Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a atriz Luana Piovani afirmou ter sempre sido a favor do aborto, bem como achar inadmissível que homens queiram decidir “coisas tão intrínsecas e tão importantes como gerar e parir um filho”. À ocasião, ela havia sido questionada sobre o PL Antiaborto por Estupro.
“Confesso que há uns 20 anos eu não estava pensando em aborto. Mas pensei na hora que comecei a entender as pautas, as brigas, as lutas, o lugar onde a mulher servia dentro da sociedade. E eu já passei por um aborto espontâneo, então sei como é. A mulher só está escolhendo qual é o menor sofrimento, porque de qualquer maneira o que ela vai passar é bastante traumático”, disse.
Vivendo em Portugal desde 2019, ela fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e disse não ser partidária do atual mandatário, Lula da Silva, apontando um cenário de radicalismo. “Teria [votado em Lula], mas fiquei puta com a situação. É como se no Brasil só existissem os dois. E a gente tinha várias opções. O brasileiro é de foder. A esquerda é orgulhosa, e a direita tem ambição demais. (…) Eu não sou Lula, mas é que Bolsonaro não conta. É desumano. Acho que ele não poderia nem se candidatar. Uma pessoa que brinca com a vida das pessoas. Como é que ele finge que está morrendo na televisão? Isso está até hoje atravessado em mim.”
Ainda sobre política, Piovani comentou a onda de extrema-direita que chegou ao país em que reside, potencializada pelo partido Chega. “Não afeta minha vida diretamente, porque sou completamente privilegiada. Mas afeta a vida de irmãos meus. Se o mundo está querendo impedir dois homens de casar e ter filhos, eu estou infeliz, porque tenho amigos assim, posso ter sobrinhos e netos assim. Eu luto pelo todo”, afirmou.
Sobre questões econômicas, a atriz, que se prepara para estrear seu stand-up musical, afirmou que não se mudou para buscar uma vida de classe A. “Eu vim buscar uma vida mais comum, porque a vida de classe A no Brasil me incomodava. Vim porque quero que meus filhos usem transporte público, não motorista particular”, explicou.
Piovani também disse desprezar a ideia de que os filhos vivam como ricos porque teve uma criação absolutamente comum e, portanto, tem noção de sua importância na formação de adultos conscientes.
“Abomino isso porque tive uma criação absolutamente comum e sei quão importante é. Eu vi muita gente sucumbindo ao sucesso. Não são esses os meus valores. Eu não acho que a gente veio para essa rápida passagem pelo planeta para adquirir tênis e exibir carro. Viemos para permear encontros, criar elos, conquistar memórias e fazer algo pelo todo. É isso que dá sentido para a vida”.
“Cantos da Lua”, seu novo espetáculo, estreia em outubro. Por enquanto, não há planos concretos para uma temporada no Brasil “Eu que escrevi. São histórias da minha vida que eu costuro com algumas canções. Eu quero que seja um espetáculo meio off-Broadway, alternativo. Para que as pessoas ouçam falar, se interessem, queiram ir e já tenha acabado a temporada. É uma coisa bem requintada e privê. Quero fazer apenas para plateias de 80, no máximo cem pessoas por espetáculo. Em todo lugar que se vai, você consegue cem brasileiros, então está tudo certo”.
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