Ariel Donato não tinha como fugir do mundo artístico —e nem queria. Nasceu de músicos de igreja em São João de Meriti e não demorou para aprender a tocar instrumentos, decidiu estudar música na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e virar professor, até que se encantou com produção.
“A vida dentro do estúdio me chamou”, relembra o cantor, compositor, produtor, diretor e instrumentista de 28 anos na primeira entrevista de sua carreira, concedida ao Papelpop poucas semanas atrás. “Na hora que bati o olho, eu pensei: ‘é isso que eu quero para a minha vida’”.
Hoje, ele se dedica à vida artística e se posiciona como um dos expoentes da cena urbana no Brasil. Já tem parcerias com artistas como Ludmilla, Marina Sena, MC Cabelinho, TZ da Coronel e Maria Maud. Tem grandes inspirações, incluindo Pharrell Williams, e planos maiores ainda.
“Enquanto produtor, estou ali para servir à arte. Quando eu me sento no estúdio e começo uma música do zero é como se eu tivesse uma tela em branco. E sempre vou querer pintar o melhor quadro da minha vida”, reflete Ariel.
Nesta sexta-feira (10), ele estreou “Desce na Onda Pra Mim”, faixa com Marvvila e MC Maneirinho. Ela vem na esteira da música com MC Cabelinho e Marina Sena. Ambas estarão no disco de estreia do cantor.
Ele anda imerso nos preparativos de seu primeiro álbum de estúdio, que promete chegar ainda neste semestre, ser world music e ter não só a já lançada colaboração com Marina e Cabelinho, mas também um texto de abertura narrado “lindamente” pela atriz Cláudia Abreu.
O artista faz todo o trabalho por paixão, é claro, mas confessa: “Uma coisa que eu aprendi com a minha terapeuta é que não existe não ter expectativa sobre as coisas. E as minhas expectativas com esse projeto são altas”.
Você confere o bate-papo completo abaixo!
Papelpop – Ariel, me conta um pouco da sua trajetória até aqui! Lembra o que despertou o seu amor pela arte ou o que te levou à licenciatura em música na UNIRIO e a desenvolver a carreira artística?
Ariel Donato – Eu nasci em um contexto muito musical. Meus pais eram músicos de igreja. Então, aprendi a tocar instrumentos muito novo. E o interesse por viver de arte veio através do meu irmão. Ele que me incentivou a acreditar nesse sonho, porque viu que talvez eu teria bons frutos na carreira — e agradeço muito a ele por isso. Eu entrei na faculdade querendo ser professor, tinha me encontrado nessa área de ensinar. Fui regente do Coro infanto-juvenil na Escola Francisco Alves, que funciona até hoje. Amo isso. Mas a vida dentro do estúdio me chamou.
Eu lembro de voltar um dia para casa, triste com algumas situações, e encontrar um amigo no metrô. Ele me chamou para acompanhá-lo a um lugar e, quando cheguei, era um estúdio. Foi uma das primeiras vezes que entrei em um estúdio na minha vida. Assim que entrei, tinha um cara produzindo um beat no teclado, e achei aquilo genial. Na hora que bati o olho, eu pensei: “é isso que eu quero para a minha vida”. E com o tempo fui percebendo que tinha aptidão para produzir, acabou sendo um processo muito orgânico. Já a faculdade foi perdendo um pouco de sentido para mim, porque é muito teórica e eu já estava mergulhando em trabalhos práticos, produzindo artistas e fazendo trilhas sonoras para filmes. Esse chamamento da produção foi mais forte. Até que, depois de conversar com meus empresários, aceitei o desafio de me posicionar como artista.
PP – Nessa jornada, quais cantores, compositores, produtores, diretores e/ou instrumentistas, como você, são as suas maiores influências?
AD – Como foram muitas referências que passaram na minha vida, eu prefiro me ater aos que são hoje. Tenho alguns nomes que norteiam o lugar que aspiro: Pharrell Williams e Tyler, The Creator. São artistas com os quais eu me identifico musicalmente e que me inspiram a sempre pensar fora da caixa, sempre ver o que todo mundo está fazendo e tentar fazer uma coisa nova. Mas também fui muito influenciado por nomes nacionais como Liminha, Lincoln Olivetti e Dj Memê.
PP – Você já trabalhou com artistas como Ludmilla, TZ da Coronel, MC Cabelinho e Maria Maud nos últimos anos. Como essas experiências impactam o primeiro álbum que você está construindo?
