“Ciao, Brasil”, gritou a cantora italiana Laura Pausini para a plateia do Espaço Unimed, em São Paulo, na noite do último sábado (2). A voz potente da artista preencheu a casa de shows por duas noites, a fim de revisitar os incontáveis sucessos que pavimentaram seus trinta anos de carreira, além das canções que compõem “Anime Parallele”. O disco, lançado em 2023, chegou com a proposta de contar histórias de desconhecidos.
Agora, no entanto, foi sua vez de permitir um mergulho no que a fez ser quem é. Envolta por uma cortina presa ao teto e que servia como filtro para as nuvens multicoloridas exibidas no telão, Laura surgiu acompanhada por um grupo de quatro bailarinos. Estes deram à apresentação uma dinâmica que entrelaçava elementos recém-incorporados de dança contemporânea ao drama das baladas.
Após colocar o público pra dançar com “Il Primo Passo Sulla Luna”, “Durare” e “Un Buon Inizio”, a artista fez uma pausa. “A primeira coisa que eu gostaria de dizer é que eu dedico este show à minha mãe brasileira, Hebe Camargo. Não esqueço de quem estava comigo lá atrás, de quem me trouxe primeiro a este país”.
Os arranjos eletrônicos, que expõem sua atenção ao presente, encontram eco não apenas na maioria das novas canções, mas também em faixas lado B. É o caso de “Con La Musica Alla Radio”, à qual também se somam elementos de voguing, uma provável influência do diretor criativo Luca Tomassini, ex-bailarino de Madonna.
Conectada ainda às tendências brasileiras — entre as quais, o hino do Carnaval “Macetando”, da amiga Ivete Sangalo, Laura se dedicou a contar detalhes da intimidade, como, por exemplo, formou a própria família.
Essa sensação de proximidade haveria de se intensificar no decorrer das faixas “Celeste”, “Il Nuostro Amore Cuotidiano” e “Davanti a Noi”, onde lembrou a angústia de querer ser mãe, o companheirismo do marido, o guitarrista Paolo Carta, e seu casamento. Os dois oficializaram a união em 2023, após quinze anos juntos, para que a filha, Paola, pudesse se lembrar da cerimônia. Imagens dos noivos foram exibidas no telão.
“Gravei ‘Celeste’ e cantava esta música durante a turnê do disco ‘Inedito’. Certo dia, quando cantava ela, descobri inesperadamente, que estava grávida. Por isso, quero dedicar está música a todos vocês que querem pais e mães. Que lhes traga a mesma sorte”, afirmou, sentada ao piano. “Todos vocês, independente, façam amo quando chegarem em casa”, divertiu-se.
O show de Laura Pausini também encontra fôlego no rock and roll, potencializado pela guitarra elétrica em “Come Se Non Fosse Stato Mai Amore”, e na interessante junção entre beats e piano que fazem de “Tutte Le Volte” um dos mais emocionantes momentos do primeiro bloco.
Com 38 faixas que somam 3h de duração, o show trata de dimensionar, através das paixões avalassadoras, a permanência de sua música entre as distintas gerações que, mais uma vez presentes, cantavam em italiano e espanhol.
Naturalmente, Laura expõe uma sincera onipresença no imaginário dos apaixonados, atravessada por dicotomias que vão da inocência de “La Solitudine” à raiva de “Resta In Ascolto”. Isso não a impediu de compor um repertório recente e complementar em que se dedica a explorar variações temáticas do romântico.
É o caso de “Scatola”, música que funciona como uma carta endereçada ao seu próprio “eu” do passado. Merece destaque ainda “Sorella Terra”, canção que se debruça sobre questões do meio ambiente e antecede uma mensagem política, exibida em telão, com alerta sobre a crise do clima.
A relação com os fãs, que sobem ao palco para dançar em “Surrender”, a única música totalmente em inglês do repertório, é outro ponto que merece atenção. Prova de que o modelo de diva intocável está em desuso, Laura Pausini reverenciou a todos. Foi o caso de uma fã que não se sentiu bem durante “Vivimi/Víveme” e de seu encontro com uma senhora italiana que, conforme contou em um cartaz, vive há 37 anos no Brasil.
Nesta passagem da turnê por aqui, que ainda vai para América Latina e Estados Unidos antes de retornar à Europa, no inverno, o português foi o idioma escolhido para faixas como “Le Cose Che Vivi”, regravada no idioma em 1996 para uma versão especial do álbum homônimo.
Em seguida, a artista emendou “Inesquecível”, sucesso também interpretado pela dupla Sandy & Junior, e “Seamisai”, mais tarde acompanhada em estúdio por Gilberto Gil. No bis, o público pode finalmente presenciar seu encontro com Tiago Iorc, com quem, ao violão, apareceu por duas noites para tocar a balada “Durar”.
Veja:
Ao se despedir com “Strani Amori” e “Se Fue”, Laura deixou para trás a impressão de ter celebrado, em uma festa particular, seus êxitos e o afeto, tornando irresistível a vontade de reencontrá-la, outra vez, nesta terra que também é sua.
1. IL PRIMO PASSO SULLA LUNA
2. DURARE
3. UN BUON INIZIO
4. MEDLEY ROCK (TUTTE LE VOLTE / FRASI A METÀ / IO CANTO / UN’EMERGENZA D’AMORE)
5. MEDLEY PERSONALE (CELESTE / IL NOSTRO AMORE QUOTIDIANO / DAVANTI A NOI)
6. RESTA IN ASCOLTO
7. ANIME PARALLELE
8. TRATEEILMARE
9. COME SE NON FOSSE STATO MAI AMORE
10. PRIMAVERA IN ANTICIPO
11. SCATOLA
12. E RITORNO DA TE
13. MEDLEY 2000 (LIMPIDO / SURRENDER / CON LA MUSICA ALLA RADIO)
14. MEDLEY ROMANTICO (SEAMISAI (ITA/POR) / NON È DETTO / LATO DESTRO DEL CUORE / NON HO MAI SMESSO / IN ASSENZA DI TE)
15. BENVENUTO
16. SIMILI
17. TODO O QUE EU VIVO
18. EU SIM
19. VIVIMI
20. SORELLA TERRA
21. DURAR uma vida com você (com Tiago Iorc)
22. ZERO
23. INVECE NO/AGORA NÃO
24. INESQUECÍVEL
25. STRANI AMORI
26. LA SOLITUDINE
27. reprise SE FUE
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