Foram poucas as cantoras pop surgidas na década de 1990 que não se renderam, em algum momento da carreira, a uma estética “blond ambition”, isto é, ao desejo de descolorir o cabelo.
A italiana Laura Pausini é um delas, ainda que não por vontade própria.
“Eu queria muito. Tentei cinco vezes, mas quando sentia que tava quase chegando no tom ideal… Me dava conta de que não seria loira de verdade. Meu cabelo é muito escuro e a cor final acabava sendo horrível, um negócio alaranjado. Não ficava legal, então decidi aceitar e manter como você vê”, conta ela, em entrevista ao Papelpop.
No clipe da faixa “Ciao”, faixa lançada nesta sexta-feira (27) como carro-chefe de uma reedição do disco “Anime Parallele”(2023), indicado ao Grammy Latino 2024 na categoria Melhor Álbum Vocal de Pop Tradicional, ela consegue este feito. Entre referências surrealistas, a artista usa uma peruca para refletir, através do visual, uma série de transformações internas.
“Foi muito divertido porque gostei de como meu rosto se iluminou”, conta, rindo. Além de ‘tingir’ as madeixas, os figurinos escolhidos, entre os quais se destacam vestidos com asas, também refletem um estado de leveza. “Quis simbolizar, acima de qualquer coisa, o espírito de mudança que norteia essa música”, explica.
“Sempre tentei garantir que os meus videoclipes refletissem, através de detalhes, aquilo que estou cantando. Fiquei pensando que muita gente, quando se separa de alguém que foi extremamente importante, decide cortar ou simplesmente mudar o cabelo. Há um desejo de assumir uma nova personalidade. Sinto que consegui transpor isso para as telas”, prossegue.
“Ciao” é uma composição de Sam Smith, em parceria com o produtor Fraser T. Smith. Após ter sido enviada a Laura originalmente em inglês, a letra acabou sendo adaptada ao italiano e ao espanhol pela popstar e o marido, o também músico Paolo Carta.
Diferente do português, em que a expressão “tchau” é tida como sinônimo de ‘adeus’, no idioma materno da artista há uma dualidade que permite à mesma ser utilizada tanto nos encontros quanto nas despedidas.
É a partir desta perspectiva que Laura diz enxergar as múltiplas possibilidades de um recomeço. “Nesta última década, todo mundo ficou tão apressado. Quando reconhecemos que uma relação não vai bem, ou que não coincidimos em alguma coisa, substituímos o outro com um rapidez injusta”, afirma.
A ideia, ainda segundo a cantora, não é necessariamente focar no amor romântico. Bastante aberta, a composição nasceu a partir de um incidente envolvendo uma amiga. Agora, pode ser interpretada a partir dos vieses profissional e familiar — algo que também ecoa o alcance e a polifonia de sua obra.
“Esta faixa é um convite a pensar sobre as despedidas que podem ser amigáveis, tendo consciência de que aquilo foi importante num outro momento e que daqui em diante também nos respeitamos”.
Esse sentimento de emancipação está presente em toda a obra da artista, uma vez que se consagrou logo no disco de estreia, autointitulado, lançado há 30 anos. O maior sucesso dessa safra é a balada “La Solitudine”, em que faz um expurgo potente das dores do primeiro amor.
Na sequência, foram inúmeras as ocasiões em que Pausini se permitiu assumir postos de grande vulnerabilidade, um movimento que exige coragem. Por isso é que, para ela, poder se comportar sem filtros é o maior ato de liberdade a ser conquistado.
“Quero estar despida das palavras, não é legal ter que se adaptar a um e outro. Ser o que se é, como eu sempre fui, ajuda a ser livre e a dormir bem à noite, sem pensar que ao colocar a cabeça no travesseiro vou ficar pensando se me comportei de um jeito falso. Acho que aí está o ápice da minha autonomia, é algo que reverbera na minha música. Me sinto livre para cantar ou de compor tudo o que quero”, comenta, ponderando seu compromisso com a arte.
“‘Nemica’ e ‘All’amore Nostro’ são canções que tinha saído em uma edição especial em vinil deluxe do disco ‘Anime Parallele’, lançado há um ano. Ou seja, só os meus maiores fãs tinham conseguido ouvi-las. ‘Nemica’ é uma composição que dedico a mim mesma, porque, digamos, são muitos os momentos em que me vi inimiga de mim mesma. Penso sempre no período da pandemia, mas não só nesta época. Há momentos em que me sinto insegura. Coloco obstáculos para as minhas próprias escolhas. Então, esta música compus para que a cada vez que a cantasse pudesse lembrar a mim mesma daquilo que não devo ser”.
“Esta música foi composta por um cantor jovem italiano que é uma delícia. Aiello compõe de um jeito bem clássico, como se faz no Sul da Itália, mas sem deixar de abraçar a contemporaneidade dessa nova geração. Em espanhol há uma expressão que diz ‘tener un duende’, e ela simboliza bem o caráter único dessa faixa. Ela brilha em sensibilidade. Tratamos de enriquecê-la com inúmeros arranjos, queríamos que a melodia fosse claríssima. É uma coisa super passional, quase sexual em alguns momentos”.
“Esta, sim, é novíssima. Ninguém nunca a havia escutado, ainda que já estivesse pronta há cerca de três anos. É uma canção que compôs uma cantautora itlaiana que se chama Levante, aconselho a todos que busquem saber sobre seu trabalho. Ela também tem um estilo muito próprio de escrever e é, igualmente, do Sul da Itália. Quando você ouve o que ela compõe consegue perceber muito claramente suas marcas. A história desta letra começa no dia em que ela viu uma publicação minha no Instagram, dando feliz aniversário à minha irmã Silvia. Em uma brincadeira, eu dizia a ela que mesmo que estivesse crescendo, porque já tem mais de 40 anos, sempre seria minha pequena, minha boneca [risos]. Então, naquela noite, Levante escreveu esta canção e eu a cantei, assim que ela me enviou, e dei de presente à minha irmã. Mas, já que o que estou vivendo agora é algo muito particular… Bem, eu achava que a turnê tinha encerrado o ciclo de “Anime Parallele” em abril, com os últimos shows que fiz nos Estados Unidos. Mas a gira funcionou tão bem — e aproveito para agradecer ao Brasil — que acabamos adicionando mais faixas. Ao mesmo tempo, veio a notícia de que o disco estava indicado ao Grammy Latino. Em seguida, Sam Smith me manda uma música inédita, que é ‘Ciao’. No fundo, parecia que tudo era uma mensagem com o intuito de dizer que esta fase não tinha sido concluída. Quis saudar este projeto com muito amor e a escolha dessas canções acabou sendo muito importante, sinto como se estivessem fazendo uma grande festa. Uma festa de liberdade”.
O disco “Anime Parallele/Almas Paralelas” está disponível em todos os tocadores de música nas versões em italiano e espanhol. Ouça agora mesmo clicando aqui.
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