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Charli, Beyoncé, Billie, Ariana e mais: os 15 discos internacionais favoritos do Papelpop em 2024
Nem os mais céticos, diferentões e exigentes amantes de música podem se dizer decepcionados com 2024. Muitos dos discos entregues nos últimos 12 meses evidenciaram que, mesmo em uma indústria cada vez mais apressada, focada no capital e crítica, ainda há quem se preocupe com a inovação, a criatividade e o requinte. Teve som de qualidade para todos os gostos, vindo de várias partes do mundo.
Entre os lançamentos internacionais do ano, o Papelpop escolhe, analisa e lista, em ordem decrescente, os 15 melhores para você ouvir, relembrar — ou conhecer — e se deliciar.
Dê play e embarque nessa viagem sonora com a gente!
15. “What a Devastating Turn of Events”, de Rachel Chinouriri
Rachel Chinouriri ainda não é um nome muito conhecido, mas vem desbravando a indústria da música com a responsabilidade de abrir a leg europeia da atual turnê de Sabrina Carpenter, um videoclipe com Florence Pugh e o álbum de estreia “What a Devastating Turn of Events”. Nele, a cantora e compositora britânica se debruça sobre a juventude e suas ansiedades com uma certa nostalgia da década de 1990. Nasce uma nova estrela do pop alternativo? Fiquemos de olhos — e ouvidos — abertos para descobrir.
14. “All Born Screaming”, de St. Vincent
Ao longo de “All Born Screaming”, a cantora, compositora e produtora estadunidense St. Vincent aborda vida, morte e amor em um clima intenso, catártico e, ao mesmo tempo, otimista. Sonoramente, faz experimentos com guitarras, sintetizadores e até mesmo a bateria de Dave Grohl com uma refinada produção assinada por ela mesma. Sortudos somos nós que, em 2025, poderemos vê-la no Popload Festival e na abertura do show de Olivia Rodrigo.
13. “Tyla”, de Tyla
Quando “Water” viralizou com a ajuda de uma trend no TikTok, era difícil prever se Tyla emplacaria um outro hit e levaria a carreira à frente de maneira bem-sucedida ou terminaria como “one-hit wonder”. Com seu autointitulado disco de estreia, no entanto, a cantora e compositora sul-africana revela ter vindo com sangue nos olhos. Seu trabalho é envolvente e cheio de potencial, trazendo o amapiano, gênero criado em sua cidade natal, Joanesburgo, com influências de pop e R&B.
12. “Charm”, de Clairo
Em “Charm”, a cantora, compositora, produtora e multi-instrumentista estadunidense Clairo é, de fato, puro charme. Ela consegue manter sua essência delicada e intimista, cantando baixinho e suavemente, mas fica menos tímida e mais divertida — dá, inclusive, para ouvi-la rir em “Second Nature”. Seu mérito ainda maior aqui é dar toques de soul e folk a seu bedroom pop, evocando uma atmosfera da década de 1970.
11. “Alligator Bites Never Heal”, de Doechii
“Alligator Bites Never Heal” fez os holofotes se virarem para Doechii, a autodeclarada “Princesa do Pântano” devido às suas raízes na Flórida, nos Estados Unidos, e à sua capacidade de “sair da lama” com muita atitude. Na mixtape, que prepara o terreno para um álbum de estreia, a rapper se apresenta afiada ao processar questões do coração e da indústria. Seu flow a coloca não só na disputa pelo Grammy de Artista Revelação, como também na direção do estrelato no hip hop.
10. “Songs of a Lost World”, de The Cure
The Cure retorna triunfante com “Songs of a Lost World”, seu primeiro álbum em um período de 16 anos. O grupo britânico, encabeçado por Robert Smith, cria uma verdadeira jornada através do tempo, do luto e de um mundo já perdido, refletindo sobre o que deu tão errado ao longo das canções. Cada uma delas tem mais de 4 minutos de duração, com a última ultrapassando os 10, mas, graças às camadas líricas e sonoras trabalhadas com a competência já famosa da banda, nenhuma é entediante.
