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Os nossos dez discos internacionais favoritos de 2023: SZA, Karol G, Troye Sivan e mais

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(Fotos: Divulgação)
(Fotos: Divulgação)

O fim de ano é o momento perfeito para colocar as coisas em perspectiva e não só profetizar os próximos passos, mas celebrar tudo o que foi construído até aqui.

O Papelpop te ajuda a fazer esse exame retrospectivo em um quesito: a música, claro, que embalou os últimos doze meses.

Abaixo, listamos do décimo ao primeiro álbum entre os melhores discos internacionais que ouvimos em 2023.

Os projetos vêm diretamente dos Estados Unidos, Austrália, Colômbia e Reino Unido para fazer o mundo inteiro passear por gêneros como pop, R&B, reggaeton e indie, enquanto reflete sobre as questões inerentes à vida.

Bota os fones de ouvido e vem com a gente!

10º. “Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd”, de Lana Del Rey

Em “Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd”, Lana Del Rey comprova que o sentimentalismo é seu grande trunfo.

Ela continua sem medo de ser vulnerável e canta com franqueza sobre família, traumas, relações fracassadas, desejos e dilemas da carreira, examinando quem ela é e por quê — sem deixar de lado uma bela dose de drama e seu cigarro eletrônico.

São 16 canções e, em nenhuma delas, Lana dobra os joelhos à era dos poucos segundos do TikTok. Nenhuma delas tem menos de 3 minutos, algumas até passam de 6.

A artista estadunidense se consolida como mestre da arte melancólica e sincera neste disco, que pode garantir sua primeira vitória no Grammy e evitar que, um dia, ela seja esquecida como o túnel embaixo da Ocean Boulevard. Na verdade, com ou sem gramofone, é impossível: a multidão que chorou no MITA Festival não larga os pés da cantora.

9º. “That! Feels Good!”, de Jessie Ware

That! Feels Good!” cumpre as expectativas criadas por seu antecessor, “What’s Your Pleasure” (2020). Jessie Ware volta a fazer músicas sob medida para as noites quentes nas pistas de dança que, agora, passados três anos do álbum que encontrou o mundo em meio à pandemia, podem ser vividas em toda sua glória.

A britânica parte em busca do êxtase com sua dance music elegante, cheia de influências de soul e funk da década de 1970. Ela quer menos inibição e controle, mais conexão e prazer, preferencialmente debaixo de um enorme globo espelhado.

8º. “The Land Is Inhospitable and So Are We”, de Mitski

A noção de que nada no mundo verdadeiramente nos pertence, exceto o amor que sentimos dentro de nós, foi materializada por Mitski em “My Love Mine All Mine”. A faixa se tornou a trilha sonora de milhões de vídeos cheios de afeto e melancolia no TikTok, mas não só isso. Virou mais uma prova do poder de storytelling da artista nipo-americana.

Outras joias podem ser encontradas no mesmo álbum que emplacou o hit, “The Land Is Inhospitable and So Are We”. O projeto diminui o ritmo em comparação a seu antecessor, “Laurel Hell” (2022), e mergulha de cabeça no amor, na solidão, nas relações e em outras questões da vida, tornando a terra inóspita mais acolhedora de um jeito que apenas Mitski parece ser capaz de fazer.

7º. “Red Moon in Venus”, de Kali Uchis

Kali Uchis canta suavemente em “Red Moon in Venus”, como se evocasse um mundo dos sonhos com seu R&B. Mas ela não se deixa perder em fantasias e, ao mesmo tempo que reconhece como o amor pode ser maravilhoso e luxurioso, consegue ser dramática e ácida diante das relações entoadas no álbum.

A colombiana-americana permite que as emoções aflorem ao longo de 15 canções, cantadas em uma mistura de inglês e espanhol que já é característica de seu catálogo. E é assim que ela volta a mostrar sua força e reafirma seu lugar de diva latina.

6º. “Something to Give Each Other”, de Troye Sivan

Something to Give Each Other” é uma celebração queer desde sua capa. Na imagem que é o cartão de visitas do disco, Troye Sivan aparece todo sorridente, de olhos fechados, vestido apenas com uma fina corrente prateada e muitíssimo confortável entre as pernas malhadas de outro homem nu.

O clima envolto de sexualidade e sensualidade permeia todo o trabalho, sem esquecer dos temas característicos do cantor australiano, como amor, saudade e tristeza, em seus versos. A maior diferença agora é que ele se entrega às pistas para extravasar.

