No início de agosto, a escritora argentina Ariana Harwicz divulgou em seu perfil no Instagram uma notícia importante: está em andamento uma adaptação cinematográfica de seu livro “Morra, Amor”.
Os atores escolhidos para estrelar a obra são a dupla Robert Pattinson e Jennifer Lawrence, sob produção de ninguém menos que Martin Scorsese.
“Finalmente! Depois de anos de espera, ‘Morra, Amor’ será filmado no Canadá este mês, sob a direção de Lynne Ramsay, produção de Martin Scorsese (o grande primeiro leitor). Tudo soa escuro maravilhoso. Sylvia Plath, depressão erótica e humor muito negro”, escreveu, em tom de brincadeira.
Este é seu livro de estreia e conta como em uma região esquecida no interior da França uma mulher luta contra vários demônios ao mesmo tempo.
Na obra, a autora foca na exclusão ao mesmo tempo em que deseja, profundamente, pertencer. A protagonista, conforme a sinopse, sonha com a liberdade.
“Almeja a liberdade, sente-se aprisionada; que anseia pela vida familiar, quer botar fogo na casa. Casada e mãe de um bebê, ela se sente cada vez mais sufocada e reprimida, apesar de o marido aceitar seu estranho comportamento. A condição feminina, a banalidade do amor, os terrores do desejo, a maternidade e a brutalidade inexplicável “de levar seu coração com o outro para sempre” – esse romance aborda todas essas questões com uma intensidade crua e até mesmo selvagem.”
Pelos temas, é nítido que um livro assim receberia comparações com outros nomes da literatura internacional. Cabem mencionar, além de Sylvia Plath, a brasileira Clarice Lispector e a francesa Nathalie Sarraute, que se jogaram em escritas radicais marcadas por violências, erotismos e ironias.
Foi assim que “Morra, Amor” conquistou a crítica nos Estados Unidos e recebeu uma indicação ao Man Booker Prize, importante prêmio nacional.
Uma vez que a obra faz parte de uma tríade literária (a qual a autora define como “involuntária e da paixão”), cabe pensar que talvez, a depender do sucesso do filme, outras adaptações vem por aí.
O livro número 2 de Ariana Harwicz, “A Débil Mental”, chegou ao mercado editorial brasileiro em 2020, contando mais um drama entre mãe e filha que se espionam, entre o amor e o ódio.
Novamente presas em um vilarejo afastado, elas cultivam um círculo de afeto e destruição mútua, uma história de amor entre abraços e facadas que só poderá ser desfeita a partir da chegada de um amante da filha. Aqui, a escritora trata de expor a loucura de conviver com ambas entre pulsões reprimidas e perturbadoras, exponentes de uma beleza sem igual.
Em seguida, o livro número 3 é “Precoce”, uma narrativa marcada pela angústia e o horror da loucura. Novamente, os protagonistas se veem em um ambiente rural.
No limite, mãe e filho caçam no lixo e vagam sendo perseguidos por assistentes sociais e policiais de modo que a genitora, obstinada em não perder a guarda da criança, faz de tudo para manter-se lúcida. Com estruturas familiares distorcidas é que o pequeno se transforma em um homem — avanço temporal que a faz questionar a maternidade. Pulsões carnais, incestos e amores desequilibrados pela violência é que aqui dão o tom.
“Mas agora me beija e nos desfazemos, não mãe e filho, dois clandestinos que se cruzam numa parada, dois aturdidos no alto de um refúgio, dois punks que atravessam a Europa comendo do lixo público, na França, na Alemanha, na Itália, os lixos cheios, sanduíches mordidos”.
Por enquanto, a adaptação de “Morra, Amor” ainda não tem data para chegar aos cinemas, mas… ficam aí três dicas de leitura para quem deseja ver novos dramas e diferentes circos pegando fogo.
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