9. “Timeless”, de Kaytranada
“Timeless” é mais uma amostra do som refinado de eletrônico, house e hip hop que só Kaytranada sabe fazer, convocando todo mundo para o centro das pistas mais quentes. Childish Gambino, Tinashe, Don Toliver, Anderson .Paak, PinkPantheress, Thundercat e mais artistas acompanham o DJ e produtor musical haitiano-canadense na empreitada, elevando o nível.
8. “Chromakopia”, de Tyler, The Creator
Tyler, The Creator faz de “Chromakopia” uma espécie de diário. Ao longo das faixas costuradas com conselhos de sua mãe, Bonita Smith, o rapper, compositor, produtor e ícone fashion estadunidense examina a própria identidade como um homem negro na casa dos 30 anos e embarca em uma jornada de autodescoberta. Com um pouco de crise existencial, mas principalmente com coragem e criatividade, reflete sobre filhos, monogamia, fama, beleza e as máscaras que deixa ou não de usar. Ele entrega um de seus melhores — se não o melhor — e mais profundos trabalhos até agora.
7. “Orquídeas”, de Kali Uchis
Em “Orquídeas”, obra intitulada em homenagem à flor nacional da Colômbia e da fertilidade, Kali Uchis volta a mostrar a força de suas raízes latinas e seu canto em espanhol. Enquanto passeia por bolero, merengue, dembow, pop, R&B e mais ritmos, a artista colombiana-americana — e mamãe de um menino com Don Toliver — surge como uma divindade feminina que encontrou um equilíbrio entre a vulnerabilidade e a ousadia para florescer.
6. “GNX”, de Kendrick Lamar
Após vencer Drake em uma troca de diss tracks, incluindo a estrondosa “Not Like Us”, para discutir seu sucesso comercial e sua relevância cultural dentro do hip hop, Kendrick Lamar dá sua volta olímpica com “GNX”. No disco, lançado de surpresa, o rapper escancara seu poder lírico enquanto homenageia a Costa Oeste dos Estados Unidos, principalmente a periferia da Califórnia, de onde ele veio. A maioria de seus colaboradores também vem de lá, exceto SZA — que chega de um pouco mais longe para somar em duas canções com sua voz irresistível e sair em turnê ao seu lado em 2025.
5. “Short n’ Sweet”, de Sabrina Carpenter
Em “Short n’ Sweet”, Sabrina Carpenter vai na contramão da melancolia confessional de muitas de suas colegas — e faz disso o seu trunfo. Enquanto narra fins e começos de romances, com triângulos amorosos no meio, a cantora, compositora e atriz estadunidense não se leva tão a sério, se permite ser divertida e arde de tesão. Ela pauta a decepção e o desejo com um atrevimento e um bom humor que refresca a música pop.
A mini loirinha faz jogo de palavras, insinuações e confissões quase sempre cômicas ou sarcásticas, como se estivesse com um sorrisinho no rosto e dando uma piscadela ao escrever e cantar as músicas. Não à toa, o compilado foi o que realmente ajudou a lançá-la ao estrelato, a emplacar hits e a ter uma turnê de ingressos esgotados, apesar de já ser o sexto de sua carreira. Uma ascensão, podemos acrescentar, muitíssimo merecida.
4. “Eternal Sunshine”, de Ariana Grande
Logo em “Intro (End of the World)”, Ariana Grande faz o questionamento que guia todo o álbum “Eternal Sunshine”: “Como posso saber se estou no relacionamento certo?”. A cantora, compositora e atriz estadunidense se entrega às incertezas, desilusões e reflexões advindas do divórcio de Dalton Gomez em cada faixa, passando pelos estágios do luto até entender que o fim de um romance não é o “fim do mundo” e chegar a um novo começo.
