Alerta de gatilho: este texto cita abusos sexuais, psicológicos, mentais, tráfico humano, tráfico sexual, tráfico de drogas, estupro e mais crimes.
O mundinho pop não dorme (nem ninguém no TikTok!) e um dos principais assuntos das últimas semanas foi a prisão do rapper e empresário Sean Combs, conhecido como P. Diddy.
Ele é acusado de cometer os crimes de tráfico sexual, associação ilícita e promoção da prostituição, conforme um relatório divulgado pela Promotoria da Cidade de Nova York.
Em depoimento no tribunal, Combs afirmou que é inocente, mas o juiz responsável entendeu que sua liberdade poderia significar um risco para as investigações e, portanto, negou a possibilidade de pagamento de fiança. Nesta terça (24), rola uma nova audiência sobre o caso, mas sem previsão de data para o julgamento.
O fato é que a situação deu um sacode em gigantes do showbiz como o rapper Jay-Z, que acabou vendo seu nome ficar na boca do povo no fim de semana. Sobrou até para esposa, Beyoncé, além de nomes como Rihanna e Justin Bieber, que teriam conhecimento dos abusos ocorridos nos bastidores orquestrados por Diddy.
Nicki Minaj e Eminem, também, deram seus dois cruzeiros de opinião sobre o caso… Em suma, tem muita gente passando mal!
Para te ajudar a entender o que aconteceu e os desdobramentos dessa tour, o Papelpop preparou um mini-dossiê do caso. Leia a seguir.
Aqui um P.S., antes de você continuar: Jay Z e P. Diddy são melhores amigos. Essa informação juntará as peças na sua cabeça mais para frente.
Ao ver o escândalo repercutindo por redes sociais como Bluesky e Twitter (isto é, no caso você ser um afortunado que vive fora do Brasil), muita gente se perguntou quem era o referido artista.
Sean Combs, como foi batizado P. Diddy, nasceu no bairro do Harlem, em Nova York, em 1969, e começou sua carreira como estagiário da Uptown Records, onde mais tarde assumiria o posto de diretor.
Hoje, além de vencedor do Grammy, ele é um magnata da indústria e um dos maiores mentores da transformação ocorrida no hip hop ao longo das últimas três décadas.
Além de ter trabalhado com The Notorious B.I.G, ele também assinou contratos e colaborou com gente do calibre de Mariah Carey, Mary J. Blige, Usher, Lil’ Kim e TLC, além do Boyz II Men. Seu dinheiro, que forma hoje uma fortuna estratosférica, acabou prosperando a partir de investimentos no setor alcoólico e na organização de eventos.
Resumindo: ele é rico, poderoso, manda e desmanda, tem influência, tem a “gratidão” de muita gente que ele “criou”.
O escândalo veio à tona após uma avalanche de denúncias contra o rapper, embasadas por, entre outras provas, um vídeo feito por câmeras de segurança de um hotel, em 2016, em que Combs havia se hospedado com a então namorada, Cassandra Ventura.
No registro, ele a persegue pelo corredor e depois, no quarto, a agride fisicamente. Tempos depois, ela o denunciou, acusando-o de submetê-la a mais de uma década de coerção física, além de drogá-la e estuprá-la. Os crimes relatados teriam ocorrido um pouco mais adiante, em 2018.
O processo acabou sendo encerrado por um acordo entre as partes, feito fora dos tribunais, mas aí já era tarde. Uma série de denúncias surgiu em seguida, incluindo a de uma jovem que alega ter sido estuprada em grupo por Diddy e outros homens quando tinha apenas 17 anos.
A acusação diz que Combs “transportou ilegalmente, abusou, ameaçou, extorquiu e coagiu mulheres e outras pessoas de seu entorno a satisfazer seus desejos sexuais, além de proteger sua reputação ocultando as ações”. A principal arma, claro, era seu império musical.
Em comunicado à imprensa, o promotor Damian Williams afirma que esse sistema de violência levou diversas mulheres a manter longas relações sexuais com garotos de programa sob efeitos de droga como ecstasy GHB, famosa por ser “a droga dos estupradores”, além de cetamina. Os abusos eram filmados pelo artista, que tinha comportamentos violentos com as vítimas.
O jornal The New York Times também fala em “maratonas sexuais”. Um relato feito pela cantora Cassie, que chegou a participar desses eventos promovidos por Combs, diz que ele levava garotas para hotéis de luxo onde as obrigava a derramar óleo de bebê nos próprios corpos, em quantidade excessiva, e que as mesmas deveriam “tocar em garotos de programa contratados enquanto ele filmava e se masturbava”. Os eventos podiam durar dias.
“O governo, ao alegar que Combs dirigia uma empresa criminosa de crime organizado, procurou enfatizar que os chamados ‘freak-offs’ eram eventos coordenados por uma equipe de facilitadores que trabalhavam para ele”, prossegue a reportagem.
A defesa rebate a Procuradoria norte-americana e diz que as acusações são “injustas”. “Esteja onde estiver, ele [P. Diddy] tem a mesma determinação. Acredita ser inocente”, afirmou o advogado Marc Agnifilo, diante do tribunal federal de Manhattan, onde também denunciou condições de prisão “desumanas”.
