Quem assistiu ao último show da “The Celebration Tour“, no Rio, percebeu que, além de trazer grandes clássicos para o repertório, a rainha Madonna também revisitou canções que, até então, haviam permanecido guardadas a sete chaves.
É o caso de “Bad Girl”, nunca antes interpretada em um espetáculo do gênero, mas também de faixas “lado B”, como “Up Down Suite”. O remix foi comandado na introdução de “Vogue” pela filha caçula da artista, Estere.
Já o single “Nothing Really Matters“, número de abertura do show que somou mais de 1,6 milhão de pessoas nas areias de Copacabana, viu suas reproduções dispararem e chegou ao top 30 do Spotify Brasil nas semanas subsequentes.
Com um repertório tão amplo e popular, ainda há músicas que, por razões diversas, ficaram pelo caminho. Neste texto, você redescobre 15 momentos da discografia que merecem uma segunda chance e, talvez, revelem também um lado diferente.
A Madonna indie pode estar mais próxima do que você imagina. Vem com a gente!
Quase todas as faixas do disco de estreia de Madonna receberam uma boa divulgação. Os tempos eram outros… Mas a “Physical Attraction” restou apenas um espaço no lado B do single “Burning Up”.
Embora mais sutil do que o caminhão carregado de tensão sexual que atropelou milhões durante a era “Erotica” (1992), dez anos mais tarde, a faixa já mostrava a ousadia característica da artista ao abordar um tema tão simples e ao mesmo tempo tão complexo.
Embora tenha aparecido algumas vezes no repertório de turnês como “Virgin” (1985), “Who’s That Girl” (1987) e “Rebel Heart” (2015-16), “Dress You Up” acabou recebendo menos atenção do que deveria, de modo a transformar-se em uma faixa que, com frequência, só os muito fãs a mantém no radar.
Destoando da ausência de brilho atribuída a músicas como “Shoo-Bee-Doo”, “Pretender” e “Stay”, eclipsadas pelo justificado buzz em torno de hits como “Like a Virgin” e “Material Girl”, o refrão que entrelaça moda e paixão está longe de ser um patinho feio, ao contrário: resguarda todo um frescor.
Mais uma da safra “Like a Virgin” (1984), “Angel” é a fotografia perfeita de um momento em que as letras de Madonna ainda não tinham lá tanta profundidade. Entretanto, ela chama a atenção por uma curiosa mistura de força romântica e vulnerabilidade.
Lançada como single cerca de seis meses após a estreia do disco, a faixa surge como um convite para conhecer toda a ousadia e as possibilidades que Madonna, ansiosa por maturidade, tinha o desejo de explorar. A gargalhada inserida na introdução soa como algo desafiador.
Além de tocar guitarra em “Like a Prayer” e “Act of Contriction” (que, caso você não saiba, aproveita a mesma base ao contrário — a fic perfeita de “pacto com o *”), Prince também colaborou com Madonna em “Love Song”.
Com o charme ajustado na medida certa, os dois interpretam uma canção que poderia servir como trilha sonora para um romance da literatura francesa. A necessidade de transparência e a aceitação de que talvez as coisas não estejam tão bem assim tornam o registro, cheio de ternura, quase místico, onde drama e indagações se misturam.
Embora “Erotica” seja um disco sombrio e, por que não, triste, há momentos em que a ordem geral é desopilar. Sucesso entre as clubbers inimigas do fim, “Thief of Hearts” ainda toca em inferninhos e traz Madonna assumindo um eu-lírico acusador. Como se olhasse a si mesma no espelho, ela aponta o dedo para essa algoz que rouba e estraçalha corações.
Prima-irmã de “Bye Bye, Baby” no quesito ironia, a faixa se desenrola ao som das batidas características da produção de Shep Pettibone, que com os anos, a despeito de poucos narizes que ainda se torcem, adquiriu o status de clássico underground.
Relançada recentemente como lado B de “Fever”, “Waiting” apresenta uma letra que, diante da iminência do fim, afoga sua intérprete em incertezas. Ao longo de todo o seu percurso, Madonna faz reflexões e questionamentos.
“Aprendi por experiência própria que se você tiver que perguntar por algo mais de uma ou duas vezes, bem, isso não é pra você“, diz ela logo na introdução. Mais adiante, a artista, que se divide entre sussurros e um refrão tradicional, pede uma justificativa. “O que aconteceu? O que eu desperto na sua mente? Seu passado, seus sonhos, ou uma parte que você não pode amar? Gostaria de acreditar em você, ou pelo menos ter a coragem de te deixar“, prossegue. Uma das canções mais elegantes e vulneráveis da artista.
Imersa no R&B, esta é uma parceria com Dave Hall. Melancólica e sedutora, a canção é um registro que abre caminho para uma fase mais introspectiva da carreira de Madonna que, um ano depois, se jogaria de vez nas baladas com o lançamento da coletânea “Something To Remember”. Reconhecendo uma espécie de tristeza crônica, a cantora diz que a solidão nunca foi, de fato, uma estranha para si e constrói um relato carregado de honestidade, cantando a dificuldade de amar quando não se conhece outra realidade.