Ela é não só honesta, mas também competente durante o processo. Seus vocais estão cristalinos, com a pronúncia bem articulada — o que, possivelmente, é um benefício de seu trabalho no musical “Wicked”. Suas referências também estão no ponto: o filme “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” inspira o título e o tema do disco, além do clipe de “We Can’t Be Friends (Wait For Your Love)”; “Vogue”, clássico de Madonna, tem interpolações em “Yes, And?”; e o universo de “Batman” é explorado no vídeo de “The Boy Is Mine”, que, além disso, homenageia Brandy & Monica. Sua ausência na lista de indicados ao Grammy? Injusta.
3. “Hit Me Hard and Soft”, de Billie Eilish
O que Billie Eilish faz em “Hit Me Hard and Soft” é não se desprender e, ao mesmo tempo, experimentar novas camadas de sua essência, responsável por transformá-la em um fenômeno mundial. A obra pode não parecer muito inovadora à primeira e mais desatenta escuta, já que ela volta a ter a parceria do irmão, o cantor, compositor e produtor Finneas, investiga o que se passa em sua vida e canta baixinho. Não se engane.
Há um grande diferencial, que é a forma madura, segura e (ainda mais) pessoal com que ela trabalha isso. A artista estadunidense consegue explorar sua sonoridade com batidas eletrônicas, o alcance de seus vocais para além do sussurro e a si mesma, tratando de sexualidade, relacionamentos fracassados e pressão estética, entre outros temas. A palavra que mais se aplica aqui e resume tudo é autenticidade.
2. “Cowboy Carter”, de Beyoncé
É difícil imaginar que, a esta altura, Beyoncé ainda tenha algo a provar na indústria musical. Quando não se sentiu “bem-vinda” em uma premiação de música country, no entanto, a popstar estadunidense notou mais uma barreira que precisava derrubar e dedicou cinco anos de sua longeva carreira a um estudo sobre o gênero. O resultado disso é “Cowboy Carter”, um projeto que peita a branquitude que acredita dominar o ritmo e ressalta a preocupação da artista em não só fazer música de qualidade, como também construir um legado de excelência negra.
A Queen B resgata raízes e reverencia quem veio antes, como Linda Martell, Dolly Parton e até mesmo os Beatles nas faixas “Spaghettii”, “Jolene” e “Blackbiird”, respectivamente, sem se esquecer de sua própria essência. Ela relembra sua trajetória, brinca com a voz, traz suas referências pop, usa o funk e convoca as gerações mais novas, incluindo Miley Cyrus, Post Malone e Shaboozey, para estar ao seu lado. Mais que um álbum country, “Cowboy Carter” é uma dissertação. É um movimento. É um “álbum de Beyoncé” — e isso diz muito.
1. “BRAT”, de Charli XCX
Engana-se quem pensa que Charli XCX teve uma ascensão meteórica, pois sua carreira, na verdade, vem sendo construída há mais de uma década. O que “BRAT” fez em 2024 foi dá-la o devido reconhecimento — e não poderia ter sido diferente. O disco mostra a cantora e compositora britânica em seu auge criativo após todos os anos de experiência, abordando desde suas maiores inseguranças às suas noites mais quentes nas pistas enquanto explora o hyperpop.
Ela faz tudo nos próprios termos e com uma pose inabalável de It Girl, ou seja, capaz de ditar tendências. E ditou mesmo, inspirando memes com a cor verde neon da capa de seu trabalho, moda com seus looks dignos de boates e até mesmo campanhas políticas, como a de Kamala Harris à presidência dos Estados Unidos, com o significado renovado de “brat”. A eleita palavra do ano pelo dicionário Collins agora se refere a “alguém caracterizado por uma atitude confiante, independente e hedonista”.
A artista expande a genialidade do projeto com sua versão remix, “Brat and it’s completely different but also still brat”, em que não só revisita, como também transforma cada faixa ao lado de Ariana Grande, Billie Eilish, Caroline Polachek, Troye Sivan e outros grandes nomes. Talvez o melhor exemplo, entre tantos bons que poderiam ser citados aqui, seja “Girl, So Confusing Featuring Lorde”, em que ela convoca a colega para resolver seus desentendimentos. Arte, Charli prova, é brat.