Uma jovem que se relacionou com o DJ e produtor Diplo anos atrás procurou a polícia de Los Angeles para acusá-lo de, supostamente, ter espalhado fotos suas em que aparece nua. Ela afirma não ter dado qualquer consentimento para que os registros, que expõem suas partes íntimas, fossem compartilhados.
Conforme relatou a revista Pitchfork nesta quinta-feira (7), a vítima, de nome Shelly Auguste, estaria recorrendo à Justiça desde 2020, pela mesma razão, mas artista (que tem como nome de batismo Thomas Wesley Pentz) não chegou a ser acusado criminalmente. Em outubro de 2021, após o caso ganhar repercussão, Diplo negou que tivesse cometido qualquer crime.
O processo de agora colocará os dois cara a cara em abril de 2024, além de expandir sua gravidade: soma-se ao suposto vazamento dos nudes (segundo os advogados de Auguste, “uma tentativa de assediá-la e envergonhá-la” após ter entrado com uma nova ação legal) acusações de agressão sexual, difamação, infligimento intencional do sofrimento emocional e fraude, além de perseguição e invasão de privacidade.
Procurado pela revista para comentar a queixa feita em agosto deste ano e divulgada neste mês, o advogado de Diplo, Bryan J. Freedman, disse que “por mais de três anos, Shelly Auguste vem orquestrando uma campanha difamatória contínua contra Wes, e isso é apenas mais do mesmo.”
Freedman acrescentou que “agora, a Sra. Auguste insiste em seu discurso, mas Wes se defenderá e, assim como fez cada vez que a Sra. Auguste o difamou, assediou e atacou sua pessoa e a própria família, ele vencerá.”
Segundo um primeiro depoimento dado por Auguste, Diplo e ela começaram a se falar via Twitter em 2014, quando ele tinha 35 anos e a jovem 17. Os dois mantiveram uma correspondência online, que se baseava no envio de fotos nuas da declarante, mas só se encontraram pessoalmente em abril de 2019, quando ela já era maior de idade.
Auguste alega que Diplo gravou a primeira vez em que ambos tiveram relações sexuais e que ela estava “altamente intoxicada, mal conseguia andar ou enxergar direito”, ainda que a primeira interação naquela noite tenha sido “consensual”. A reclamação também descreve um segundo encontro sexual na mesma noite em que a vítima afirma que Diplo a penetrou sem consentimento enquanto ela “dizia ‘não’ e tentava afastá-lo”, antes de se vestir e sair correndo do quarto de hotel chorando”.
Os dois voltaram a se encontrar em setembro de 2019 e Auguste teria confrontado Diplo sob a alegação de que o DJ teria transmitido a ela uma infecção sexualmente transmissível. Ela afirma que o artista a ignorou, mas que, em fevereiro de 2020, convidou-a para visitá-lo em sua casa. Ao chegar, ele a avisou que não estava na residência.
A defesa defende a tese de que Diplo “parecia se deleitar em menosprezar a Sra. Auguste” e que “ele sabia que ela era uma mulher jovem e impressionável, pois a havia conhecido ainda na adolescência”.
Diplo, a sua vez em depoimento, contesta a versão e diz que Auguste chegou sem aviso prévio e que, diante do ocorrido, sentiu-se “incômodo”. Ele também disse desconhecer a informação de que a jovem teria compartilhado seu status de saúde.
Um pouco mais adiante, em novembro de 2020 e janeiro de 2021, respectivamente, o nível das coisas escalou em exposições feitas por Auguste nas redes sociais e ambos conseguiram medidas protetivas um contra o outro, sob as mesmas alegações de assédio, além de acertarem uma ordem de restrição dupla em que concordavam em não difamar um ao outro. Ao fazer publicações no Twitter e via Instagram Stories, Auguste foi multada sob a acusação de violar o acordo em cerca de R$ 6 milhões (US$ 1,2 milhão no valor original).
À ocasião, ela teria dito que Diplo a estava ameaçando ao contratar um detetive particular para segui-la e que, posteriormente, a ameaçou. “O investigador me disse que sabia meu endereço, o lugar onde moravam meus pais, onde eu trabalhava e também o trabalho deles. Interprete isso como quiser, mas a maioria das pessoas vai considerar uma ameaça”.
Atualmente, Auguste está inscrita no programa de proteção a vítimas de violência doméstica, perseguição, agressão sexual, tráfico humano e abuso de idosos “Safe Home”, criado no Estado da Califórnia.
“Acho que está na hora de a indústria da música parar de permitir os abusos contínuos que ocorrem”, disse a vítima, em comunicado enviado à Pitchfork. “Fui silenciada por tempo demais. Espero que, com esta ordem de restrição, eu possa finalmente conquistar paz e proteção. Espero que, com a investigação criminal, o sistema de Justiça acerte desta vez.”
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