***
O vazamento do caso levantou a poeira sobre uma série de teorias da conspiração que já circulavam por aí, mas sem grande respaldo. Primeiro, usuários do Twitter resgataram falas do também rapper Kanye West.
West e Diddy, a título de curiosidade, chegaram a gravar uma música juntos na companhia de Ty Dolla $ign. “Guard Down”, disponível no streaming.
Durante uma participação sua no podcast Drink Champs, gravado em outubro de 2022, Ye afirmou, sem papas na língua, que sabia de celebridades capazes de fazer de um todo para evitar pararem na cadeia.
O cantor deu a entender que “Puff Diddy” (seu antigo nome) fechava acordos com autoridades para se manter fora da cadeia em troca de extorquir determinadas pessoas ao redor.
“A razão pela qual você precisa falar é porque você fez um acordo, seu informante fudido! É por isso que você precisa vir contra mim, porque parte do acordo para você conseguir fazer tudo isso e sair da prisão é que você prometeu que ia me atacar”, disparou Ye.
À ocasião, ele também se referiu a Diddy como “agente federal”, o que levantou suspeitas sobre seu conhecimento prévio quanto aos comportamentos do artista. Assim que o assunto veio à tona, o episódio em questão foi deletado.
Lá fora, o Twitter continua funcionando e Nicki Minaj também decidiu botar a boca no trombone. Ela acusou o rapper Jay-Z, bem como outras figuras da indústria musical, de não terem sido transparentes quanto a um acordo envolvendo a venda da plataforma de streaming TIDAL. Lembra dela? Em 2021, o empreendimento foi parar nas mãos de Jack Dorsey, veja só, cofundador do Twitter.
Em troca de silêncio sobre seu descontentamento, Minaj receberia R$ 5,5 milhões (US$ 1 milhão), o que foi prontamente negado, respeitando cláusulas contratuais. Uma vez que era coproprietária do negócio, ela não achava justo ter sido mantida de fora das transações. O TIDAL, vale destacar, pertence a Jay-Z e a outros 15 coproprietários, entre os quais, Beyoncé, Kanye West, Rihanna e a própria rapper.
As falas da voz de “Superbass” não pararam por aí. Nicki também hablou sobre como figurões do hip hop não só estariam envolvidos em esquemas duvidosos como, igualmente, teriam fechado seus olhos para o que acontecia nos bastidores do entorno de P. Diddy.
Sem apresentar evidências concretas, Minaj afirmou estar sendo perseguida na imprensa a mando de Jay-Z, dando a entender que a avalanche de matérias envolvendo seu nome teria como intuito abafar o envolvimento do rapper com o “melhor amigo” detido. Sim, ele mesmo, P. Diddy.
Para cantora, a ideia era evitar que as pessoas o questionassem sobre as acusações que recaem contra ele. Minaj lembrou ainda sobre como o assunto pode render, uma vez que parte do público não se recorda ou ainda não sabe sobre os abusos sofridos por colegas mulheres da indústria como Aaliyah [morta em uma queda de avião, em 2001, que pessoas ligam à Jay Z, sem provas concretas] e Kim Porter [ex-mulher de P.Diddy, também já falecida, em 2018, em casa vítima de uma pneumonia].
“Eles precisam manter a conversa ao meu respeito para que ninguém pergunte a respeito das acusações em torno de seu melhor amigo. Quer dizer, parece que a fofoca de 30 anos aqui está longe de ser obsoleta. Padrões, ainda estão aí. Todos falando da Onika? Por que eles estão falando de mim?”, disparou Nicki. Vish!
Lembra do recado do começo? Então. Se Jay-Z estava próximo dessa rede, as teorias da conspiração não parariam por aí. Uma delas diz respeito à misteriosa descoberta de Rihanna — assunto que volta e meia levanta alguma controvérsia. Circula na internet há anos a informação de que RiRi, ainda adolescente, teria ido ao encontro de um produtor musical em Barbados.
No dia seguinte, após cantar para ele em um hotel local, a jovem embarcou sozinha rumo aos Estados Unidos, onde encontrou Shawn Carter, o Jay-Z. Ela repetiu a cantoria e no mesmo dia, às 3h da manhã, foi assinado um contrato para o lançamento de seu primeiro LP. O pai da artista só chegaria ao país 24h mais tarde, quando o documento já tinha sido registrado.
Uma vez que Jay-Z era muito próximo do cantor R. Kelly, também preso por crimes sexuais envolvendo menores, a tese de que Rihanna pudesse ter sido inicialmente traficada também foi levantada.
Até a capa do disco “ANTi” (2016), trabalho mais recente da cantora, entrou na dança, já que o clique representaria uma noiva bebê noiva ensanguentada — um possível indício de traumas passados.
Beyoncé, sendo casada com Shawn há quase 20 anos e tendo três filhos com ele, poderia, supostamente, ter conhecimento do que acontecia nestes bastidores obscuros.
