Eu nasci no interior do Rio. Durante todos esses anos de Carnaval, eu fui criativo. Quando não tinha dinheiro pra viajar, passava na capital do estado, curtindo os bloquinhos pela orla de Copacabana, Ipanema e outros bairros. Quando tinha dinheiro, viajava para um lugar que não tinha Carnaval, tipo, Buenos Aires. Lá não tem comemoração de nada. Se eles vibram com alguma coisa é só quando uma bola, chutada pelo time deles, claro, entra na rede e faz um gol.
Então, eu vivi pouco o Carnaval do Brasil. Nunca fui pra Salvador. Ou para o interior de Minas Gerais. Fiz um Carnaval por dois anos em São Paulo, montando dois blocos do Papelpop e tocando música pelas ruas da cidade. Mas aí era eu trabalhando e não curtindo. Sabe a gay dançando em cima do ônibus? Então, meu Carnaval, meu bloco, o primeiro que fazia em São Paulo.
Eu não sou folião. Eu não bebo cerveja, por exemplo. Para um Carnaval me agradar, ele precisa ser agradável (ha!). Ele precisa ter, necessariamente, música boa, num lugar lindo, gostoso de estar, com pessoas educadas e bonitas e um clima de alegria que eu não precise me preocupar com nada. E foi assim, para a minha surpresa, como eu vivi o Carnaval do Recife pela primeira vez.
Que coisa linda foi passar algumas noites na praça Rio Branco, conhecida como Marco Zero, com aquela vista linda do rio Capibaribe, com os barquinhos acesos passeando, a brisa do mar soprando na multidão e refrescando os foliões. Estava quente? Claro. Mas era uma delícia o sopro do vento enquanto a gente ouvia músicas de Gilberto Gil, Ludmilla, Vanessa da Mata, Alceu Valença, Elba Ramalho e muitos outros.
O Carnaval terminou na quarta-feira de Cinzas depois de sete dias de shows, blocos e eventos. Tinha evento por todos os cantos da cidade. Além do palco na praça central ter painéis de LED gigantescos e iluminadas, nós também víamos as pontes Maurício de Nassau e Buarque de Macedo homenageando os ícones pernambucanos Lia de Itamaracá e Chico Science com artes lindas desenhadas em bandeiras.
Era bonito ver mães, tias e avós com crianças curtindo o Carnaval no meio de adultos, namorados e amigos de todas as idades. Até mães com bebês no colo, no carrinho.
Tive também a chance de fazer um passeio de catamarã e conhecer a cidade pelas margens do rio Capibaribe e comer no restaurante que é sede da embarcação, logo no final da viagem. Uma delícia. Vimos o Galo da Madrugada, ícone do Carnaval do Recife, de pertinho, durante o passeio de barco. Aliás, eu também fui ver os desfiles no badaladíssimo Camarote do Galo ao lado dos famosos (ui!) Fátima Bernardes, Juliette, Gaby Amarantos, Michel Teló e outros.
Eu já falei da comida? Perfeita. Do hotel que fiquei, chamado Mar Hotel? Piscina icônica e café da manhã perfeitos. Eu já falei do quanto o sotaque de Recife é um dos melhores do Brasil? Óbvio que o Carnaval vai ser incrível. Se eu vou voltar? É lógico.
*O editor viajou para o Carnaval do Recife a convite da Prefeitura da cidade.
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