Cinco anos após “Like a Prayer” (1989), Madonna voltou a traçar paralelos entre o profano e o sagrado. Ainda que muitos insistam em dizer que o disco “Bedtime Stories” foi uma tentativa sua de limpar a própria imagem após os escândalos sucessivos engatados nos anos anteriores, ela simplesmente tomou uma direção que lhe parecia mais agradável, disposta a dialogar com os próprios sentimentos. Ao percorrer os mistérios do amor e encarar seu lado mais obscuro, ela canta em “Sanctuary” prestando reverência a uma paixão recém-descoberta. Sublime, como tinha de ser.
Lançada originalmente pelo músico Marvin Gaye nos anos 1970, “I Want You” foi regravada por Madonna e o grupo britânico de trip-hop Massive Attack, a fim de integrar o projeto comemorativo “Inner City Blues: The Music of Marvin Gaye” (1995).
Era para ter sido o primeiro single da coletânea “Something To Remember”, lançada naquele mesmo ano, mas questões burocráticas com a gravadora Motown, detentora dos direitos de Gaye, acabaram barrando a decisão e provocando um reboliço nos planos da rainha.
O resultado, entretanto, é uma faixa que reflete bem a sonoridade da época e o desejo da artista em seguir entregue aos sentimentos, que aqui são quase tangíveis.
“Te conheço de algum lugar?”. A surpresa contida na seguinte pergunta é o que norteia a canção “Skin”, uma das mais experimentais do repertório da rainha. Com camadas múltiplas de produção, a faixa faz parte do disco “Ray of Light” (1998), responsável por inaugurar sua união com o britânico William Orbit.
Trazendo uma mescla curiosa de elementos eletrônicos e instrumentos como a gaita de fole, ela vai fundo, ao longo de 6 minutos e 20 segundos, em uma paixão quase lisérgica. Até aqui, Madonna nunca tinha sido tão intensa e existencialista. Sua única preocupação era fazer uma nova conexão.
Foi inspirada pela sonoridade do grupo Brazil 66, criado por Sérgio Mendes nos Estados Unidos cerca de três décadas antes, que Madonna compôs “To Have And Not To Hold”.
Na letra, acompanhada por uma batida que emula a bossa nova e até mesmo sons como o do berimbau, a cantora reflete sobre uma paixão em que a única perspectiva é a incapacidade de correspondência. Com centena de entraves, o romance se perde em uma destruição iminente. A queda é inevitável e sua constatação se reflete nos vocais da artista, nada menos que angelicais.
Um dos maiores desperdícios do disco “Music”, “Runaway Lover” é mais um experimento de Madonna e William Orbit, que juntos saltam de cabeça em uma mistura de rave, trance e house. O protagonista da composição é um homem que só pensa em partir corações e fugir, sem qualquer reputação a zelar. A única apresentação ao vivo da faixa aconteceu durante o show de lançamento do álbum, na lendária casa de shows Brixton Academy, em Londres.
A Madonna-mãe e existencialista, que já tinha se mostrado mais literal em canções como “Little Star” e “X-Static Process” (que, você deve se lembrar, chegou a ser citada por Caetano Veloso na canção “Diferentemente” (2009)), volta a dar as caras. Envolta pelo cansaço geral do que está ao redor, ela compôs “Easy Ride”, um registro que mescla violinos e beats eletrônicos a fim de honrar seu caminho. Além de expor seu orgulho pela própria trajetória, marcada por altos e baixos, ela finca seus pés no chão. Fala sobre conciliar o desejo de estar com os filhos na tranquilidade e, ao mesmo tempo, ter garantido o seu direito de estar em constante movimento.
Situações de assédio orquestradas por grupos de paparazzi e a imprensa marrom já tinham sido tema de outros projetos audiovisuais de Madonna. Em 1998, por exemplo, ela gerou incômodo no Reino Unido ao estrear o clipe de “Drowned World/Substitute For Love” — o mesmo narrava a perseguição às celebridades um ano após a morte da Princesa Diana. Em 2015, a sua vez, Madonna buscou se comunicar de uma maneira mais franca e direta, digamos. Em “Joan of Arc”, como o próprio título indica, ela evoca a mártir francesa para expor como se sentia em relação às críticas, ao machismo e à falta de privacidade — uma excelente analogia que prova, mais uma vez, que os problemas continuam os mesmos, passe o tempo que passar.
Com três discos no currículo, Madonna e o produtor Mirways Ahmadzai resolveram experimentar um novo flerte com as pistas. Em “I Don’t Search I Find”, mais um capítulo da jornada de “Madame X” que acabou vencendo um Grammy norte-americano, a artista parece ter encontrado o ápice do amor. Como se vivesse em uma jornada frenética que a aproxima de “Ray of Light”, a artista canta com a confiança de que o novo sempre está por vir — ainda que o essencial já esteja em suas mãos.
Emily não deve se despedir de Paris e Gabriel tão facilmente. De acordo com a…
Get in, loser, for the joyride! Kesha finalmente encontrou o pendrive e lançou o videoclipe…
Variety divulgou, nesta quinta-feira (25), sua já tradicional e esperada lista de apostas aos indicados ao Oscar…
Variety divulgou, nesta quinta-feira (25), sua já tradicional e esperada lista de apostas aos indicados…
Billie Eilish é a Artista do Ano -- pelo menos para a Apple Music. A…
A segunda temporada de “Com Carinho, Kitty”, spin-off da trilogia “Para Todos os Garotos que…
Leave a Comment