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“The Celebration Tour”: Madonna fez a turnê mais fodonna de 2023 e nós podemos provar!

Quando a “The Celebration Tour” foi anunciada, no início de 2023, o mundo todo voltou seus olhos para a trajetória da rainha Madonna. Às vésperas de completar 65 anos e tendo vivido uma pandemia que abreviou o fim de seu espetáculo mais recente, era chegada a hora de cair na estrada outra vez. A diferença, agora, é que seu propósito principal era um só: comemorar.

Após entregar “Madame X”, um show político e performático, concebido para temporadas em teatros da Europa e da América do Norte, a artista abriu o baú a fim de formar uma segunda turnê de grandes sucessos. Se em 2004 a “Re-Invention Tour” dividiu opiniões, Madonna aprendeu o caminho e soube que o ideal era se aproximar ao máximo dos sons que a consagraram.

São duas horas sobre um palco que remete às regiões da cidade de Nova York, onde tudo começou, no fim dos anos 1970. De fato, a cantora já não tem muito mais o que inovar, afinal, tudo partiu dela e a ela devemos.

Entretanto, seu discurso segue contundente; as autorreferências, um ato de rebeldia; e pensar a importância de estarmos vivos ao mesmo tempo em que ela é fundamental e única é uma dávida. Há muito o que aprender, por isso, mergulhe nessa turnê com a gente!

I am not changing my fucking show!

Foi um susto para todo mundo quando o empresário Guy Oseary afirmou, em nota, via Instagram, que a cantora tinha passado alguns dias na UTI após ter contraído uma infecção bacteriana. Sim, quase perdemos Madonna, mas ela prometeu que se recuperaria a tempo para cumprir a agenda da turnê “Celebration”. E assim o fez — e tem feito!

Vê-la de volta aos palcos, após ter adiado a estreia e decidido começar por Londres, foi um alívio, mas também um símbolo de sua resistência ao passar dos anos. Notou como o kimono de “Nothing Really Matters” foi atualizado? Inspirador é pouco!

I will survive

Uma das surpresas da setlist do novo show é “I Will Survive”, sucesso de Gloria Gaynor que a diva canta já na reta final da apresentação. Em geral, este é um dos momentos mais emotivos da jornada e a razão é clara. Madonna, além de ter se livrado de um baita problema de saúde, também é sobrevivente da própria geração de artistas, que foi sendo dizimada ao longo das décadas.

Não seria exagero dizer que, presenciar esse show, que também é uma espécie de catarse, é estar diante da história.

De lingerie aos 65? Sim!

Muita gente se questionou se todas as eras de Madonna estariam presentes no espetáculo. No fim das contas, o que podemos dizer é que algumas mais, algumas menos. No caso de “Erotica” (1992), que acabou incorporando parte da estética adotada em “Hard Candy (2008), um bloco inteiro foi dedicado ao seu legado. E pra isso, a cantora decidiu que seria uma boa usar uma camisola de seda vermelha.

As críticas, claro, chegaram por todos os lados. “Uma mulher nessa idade se vestindo assim?”. Pois é. Mais uma vez, Madonna abriu caminho para as discussões sobre envelhecimento e mostrou que está tudo bem, sim, se sentir sexy após os 40. Que a cafonice môr é não seguir os próprios desejos e se render aos comentários maldosos. Quando a Madonna do presente e a Madonna da “Blond Ambition Tour” se encontram, é impossível não se sentir tocado.

Quarenta anos de clássicos

Já dissemos aqui que o show tem 2h de duração, né? Imagina só como foi pra selecionar esse repertório. É hit que não acaba mais e o que impressiona nessa curadoria é o fato de que as faixas são realmente muito boas, seja com o propósito de emocionar ou jogar luz nas pistas.

Sutilmente, Madonna avisa que fez parte da geração da sua mãe, quem sabe da sua avó (se você for bem novinho) e, agora, quer te levar para dançar.

