A banda carioca AQUINO mistura nostalgias e futurismo em “Nada Fica Muito Tempo Exposto ao Sol”, seu segundo álbum de estúdio que já disponível. Encarando as mudanças inerentes à vida sob uma perspectiva otimista, o trio inaugura uma fase mais madura e lúcida em sua carreira com um projeto composto por 11 faixas que apostam na combinação de diferentes ritmos e influências, ao mesmo tempo em que flerta cada vez mais com a cultura pop.
Composta por João Soto, João Vazquez e Leandro Bessa, AQUINO estreou o primeiro e elogiado álbum de estúdio “Os Prédios Cinzas e Brancos da Av. Maracanã” (2021), que já acumula mais de 2 milhões de streams no Spotify, em meio às limitações sociais e criativas impostas pelo isolamento. Enquanto refletiam sobre temas como melancolia e solidão, sob a lente de aumento da pandemia, o grupo já apostava na mistura de ritmos como uma de suas principais características e ponto de partida para “Nada Fica Muito Tempo Exposto ao Sol” dar seus primeiros passos um ano depois.
“O impacto da pandemia foi tão difícil que esquecemos de olhar pra trás hoje em dia. Quando lançamos o primeiro disco, estávamos na faixa dos 20/21 anos, trancados em casa, querendo viver e dizer muita coisa. Saímos do isolamento com essa garra de viver as oportunidades, curtir os shows, se apaixonar por coisas novas e foi nesse momento, também, que começamos nossa relação com a Rockambole, quando entramos no sub-selo Bolo de Rolo, em 2022. A chance de lidar com outras esferas do processo artístico, saber montar um bom show, entender partes técnicas, ter contato com outros artistas abriu muito a nossa cabeça”, explica João Vazquez.
“Nada Fica Muito Tempo Exposto ao Sol” ganhou vida no home studio de Leandro Bessa ao longo de dois meses, enquanto os integrantes reuniam composições criadas coletiva e individualmente e arranjavam as primeiras demos. Com o retorno dos shows ao vivo, AQUINO deixou a primeira versão do disco na geladeira enquanto voltava a tocar e a ocupar palcos antes inimagináveis, como o do Circo Voador (RJ), Cine Joia e Casa Rockambole (SP) e do festival Hacktown (MG). A conexão construída com seu público após um período intenso de imersão em toda sua criatividade foi fundamental para a banda maturar toda a concepção sonora e artística de seu segundo projeto.
Enquanto absorviam aprendizados, AQUINO contou com o trabalho de Sidney Sohn Jr. – produtor musical indicado duas vezes ao Grammy Latino, conhecido por seus trabalhos ao lado de nomes como Pepeu Gomes, Zeca Pagodinho e Milton Nascimento – para construir um processo de arranjos mais individualizado, adicionando e revendo ideias. O resultado é um disco que explora livremente paisagens sonoras, passeando por referências como Clube da Esquina, C. Tangana, Talking Heads e Gilberto Gil, à medida que busca ocupar o pop não só enquanto gênero, mas também como expressão cultural do que é popular.
Sobre a criação do disco, Leandro Bessa comenta: “Uma coisa que gostamos muito do processo desse disco, que foi diferente do primeiro, é que tivemos a chance de deixar o trabalho vivo enquanto estava nas nossas mãos, sem medo de tirar ou adicionar novos elementos, explorar estilos, temas, montagens. Não ter medo de errar, só construir e acreditar nesse mundo que estávamos criando, que na verdade é um grande compilado de tudo que a gente ama”.
Para a ambientação de “Nada Fica Muito Tempo Exposto ao Sol”, a banda apostou em um conceito estético construído em cima de um cenário que simula a luz solar de forma sensorial e sintética, formando uma paisagem artificial e quase futurista. Alternando entre três momentos – o dia, o lusco-fusco e a noite – AQUINO usa o sol de 12 pontas como o símbolo que melhor traduz o novo momento do trio, que representa o poder de criação, de festa, de potência, mas, também, de saudade, como o emblema de uma paisagem que só existe na memória.
“Durante o processo de composição do disco o sol aparecia como um marcador de intensidade em algumas músicas novas. Na verdade, acho que nem pensamos nisso antes de compor, mas essas coincidências foram se acumulando enquanto finalizávamos as letras e íamos estruturando o trabalho. Uma inspiração visual que tivemos foi uma instalação no Tate Modern chamada ‘Weather Project’ de um sol artificial gigantesco e as sensações esquisitas de estar na presença de uma cópia de um fenômeno natural. É um sol que irradia, mas não aquece mais, como se nas músicas fosse retratado uma versão antiga do mesmo, que podia se sentir na pele”, finaliza João Soto.
AQUINO é um trio composto por Leandro Bessa, João Vazquez e João Soto. Fundada em 2020, a banda lançou seu primeiro álbum, “Os Prédios Cinzas e Brancos da Av. Maracanã”, durante a pandemia em 2021. Incapazes de realizar apresentações ao vivo, concentraram seus esforços no lançamento de músicas em plataformas digitais e na promoção de eventos online, como festivais e transmissões ao vivo. No ano seguinte, com o retorno dos espetáculos, realizaram seus primeiros shows em palcos significativos do sudeste, como o Centro da Música Carioca e Circo Voador (RJ), Cine Jóia e Casa Rockambole (SP), e participaram de festivais como o Hacktown (MG).
No mesmo ano, o conjunto deu início a uma série de apresentações em colaboração com o vocalista Humberto Effe (Picassos Falsos), reinterpretando a obra de Sérgio Sampaio, compositor que exerceu grande influência na vida dos quatro artistas. Ainda em 2022, lançaram o segundo trabalho de estúdio, o EP autointitulado “Aquino e a Orquestra Invisível”. Com uma atmosfera mais pop e dançante, as novas canções transformaram a forma de apresentação da banda, injetando energia nos espetáculos. Paralelamente, o trio começou a explorar cada vez mais sonoridades eletrônicas, adentrando um universo ainda desconhecido.
Em 2024, AQUINO embarca no lançamento de seu segundo álbum de estúdio, “Nada Fica Muito Tempo Exposto ao Sol”, projeto que inaugura uma fase mais madura e consciente na carreira da banda e que aposta na combinação de diferentes ritmos e influências, ao mesmo tempo em que flerta cada vez mais com a cultura pop.
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