua idade. Ao engatar hit atrás de hit, a “mãe” do formato de show ao vivo que conhecemos e adoramos hoje não só emocionou como também incomodou a tradicionalíssima família brasileira.
A fim de revisitar esse marco da cultura pop, o Papelpop elegeu os dez momentos em que Madonna, puta e satanista para muitos, causou no Brasil. Se reclamar, ela volta ano que vem e faz um estrago ainda maior, hein?
A própria chegada de Madonna ao Brasil foi um acontecimento. Como ocorreu com Beyoncé em Salvador, meses antes, os fãs descobriram a rota feita por seu avião e acompanharam quanto ela sobrevoou, vinda diretamente do México, cidades como Goiânia e Belo Horizonte.
Os fãs, que já tinham se programado antes mesmo do anúncio do show gratuito, lotaram a porta do hotel Copacabana Palace, fazendo com que fosse impossível dormir do lado de dentro se as janelas estivessem abertas. O MDNA bateu forte!
Seria cômico se não fosse trágico? É claro que a movimentação de milhões de pessoas requereu um esquema de segurança daqueles. As ruas ficaram abarrotadas e os moradores dos bairros mais próximos, sobretudo os que não eram fãs da rainha, se sentiram atacados. Viralizou no dia mesmo do show um áudio em que duas moradoras xingam a popstar e dizem que a cidade possui, no momento, “a maior concentração por m² de lésbicas e viados” (sic). Melhor do que comentar é ouvir. Madonna continua sendo a maior figura materna para nós, aquele povo animado!
Ir ao show da Madonna e não se produzir? Impossível. Na semana que antecedeu o espetáculo final da “Celebration Tour”, o Saara, bairro que é considerado um polo de comércio da cidade — para além do título de maior shopping a céu aberto da América Latina — se encheu de lojas que traziam absolutamente todos os tipos de produtos relacionados à rainha. De espartilhos a corselets, bonés, camisetas, chaveiros, leques, copos… As filas para entrar em determinadas lojas chegavam a 2h, com preços que variavam de R$ 8 a R$ 175. Até o maquiador da artista, Aaron Smith Henrikson, deu um pulinho lá!
O show seria apenas no sábado. Numa quinta-feira à noite, quando menos se esperava… as luzes do palco de Madonna se acendeeram. Os bailarinos entraram em cena e, em questão de segundos, armou-se uma correria. O público assistiu a um ensaio geral da apresentação que não contou, a princípio, com a presença da diva. Uma bailarina, usando peruca e o figurino da faixa “Nothing Really Matters”, foi quem conduziu os testes de luz e som.
Mas, na sexta… Madonna apareceu usando um gorro verde que, claro, também virou meme. De longe, ela interagiu com o público e mostrou uma versão inédita de “Music”, que seria interpretada com Pabllo Vittar e Pretinho da Serrinha ao lado de jovens percussionistas (falamos disso mais adiante!). Pra muita gente, vê-la ali foi tão especial quanto o show em si.
Luz, câmera, ação! Em cena, Madonna é a maior do mundo e não se discute. Quem gravou imagens da abertura do show desde a varanda de casa pode perceber isso quando o público, em uníssono, interpretou aos berros a faixa “Nothing Really Matters”. Em certa medida, quase não era possível ouvir a voz da artista. Finalmente, a justiça foi feita para esse hino esquecido da era “Ray of Light”! Seria esse coro uma convocação sat4nica?
Quem conhece a obra de Madonna sabe que o show “Celebration” não é o mais polêmico de sua carreira. Há outros momentos como as turnês “Blond Ambition” (1990), “Girlie Show” (1993) e até mesmo “Confessions” (2006) em que temas como sexualidade e religião caminham de mãos dadas, garantindo, inclusive, excomunhões.
Em 2024, ela cantou “Live To Tell” e fez uma homenagem aos amigos que perdeu para a pandemia de AIDS/HIV desde a década de 1980 (além de evocar nomes brasileiros muito conhecidos e que foram vítimas da doença, como Cazuza, Renato Russo e Betinho. Após emocionar o público com uma performance que pode ser considerada uma das mais potentes da carreira, a popstar resolveu ir além: ela não só lembrou os rostos daqueles que se foram, como também o julgamento posterior às mortes enquanto cantava “Like a Prayer”.
No palco, uma roda que lembrava um purgatório e trazia as almas de cabeça para baixo, aguardando o juízo final por suas ações. Conceito e uma alfinetada naqueles que se julgam acima do bem e do mal. Um prato cheio também para os conservadores.
Você deve se lembrar que a cantora Anitta chegou ao Brasil em cima da hora para participar do baile de voguing, uma vez que tinha compromissos no exterior. Como não tinha participado dos ensaios, Any chegou e foi direto pro palco, mais ou menos já sabendo o que aconteceria. Era dar as notas, ser simpática e voltar pro lugar. Em uma das cenas mais emblemáticas, um grupo de bailarinos se aproximava das juradas (Madonna e sua convidada da noite) e simulava sexo oral em ambas. Quando um dos rapazes se aproximou de Anitta, a anfitriã se adiantou e, discretamente, mandou ela não apenas sentar como abrir as pernas. Sempre no controle!
Um dos momentos mais emblemáticos da turnê “Celebration” diz respeito à transição entre as faixas “Erotica” e “Justify My Love”. É neste momento em que Madonna se dirige a uma cama no lado direito do palco e reencontra uma versão antiga de si. É a Madonna da “Blond Ambition Tour” (1990).
Juntas, e em perfeita sincronia, elas reproduziam a coreografia das faixas “Papa Don’t Preach” e “Like a Virgin” no mesmo espetáculo, encerrando com a polêmica cena de masturbação que quase lhe valeu uma prisão em Toronto (CA), além de boicotes na Itália. Mesmo 34 anos depois, a sequência deu o que falar — uma amostra de que não evoluímos tanto em relação à liberdade sexual e, sobretudo, à ideia de mulheres que conhecem e dominam o próprio corpo. Já sabe: “Poor is the man whose pleasures depend on the permision of another“.
Pabllo Vittar, Pretinho da Serrinha e um conjunto de jovens percussionistas da Escola de Samba Beija-Flor protagonizaram um momento fantástico. Juntos, eles tocaram uma versão especial de “Music”, que entrou na setlist aos 45′ do segundo tempo. Em ritmo de samba, Madonna botou pra quebrar e sensualizou na companhia do maior ícone brasileiro. O público foi à loucura desde os ensaios públicos, quando apareceram juntas pela primeira vez. Depois, ainda rolou um after no Copacabana Palace organizado pelo amigo Luciano Huck e as fotos da festa ficaram ótimas.
Uma vez encerrada a “Celebration Tour”, Madonna demonstrou sua gratidão ao público brasileiro ao sair pela porta da frente do Copacabana Palace. Num momento raro e rápido, ela acenou para os fãs e mandou um beijo, antes de se dirigir ao aeroporto. Quem viu, viu e, certamente, ficou morrendo de saudade. Quem sabe quando ela volta pra balançar as estruturas do Rio, já quente por natureza?
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