“Central do Brasil” e mais: veja nove produções brasileiras que já foram indicadas ao Oscar

O Brasil tem uma longa trajetória no cinema nacional, que vai muito além do hit absoluto de “Central do Brasil” (1998).

Em 2025, há grandes chances de o país entrar no páreo por uma nova estatueta na categoria Melhor Filme Internacional, uma vez que um dos pré-selecionados é o elogiado “Ainda Estou Aqui“.

Nós já falamos algumas vezes e te contamos tudo o que você precisa saber sobre a obra, que é a mais recente empreitada de Walter Salles protagonizada por Fernanda Torres e Selton Mello.

Agora, o momento é de torcida pelo longa, que se passar pelas próximas etapas da seleção e obter a quantidade necessária de votos, pode, finalmente, lavar a alma de todos nós ante as injustiças da Academia.

O aguardado lançamento do filme nos cinemas brasileiros acontece em 7 de novembro deste ano, menos de um mês depois de sua primeira exibição no país pela 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

O longa-metragem, vale lembrar, é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, em que ele conta a história da própria mãe, Eunice Paiva, desde sua atuação em defesa dos direitos humanos à sua luta pessoal contra o mal de Alzheimer.

Mas… já parou pra pensar quais outros filmes conseguiram chegar lá e disputar uma estatueta? Embora nunca tenhamos, de fato, vencido o troféu, nosso impacto mundial é, sim, digno de menção.

Por isso, o Papelpop listou algumas produções imperdíveis que ajudaram o cinema brasileiro a fazer história. Vem com a gente!

Ary Barroso, “Rio de Janeiro”, 1945

A primeira indicação do Brasil ao Oscar aconteceu em 1945, quando o maestro mineiro Ary Barroso brigou pela estatueta de Melhor Canção Original. “Rio de Janeiro” integrava a trilha sonora do filme “Brazil”, uma tentativa dos Estados Unidos de se aproximar da América Latina e que originou, entre outras coisas, a criação do personagem Zé Carioca pelos estúdios Disney.

A interpretação da faixa à ocasião foi do mexicano Tito Guizár, num movimento bem parecido com o que aconteceu em 2005, quando o uruguaio Jorge Drexler foi impedido de se apresentar na cerimônia por não ser “famoso o suficiente”. Bem… os tempos mudaram e a indicação de Barroso foi só o começo de um movimento, abrindo portas e mostrando que, sim, era possível.

“O Pagador de Promessas”, 1962

Onde ver? Globoplay

Dirigido por Anselmo Duarte, “O Pagador de Promessas” fez uma aparição entre os concorrentes do ano de 1963 na categoria de Melhor Filme Internacional (àquela altura chamada de Melhor Filme Estrangeiro).

No enredo, conhecemos Zé do Burro, personagem de Leonardo Villar que enfrenta o mau tempo e o preconceito religioso para pagar uma promessa feita em virtude da saúde de seu animal: carregar uma cruz de madeira por lugares inóspitos. O projeto até não venceu, mas levou a Palma de Ouro em Cannes. Um marco!

O Beijo da Mulher-Aranha, 1985

Onde ver? Globoplay

Neste clássico américo-brasileiro de Hector Babenco, concorrente em 1986, somos apresentados à dura rotina de dois homens em situação carcerária. Diante de seu estado, eles precisam aprender a conviver e a se respeitar. Um deles, gay, distrai seu companheiro de cela, um preso político que sofre de amor, contando histórias.

O longa, que tem Sonia Braga no elenco, deu a William Hurt o troféu de Melhor Ator, além de render outras 3 indicações: Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado. Um clássico!

“O Que é Isso, Companheiro?”, 1996

Onde ver? Globoplay

Um ano antes de o Brasil concorrer ao Oscar com “Central do Brasil”, Pedro Cardoso, Fernanda Torres e Selton Mello fizeram história com o longa “O Que É Isso, Companheiro?“. Em plena ditadura militar (1964-1988), os amigos Fernando e César decidem ingressar na luta armada. É fim dos anos 1960, período de maior repressão.