Não se tem NADA [repetimos, N-A-D-A!] de concreto sobre Jay Z saber ou não saber dos crimes cometidos pelo amigo Diddy. Também NÃO se sabe se Queen B sabia ou não. É tudo especulação, teorias e pensamentos a mil.
Um fato que se pode cravar é: desde que o mundinho pop eclodiu com o DiddyGate, Bey perde seguidores diariamente no Instagram.
Pelo TikTok, a cantora Kesha, que enfrentou uma batalha de quase dez anos por acusações de abuso sexual e psicológico contra o produtor Dr. Luke, também se pronunciou.
Em 2009, ela lançou o seu maior hit, “TikTok”. A faixa fazia referência a P. Diddy em um dos versos, dizendo: “Wake up in the mornin’ feeling like P. Diddy” (“Acordei de manhã tipo, me sentindo o P. Diddy”).
Agora, conforme foi possível ver em um vídeo publicado em seu perfil na rede social, a letra foi adaptada. “Wake up in the morning like ‘Fuck P. Diddy‘” (“Acordei de manhã tipo ‘Foda-se, P. Diddy'”).
Ainda não está claro se a artista fará a substituição nas plataformas de streaming, posteriormente. Faria sentido…
Bem… Justin Bieber é outro nome que entrou no baile por ter tido uma relação estreita com o rapper até pouco tempo atrás. Com a prisão de Sean ‘Diddy’ Combs, diversos vídeos e fotografias de interações entre os dois ressurgiram.
Bieber, é importante destacar, foi descoberto por Usher, que era bastante próximo de Diddy em seus anos iniciais. Foi Diddy quem “criou” a carreira musical de Usher. Em uma dessas imagens, Bieber, então com 15 anos, posa ao lado de Diddy enquanto ele diz:
“Ele está passando 48h comigo, estamos saindo e o que estamos fazendo não se pode divulgar. Mas, é definitivamente o sonho de qualquer garoto de 15 anos. Eu tive a guarda dele. Ele está sob contrato com Usher, e eu tinha a guarda legal do Usher também quando ele fez o primeiro disco”.
Uma vez que menores de idade estão envolvidos nas denúncias contra o artista, a integridade de Bieber àquela altura se tornou, novamente, objeto de questionamentos.
Conforme fontes do jornal Daily Mail, o popstar estaria profundamente abalado pelas notícias recentes e teria “se fechado, pois não quer processar ou discutir o assunto”. Ambos colaboraram, há menos de um ano, na faixa “Moments”, uma das que compõem o derradeiro LP de P. Diddy.
Há quem diga também que o videoclipe de “Yummy” (2021) teria sido concebido com a intenção de denunciar supostos abusos — que, por sua vez, poderiam ter ligação as conhecidas “Festas do Branco”, dadas por Diddy.
Isso é PURA especulação. Assista ao vídeo:
No último dia 12 de julho, o cantor Eminem, um dos maiores nomes do rap internacional, lançou um novo disco intitulado “The Death of Slim Shady”. Conforme a própria Variety afirmou em seu texto sobre o projeto, o artista “ataca Diddy repetidas vezes” ao longo do percurso.
O embate se torna ainda mais frontal quando chega ao stream uma edição especial, disponível desde meados deste mês de setembro, em que ele resgata acusações feitas em 2018 nas faixas “Fuel” e “Killshot”. Nelas, Eminem atribui a Sean “Diddy” Combs participação nos assassinatos de Tupac Shakur e o já mencionado Notorious B.I.G.
“A morte de Notorious B.I.G. foi o efeito dominó do assassinato de Tupac / Como se fosse um lenço de papel, de quem devo limpar o cartão a seguir? Puff?”, ele rima em “Fuel (Shady Edition)”.
“Até que ele [P. Diddy] esteja algemado, condenado, ele vai se apresentar / Como se nunca tivesse se entregado? Quem sabe todos os assassinatos que ocorreram [em seu nome] / Estou me envolvendo, prepare-se, não vou escolher nenhuma das minhas palavras com cuidado.”
Ambos os homicídios, que ocorreram em 1996 e 1997 em tiroteios, respectivamente, foram investigados e encerrados. Os condenados pelas respectivas mortes ainda cumprem pena.
No entanto, em julho deste ano, a família de Tupac Shakur, conforme fontes ouvidas pelo site TMZ, afirmaram planejar reabrir as investigações e sondavam novos advogados.
A alegação, feita pelo cantor Keefe D, dava conta de que Diddy teria oferecido dinheiro a ele e à sua equipe para que acabasse com Tupac, um dos maiores nomes do hip hop norte-americano nos anos 1990. Keefe D, que já morreu, deixou uma transcrição de uma antiga entrevista inédita, concedida em 2009, em que menciona a oferta de US$ 1 milhão pelo crime.
Sua denúncia nunca foi considera legítima pelos investigadores. Agora, a família de Tupac busca novamente Justiça. A ideia é reunir provas para indiciar P. Diddy pelo crime de homicídio culposo.
Por enquanto, P. Diddy segue preso e as teorias pipocando mundo afora… Nenhum dos citados quis comentar o caso. Em qual linha você acredita?
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