Entre os grandes hits que não ficaram de fora desse show, estão escolhas mais óbvias como “Like a Prayer” e “Bedtime Story”, presente que a artista recebeu de Björk lá nos anos 1990 e se tornou uma de suas faixas conceituais mais interessantes.

Homenagem às vítimas da epidemia de AIDS/HIV

Quando dissemos que Madonna é uma sobrevivente, também queremos dizer que ela tem o direito de contar a própria história. Isso não exclui, por exemplo, a epidemia de AIDS/HIV, que levou boa parte de seus amigos nas décadas de 1980 e 1990.

Hoje, além deles, que inspiraram canções como “In This Life”, são exibidas no telão fotografias de ícones pop como o artista Keith Haring, além do vocalista Freddie Mercury, do Queen, e o fotógrafo Robert Mapplethorpe.

Enquanto isso, Madonna flutua dentro de uma estrutura retangular que sobrevoa o público, usando um figurino que faz referência ao visual que adotou lá atrás. Renda, meia arrastão e o clássico bustiê. É uma viagem no tempo, um momento para honrar os que se foram.

Com banda ou sem banda, EU sou o show!

Uma surpresa para os fãs foi o fato de que, após 11 turnês mundiais, Madonna decidiu não se apresentar com a presença de banda. O resultado é um show que segue direitinho as bases originais de seu trabalho. Quem comandou essa tarefa de revisitar as gravações originais da rainha e compor as bases foi Stuart Price, que comentou o processo em entrevista à Billboard, às vésperas da estreia.

O resultado é, sim, interessante, mas ao mesmo tempo a gente sente que falta algo. Se ela própria criou o formato dos grandes shows de pop que temos por aí, por que não subvertê-lo?

Crazy for… me!

Autorreferências em cena não faltam e são alguns os momentos em que Madonna encontra a si mesma em versões do passado. Em “Justify My Love”, por exemplo, ela vai para a cama consigo mesma, unindo-se a uma bailarina-avatar que usa o figurino da “Blond Ambition Tour” (1990).

Depois, canta “Crazy For You” (1985) olhando para outra bailarina, vestida como no clipe de “Human Nature”. A cena cria um dos registros mais leoninos da carreira e mostra que o anacronismo, em seu trabalho, pode ser a palavra de ordem.

Filhos no palco

Marcante é o mínimo que podemos dizer da apresentação de “Bad Girl” nesta turnê. Cantada ao vivo pela primeira vez desde 1993, a faixa era um pedido feito pelo público há anos. Trazendo melancolia ao show, ela mostra que a vulnerabilidade, ao contrário dos estereótipos de femme fatale, também fazem parte do repertório de Madonna.

Tanto é que desta vez ela chama a filha do meio, Mercy James, para acompanhá-la ao piano, compartilhando toda uma sensibilidade ao reconhecer erros e acertos. Em outro seguimento, a caçula Estere é que brilha dançando voguing.

Bilheteria

Dados obtidos pela Billboard mostram que a cantora conquistou, só com a primeira etapa europeia da turnê, US$ 77 milhões (algo em torno de R$ 378 milhões) em arrecadação.

Foram 429 mil ingressos vendidos, um impacto que se sentiu sobretudo na temporada que realizou em Londres e em sua passagem por países como Bélgica e França. Só na Accor Arena de Paris, por exemplo, o lucro bateu na casa dos US$ 10 milhões (R$ 40 milhões) se pensarmos as quatro noites.

O que fica disso? Um desejo de que, em 2024, os rumores se confirmem e esse saldo aumente ainda mais com datas na América do Sul.

Os rumores de que ela vem ao Brasil, seja no Rock In Rio 2024 ou num show solo, não param de pipocar. O que sabemos de concreto, por enquanto, é a participação da grande estrela em uma publicidade de banco brasileiro, divulgada neste dezembro.

Vem, Madonna, estamos te esperando!

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