Neste contexto difícil, eles decidem fazer parte de um grupo guerrilheiro de esquerda e, em uma das ações, César acaba se ferindo e capturado. Como moeda de troca, Fernando planeja sequestrar o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, a fim de negociar sua liberdade. Eletrizante, a obra narra o episódio baseada na história de Fernando Gabeira, retrada em livro homônimo — ainda que com as devidas licenças poéticas.

“Central do Brasil”, 1998

Onde ver? Netflix

A lista tinha que ter ELE! Neste que é um dos filmes brasileiros mais celebrados de todos os tempos, o espectador é apresentado a uma ex-professora chamada Dora.

Amargurada, ela ganha a vida escrevendo cartas para pessoas analfabetas, que lhe ditam mensagens para a família. Sem enviar suas cartas, ela embolsa o dinheiro e volta para casa — um padrão que acontece até o dia em que conhece Josué (Vinícius de Oliveira), filho de 9 anos de uma de suas clientes.

Após perder a mãe em um acidente de ônibus, ela se junta ao pequeno em uma viagem pelo interior do Nordeste em busca de seu pai, que nunca conheceu. Essa jornada, emocionante, marcará para sempre a vida de ambos.

Central do Brasil” deu a Fernanda Montenegro uma indicação memorável na categoria de Melhor Atriz, troféu que acabou parando nas mãos de Gwyneth Paltrow. A obra também concorreu, claro, a Melhor Filme Internacional.

“Cidade de Deus”, 2002

Onde ver? Netflix

Muito antes de rolar uma série na Max, “Cidade de Deus” chegou aos cinemas pelas mãos de Fernando Meirelles. Na trama, Buscapé é um jovem pobre, negro e sensível que desperta todos os dias em um universo de extrema violência. Ele, que mora na Cidade de Deus, uma das favelas mais famosas do Rio de Janeiro, vê seu destino ser salvo graças à possibilidade de se tornar fotógrafo.

É assim que o rapaz passa a registrar o dia a dia na favela, mostrando que além da violência, aparentemente infinita, existe um mar de possibilidades. Segundo a crítica especializada, este é um dos longas mais importantes do cinema brasileiro, tendo recebido indicações ao Oscar nas categorias Melhor Diretor, Melhor Fotografia, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição.

“O Menino e o Mundo”, 2013

Onde ver? Globoplay 

Temos nesta lista também uma animação! Em 2015, o Oscar convocou à disputa por uma estatueta a produção brasileira “O Menino e o Mundo“. Neste enredo delicado, somos apresentados à história de uma criança que vive com os pais no campo.

Sem trabalho, o pai decide ir à cidade grande, dando início a uma grande tristeza. Ao decidir ir ao seu encontro, o protagonista faz as malas e encontra uma sociedade atravessada por situações de pobreza, exploração e falta de perspectivas. Lindo e profundamente emocionante!

“Democracia em Vertigem”, 2019

Onde ver? Netflix

Documentário de Petra Costa, “Democracia em Vertigem” mostra o processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e a crise política no Brasil desta época adiante.

O projeto, que foi lançado em junho de 2019 pela Netflix, vai mostrando em meio à narração pessoal da diretora, uma sucessão de eventos que enlaçam a política brasileira à sua própria trajetória — sempre, claro, com o foco na democracia, ameaçada pela chegada da extrema direita ao poder.

O projeto concorreu ao Oscar, em 2020, na categoria Melhor Documentário de Longa Metragem.

“Dois Papas”, 2019

Onde ver? Netflix

Também é de Fernando Meirelles o projeto “Dois Papas“, indicado a . Por meio da ficção, o público tem a chance de desvendar um dos maiores mistérios dos últimos 600 anos na história do Vaticano: a renúncia do Papa Bento XVI e a chegada de um argentino ao poder, Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco.

No elenco principal estão duas lendas, Anthony Hopkins e Jonathan Pryce, que conferem aos dois pontífices camadas e camadas de complexidade ao repassarem temas como dogmas, vida e fé — tudo isso em meio a uma instituição milenar em crise.

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