Há 5 anos, Sam Smith subia ao mesmo palco deste Lollapalooza Brasil — que, na ocasião, respondia por outra alcunha por conta de um patrocinador.
Assim como o nome do palco, a estrela britânice mudou. Agora, neste domingo (24), a voz de “Gloria” (2023) chegou ao país após uma fase de redescoberta de sua identidade de gênero e mais dois discos na conta. No mesmo 2019, quando esteve aqui pela segunda vez, seus pronomes passaram a ser elu/delu quando compartilhou, no próprio Instagram, que se entendia como uma pessoa não binárie.
Seu trabalho mais recente já traduz discursos de liberdade sexual e do próprio corpo com inspirações no movimento drag queen — especialmente na imagem, como no videoclipe de “I’m Not Here to Make Friends”, em que Sam apostou em corset e lingerie e sofreu ataques gordofóbicos nas redes sociais.
A liberdade surgiu, também, no show da noite deste domingo. “É sobre liberdade de ser quem você é, de ouvir o que você quiser ouvir, vestir o que você quiser vestir e, o mais importante, ser quem você quiser ser. Por favor, se divirtam, dancem”, disse Smith, antes de entoar a poderosa balada acapella “To Good At Goodbyes”.
O público que abarrotava os morrinhos do Autódromo de Interlagos ganhou uma ópera-pop megaproduzida com backing vocal afiado, piano de cauda, muitas luzes, cenários, dançarinos e trocas de figurinos na volta du cantor laureado com mais um Grammy em 2023. Esta é um braço da “Gloria Tour”, que percorreu a Europa, América do Norte e Oceania no ano passado, feita para festivais.
Mesmo sendo a leg do projeto mais recente, o retorno de Sam contou com um repertório que passeou por vários álbuns de artiste, como o de estreia “In Lonely Hour” (2014) e “The Thrill Of It All” (2017) e “Love Goes” (2020).
“Gimme”, do álbum do ano passado que flerta com o R&B sem deixar uma boa fórmula de pop de lado, foi momento da plateia ferver com a chegada da canadense Jessie Reyez, que fez show carismático neste sábado no mesmo festival e divide vocais com elu na faixa.
A vibe de balada seguiu para o bloco final do show em que Sam enfileira hits radiofônicos que ganhou ainda mais forma em uma arena como a deste Lolla. É o caso da bombástica “Latch”, com o duo Disclousure, e “Desire” e “Promises”, ambas ao lado de Calvin Harris.
Essa é a terceira vez da artista no Brasil. Em 2015, elu veio para o Rock In Rio e chegou a ser fotografade com fãs depois de uma noitada de muita bebedeira na porta de seu hotel.
“Faz cinco anos que estive aqui no Brasil e muito obrigado, do fundo do meu coração, por estarem comigo e por acreditarem na música. Muita coisa passou na minha vida e de todos aqui durante esse tempo e que ver todos aqui, mesmo desses anos, é incrível”, completou Smith.
Acompanhada de um dry martíni, unhas de gel e lingerie, Sam Smith encerrou o show com o superhit hyperpop “Unholy”, parceria com Kim Petras, que ganhou coral e cresceu ao lado do público, berrando o refrão “profano” da canção.
Sam Smith voltou ao Brasil mais segure de quem é, ainda mais inspiradore e pronte para mostrar que seu talento é superior a qualquer polêmica que envolva seu nome.
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