A cantora Liniker usou o Instagram Stories, na noite da última segunda-feira (15), para rebater um comentário feito por um de seus seguidores. A postagem a acusava de destratar fãs que pediram para tirar fotos com ela.
Uma das vozes mais importantes de sua geração, Liniker fez um desabafo sobre a relação que tem com as pessoas que a admiram, relembrando o papel do artista e suas responsabilidades, ao mesmo passo em que falou sobre a necessidade de “humanizar figuras públicas”.
“Eu trabalho com o que eu trabalho desde 2015 e a realidade de onde eu venho ninguém nunca viveu nada parecido com o que eu vivo. Nada. Então, toda a experiência de ter me tornado uma pessoa pública, famosa, que tem fãs, seguidores, que tem responsabilidade, ela é muito sensível e cuidada por mim desde que eu comecei. Eu entendo a necessidade de a gente ter foto, tirar foto com as pessoas que eu amo, da gente querer filmar, registrar aquilo como momento. Eu sei disso porque eu também tenho os meus momentos com quem admiro. Eu venho há bastante tempo pensando sobre isso porque não é a primeira vez que leio um comentário desse tipo, que passo um desconforto na vida, pessoalmente, com alguém me diminuir porque decidi fazer uma foto num momento que não era bom pra mim ou pra minha situação, porque geralmente, quando eu faço uma foto em um local público como uma praia e uma festa, não é uma foto única, são várias fotos, e tá tudo bem. Eu tiro, não é que eu nunca tiro. Mas existem momentos em que estou dançando, conversando, beijando na boca, que eu tô tendo uma conversa séria com alguém, que eu estou chorando, tendo uma DR, e a foto não vale naquele momento. 1) Não vou me sentir confortável; 2) Não vou estar inteira com a pessoa e não vai ser verdadeiro. Ler esse tipo de comentário me dá uma sensação de como precisamos humanizar esse lugar de pessoas que trabalham publicamente e se entregam publicamente nos seus discos, performances e formas de expressão, mas que também são humanas, CPFs, que tem dor, dia bom e ruim, desejo, viva, que tá ali curtindo. Sempre penso ‘Será que quem me pede uma foto quando estou beijando na boca pensa que não mereço beijar na boca e tenho que suprir o desejo dela naquela hora, caso contrário vou ser esnobe, cuzona? Onde a gente perdeu isso de não conseguir olhar e humanizar aquela pessoa. Amo ter fã, tudo isso é minha vida, minha carreira, me compõe e me trouxe até aqui. Sou extremamente grata. Sem isso não haveria uma história de quase 10 anos construída. Mas também quero ter a minha vida”.
A artista prosseguiu dizendo que a arte é seu trabalho, mas que “viver é seu ofício”.
“Quero ser povo também porque eu sou gente. Em muitas situações quero estar na rua, no meio da galera, quero dançar e me divertir com as minhas amigas, ouvir as histórias, ver as tatuagens. Mas também tenho os meus momentos e assim como respeito as pessoas e seus espaços, não quero que os meus sejam julgados. Falar sobre isso é inaugurar um lugar de limite”.
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