AD – Eu acho que toda a minha trajetória, desde quando trabalhava gravando como músico de estúdio, me levaram ao caminho que estou trilhando. Óbvio que trabalhar com esses artistas me deu uma grande visibilidade e espaço. Mas todos os artistas com quem já trabalhei, desde o mais independente até o que tem maior stream, me levaram para um lugar de aprendizado, de entender que cada artista é único, que cada som é único. E entender, sobretudo, que, enquanto produtor, estou ali para servir à arte. Quando eu me sento no estúdio e começo uma música do zero é como se eu tivesse uma tela em branco. E sempre vou querer pintar o melhor quadro da minha vida.
PP – Por falar nisso, em que ponto está o disco atualmente? Já tem data definida, capa feita, músicas gravadas?
AD – A gente está fazendo dois discos separados, mas que se complementam. A primeira parte do disco já está quase finalizada. Conseguimos unir grandes nomes da nossa música no prazo certo. Então, o primeiro volume deve ficar para o primeiro semestre desse ano.
PP – Você abre os caminhos para o álbum com “Labirinto”, parceria com Marina Sena e Cabelinho. Como surgiu a ideia de juntar esses dois expoentes da música brasileira?
AD – A ideia surgiu de uma intuição minha, rs. Eu já conhecia os dois, tenho uma amizade com os dois, e sempre achei que eles tem uma estética parecida. Marina já tinha comentado comigo que ela era muito fã do Cabelinho e eu fiz a ponte. Marina é o tipo de artista que é o sonho de qualquer produtor — ela é muito antenada e muito versátil em tudo o que faz. E esse encontro dos dois foi muito potente. Nasceram duas músicas: uma é “Labirinto” e a outra vai estar no próximo álbum do Cabelinho.
PP – Podemos esperar mais feats no projeto? Dá um spoiler aí!
AD – Tanto o primeiro quanto o segundo disco vão ter uma abertura. E quem vai narrar esse texto de abertura lindamente será a atriz Cláudia Abreu.
PP – “Labirinto” tem uma pegada forte de trap, assim como uma boa parte de seus trabalhos anteriores. O disco também carrega muito do gênero ou explora outros?
AD – É um álbum world music. Mas óbvio que vai carregar uma identidade muito forte da música urbana, sobretudo da musicalidade brasileira, navegando pelo trap e muitos outros gêneros. E o grande desafio que eu tenho é fazer um trabalho rebuscado musicalmente falando — com identidade e curadoria — ao mesmo tempo que soe palatável para o grande público. Esse é o nosso grande objetivo: atingir desde a pessoa mais crítica e exigente até a pessoa que só quer curtir a vibe da música. Quero alcançar esses dois extremos.
PP – O trap vem ganhando cada vez mais espaço nas plataformas digitais, nos festivais, no cenário musical do Brasil em geral. Como você enxerga o gênero atualmente?
AD – Enxergo como uma porta gigantesca para a entrada de jovens talentosíssimos. E também sinto que, cada vez mais, os artistas da cena estão amadurecendo, tanto na concepção musical, quanto nos seus posicionamentos, até nas suas referências. E fazer parte disso e ser uma pessoa considerada um expoente por propor uma musicalidade nova no gênero me deixa muito honrado.
PP – O álbum chega sob seu contrato com a Warner Music Brasil, assinado ainda em 2023, certo? Qual é a importância de ser parte do cast de uma gravadora?
AD – Eu acho que existe algo que nenhuma gravadora pode fazer por você. Se você não sabe quem você é artisticamente e você não sabe o que você quer fazer musicalmente, e colocar todas essas questões no colo de uma gravadora esperando que ela faça isso por você, a chance de dar errado é grande. No meu caso, a Warner Music potencializa a minha voz. Eu não vendi a ideia de um álbum. Eu apresentei o meu sonho. E eles me abraçaram, desde a presidência até os funcionários.
PP – Por fim, quais são suas expectativas para seu primeiro disco?
AD – Uma coisa que eu aprendi com a minha terapeuta é que não existe não ter expectativa sobre as coisas. E as minhas expectativas com esse projeto são altas. Óbvio que fazemos arte por paixão. Mas, no fim das contas, a gente quer atingir o máximo de gente possível. Então, a expectativa é que esse álbum chegue ao maior número de pessoas. E meu sonho é que ele rompa uma barreira, atingindo não só o público brasileiro, mas o público da gringa também. Acho que ele vai me trazer uma maturidade, um posicionamento no imaginário coletivo das pessoas e do mercado muito importante.
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