Uma cantora francesa entrou no radar dos brasileiros desde o fim de junho. A jovem artista Yseult, de 29 anos, é uma das três vozes de “Alibi”, faixa que tem ainda a britânico-iraniana Sevdaliza e a brasileira Pabllo Vittar.
O trio empreende uma campanha rumo ao 1º lugar da playlist Top 50 Global, que compila através de reproduções no Spotify as faixas mais tocadas no mundo todo. Há dias, a faixa está estacionada na 12º colocação.
Na letra, cantada em quatro idiomas, ela é uma peça-chave para fazer chegar, através de seus vocais agudos, a mensagem sobre os perigos do amor.
Um símbolo do eletro pop para sua geração, Yseult Onguenet, nascida em 18 de agosto de 1994 na cidade de Paris, descobriu desde muito cedo uma verdadeira paixão pela música completa neste ano dez anos de carreira.
O primeiro single, “La Vague”, chegou tímido após uma participação no reality show “Nouvelle Star”, versão francesa do brasileiro “Ídolos”, exibido aqui pela RecordTV.
Durante a competição, que se tornou um marco em sua própria trajetória, uma vez que se inscreveu em diversos projetos do gênero sem sucesso, a artista se empenhou em apresentar clássicos do pop contemporâneo.
Além de cantar hits de Stromae (“Papaoutai”) Lana Del Rey (“Summertime Sadness”), Katy Perry (“Roar”) e Tina Turner (“Proud Mary”), ela também passeou pela chanson française de Jacques Brel com o clássico “Ne Me Quitte Pas”.
O som místico de Florence + the Machine rendeu uma das apresentações mais lembradas de sua estadia no programa, que não lhe consagrou vencedora. Por lá, tocou “You’ve Got The Love”.
O amor pela música foi uma herança dos pais, imigrantes camaroneses. “O meu pai ouvia muito música africana e soul, e minha mãe adorava canções pop francesas. Minhas inspirações foram [o cantor belga] Jacques Brel, [as cantoras francesas] Barbara e Édith Piaf”, contou, em 2021, à revista Vogue.
Sem ter desistido de seus sonhos, Yseult haveria de iniciar logo após sua eliminação as gravações de um primeiro disco. Influenciada por nomes como as bandas Daughter e Metronomy, firmou contrato com a gravadora Polidor e o produtor Patrick Devin, dando a conhecer seu LP autointitulado, o qual também apresenta o hit dançante “Bye Bye Bye”.
Com as portas abertas, mais ou menos nesta mesma época, Yseult foi ganhando mais respeito por seus pares. Participou de dois projetos fundamentais para o fortalecimento de seu nome: além de dividir os vocais com a diva Maurane na faixa “A part être”, um dos últimos trabalhos da diva em vida da artista, a jovem artista foi convidada para cantar o clássico “It’s A Man’s World”, de James Brown. A gravação integrou a trilha sonora de sua cinebiografia, produzida por Mick Jagger.
Desde então, a artista decidiu se dedicar à criação de uma obra pautada por singles. Regravações como “Heart of Glass”, do grupo Blondie, foram entremeadas por um fracasso comercial que a fez dar espaço a trabalhos autorais, entre os quais se inclui o EP “Noir” (2019).
O projeto garantiu à sua discografia uma maior profundidade ao refletir sobre sua cor (vem daí o título), bem como o lugar que ocupa o próprio corpo em uma sociedade altamente baseada em regras estéticas.
A partir daí, Yseult passou a questionar o status quo vigente. O single “Corps”, uma balada que potencializa seus vocais, é um excelente exemplo deste movimento. “Eu queria uma composição que falasse sobre perdão e serenidade. Um perdão em relação à adolescente que eu era no passado e que não tinha a maturidade que tenho hoje”, explicou, à ocasião da estreia, à rádio NRJ.
“Visto que durante anos eu não me aceitava muito bem, impus muitas coisas ao meu corpo. E hoje, na verdade, consegui me levantar para poder aceitar tudo o que eu represento e aceitar que sou diferente. Minha diferença é minha força”, contou.
No clipe, ela expõe o próprio corpo com orgulho e, finalmente, consagra sua autoaceitação. “Amo escrever canções sobre minha pele, corpo, família e vulnerabilidade”, disse Yseult, também à Vogue. “Não posso escrever sobre o que não vivi.”
Recentemente, ela fez um desabafo nas redes sociais a respeito dos comentários gordofóbicos que vinha ouvindo sobre sua forma física, uma vez que “Alibi” viralizava.
“Por que estou recebendo tanto ódio quando, na real, não mereço? Vocês tiram um tempo para postar comentários ofensivos sobre meu corpo no Twitter, o que é chamado de body shaming e cyberbullying. Tenho tolerância zero com isso”, afirmou em seu perfil no X/Twitter.
“E vocês sabem o que eu mais odeio? Ver comentários negativos vindos da minha própria comunidade ou de grupos de mulheres, isso me adoece. Pessoal, o que há de errado com vocês? De verdade, vão se foder”, prosseguiu, sem medo. Ela deletou a postagem, dias depois.
Com o reconhecimento do grande público, não demoraria para que as marcas notassem seu potencial. À frente da publicidade, a artista se tornou embaixadora da L’Oreal Paris, uma das maiores empresas de cosméticos do planeta.
Depois, foi apenas um passo para trabalhar com o designer de moda francês Olivier Rousteing, no desfile da grife Balmain em sua coleção para o verão de 2021. Outro colaborador de Yseult foi Casey Cadwallader, que exerce a mesma função na maison Mugler. Um tapa na cara de todos os seus haters!
A pegada sensual que hoje observamos em “Alibi” chegou com força a partir de “Brut”, seu EP seguinte, lançado em 2020. A obra traz como carro-chefe “Indéléble” e “Néon Rouge”, canções lentas e que absorvem uma atmosfera etérea, antecessora aos flertes mais intensos de Yseult com o eletrônico.
Desta safra, cabe destacar ainda o single “Bad Boy” e sua estreia mais recente, “BITCH YOU COULD NEVER”, faixa em inglês que tem como lado B a potente “Suicide”. Uma breve incursão pelo inglês que reforça sua versatilidade.
Foram elas os abre-alas para este momento que parece ser o cruzamento de um portal para o sucesso. Se souber conduzir seus passos daqui em diante, Yseult tem tudo para se tornar uma das maiores popstars francesas. Enquanto mais novidades não chegam, a dica é explorar o repertório da estrela. Bora de play!
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