E explora isso com competência, principalmente nos singles “Rush”, “One of Your Girls” e “Get Me Started”, faixas que vibram um europop que faz o coração pulsar em ritmo mais frenético. É um disco excelente.

Observação legal aqui: as coreografias dos clipes desta fase musical de Troye são assinadas pelo brasileiro Sergio Reis. Talentosíssimo!

5º. “The Record”, do boygenius

O que acontece quando três amigas compositoras de mão-cheia, vindas da cena não mainstream norte-americana, decidem fazer música juntas? Phoebe Bridgers, Lucy Dacus e Julien Bakerand respondem, de forma primorosa, à essa pergunta ao formar o grupo boygenius e lançar o álbum “The Record”.

Elas apresentam já na faixa de abertura do projeto de estreia, “Without You Without Them”, uma harmonia que se estende pelas outras onze faixas e um uso inteligente do talento particular de cada uma. Isso enquanto se dedicam a abordar o amor em suas várias formas, principalmente aquela tão bonita que consegue ultrapassar o romântico e o sexual: a amizade.

4º. “Desire, I Want to Turn Into You”, de Caroline Polachek

Desire, I Want to Turn Into You” é um convite à ilha particular de Caroline Polachek e, consequentemente, à percepção de como a pop music pode (ou deve) ser expansiva. A cantora, compositora e produtora estadunidense sabe passear pelas possibilidades da música e dispensa a zona de conforto do público ao longo do trabalho de 12 faixas.

Ela vai do baixo e dos sintetizadores até a gaita de foles escocesa e a guitarra flamenca. Traz seu lado indie, mas também experimenta o eletrônico e o trip-hop. Une a própria voz a um coral infantil. Presta atenção em cada detalhe para entregar uma experiência completa, guiada essencialmente pelo desejo.

3º. “Mañana Será Bonito”, de Karol G

Nas 17 faixas que compõem “Mañana Será Bonito”, Karol G se supera. A colombiana ultrapassa as fronteiras e parte para conquistar o mundo nos próprios termos, cantando em espanhol sob batidas cheias de influências de reggaeton, jazz, bachata, ranchera e salsa para curar os corações partidos.

La Bichota explora as diferentes fases do luto romântico, mas consegue expurgar as pessoas e os sentimentos que não lhe cabem mais. Ela acredita no amanhã mais belo e faz uma ode à liberdade no álbum, que venceu o prêmio máximo do Grammy Latino 2023 e que tem tudo para cravar seu nome na história da música latino-americana.

2º. “Jaguar II”, de Victoria Monét

Victoria Monét operava nos bastidores, sendo a compositora responsável por sucessos de cantoras e bandas como Ariana Grande, Chloe x Halle, BLACKPINK e Fifth Harmony. Estava apenas esperando o momento certo para tomar os holofotes da indústria para si, cuidadosa e precisa como um jaguar na selva.

A artista estadunidense agora ataca com “Jaguar II” e mostra que tem muito o que oferecer. Ela entrega R&B com influências de pop, reggae, hip hop e house no sucessor do explêndido “Jaguar” (2020), saindo de vez das coxias e entrando nos palcos como a atração principal que merece ser. Não à toa, concorre a nada mais, nada menos que sete prêmios no Grammy 2024.

1º. “SOS”, de SZA

Tecnicamente, “SOS” não deveria estar nesta lista. O segundo álbum da carreira de SZA chegou em 9 de dezembro de 2022, não em 2023, como os outros citados acima. Mas vem resistindo ao tempo e causando tanto impacto ao longo deste ano que, na verdade, não poderia não estar nesta lista. Isso, sim.

O fato é que, no sucessor de “Ctrl” (2017), a cantora e compositora estadunidense surge em sua total força criativa. Ela é capaz de fazer R&B, pop punk, indie e rap enquanto revela as dores e as delícias da jornada de autoconhecimento com sua voz irresistível. É um álbum com cara de mixtape, mas tudo faz sentido quando se é SZA e sua voz em exercício.

É a representante da geração que abre o coração e se permite sentir as emoções das mais tristes às vingativas, pois é a própria inimiga e, também, aliada. É um espírito livre na vida e na música, à deriva e em busca de ser amado. É headliner do Lolla Brasil 2024 e a ansiedade já está a milhão.

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