Por Jovi Marques e Tiago Mascarenhas
Maior que “Família Soprano“? Claramente! Mais intrigante que “Game Of Thrones“? Óbvio, gente! Mais engraçado que “Friends“? MUITO mais! Fez mais sucesso que “Breaking Bad“? Evidentemente! O ano de 2023 foi abrilhantado com a maior série de todos os tempos: “The Idol”. É a maioral e ponto final!
É claro que a gente tá zoando. Vamos aos fatos: a série encerrou sua primeira e única temporada com um legado difícil de ser superado. Cinco episódios foram o suficiente para que a produção, idealizada por Sam Levinson (mesmo autor de “Euphoria”), Abel “The Weeknd” Resfaye e Reza Fahim, causasse um estrago na mente de quem a assistiu.
Originalmente planejada para ter seis episódios, a produção recebeu uma enxurrada de críticas negativas, que fez com que se transbordasse uma crise pela qual a megalomaníaca e competente HBO jamais imaginou, provavelmente.
O mal cheiro começou a pintar ainda na pré-produção, com relato de gasto orçamentário excessivo, mudança de rota no roteiro e refação por completo da identidade visual da série. As atuações e o enredo do elenco principal são infestados de temas espinhosos mal trabalhados como sexualização da mulher, estupro, relacionamentos abusivos e fetiches.
Para quem nunca assistiu, “The Idol” segue a personagem Jocelyn, interpretada por Lily-Rose Depp, uma estrela pop problemática que enfrenta uma crise no início da carreira, e toma conselhos do guru Tedros, vivido por The Weeknd, que comanda uma espécie de seita contemporânea e seria a solução de todos os seus problemas. Mal sabia, então, que ali era uma fonte inesgotável de podridão.
Vida real ou ficção — sabe-se lá até onde ali é tudo inventado ou, de fato, o modus operandi de parte da indústria, a série está repleta de episódios chocantes e até desnecessários, que pouco contribuíram para a trama e fizeram com que os executivos da companhia minassem qualquer possibilidade de renovação para uma segunda leva de episódios.
Foi tudo tão absurdo que podemos chamar “The Idol” de “A Série do Ano”, de forma irônica e sob uma alcunha que ganha de forma nada positiva, mesmo que pareça. Para deixar o nosso argumento ainda mais válido, separamos 10 momentos que fizeram da produção um grandíssimo surto coletivo.
[Atenção: o conteúdo abaixo tem relato de abuso e violência sexual, além de spoilers da produção]
A série de The Weeknd e Sam Levinson já começa de um jeito absurdo. Logo na primeira cena, do primeiro episódio, Jocelyn está participando de uma sessão de fotos para seu próximo álbum. Ela está praticamente sem roupa, coberta apenas por um hobby vermelho, e nada menos que uma pulseira de hospital.
Enquanto alguns personagens presentes na sala expressam preocupações sobre a sexualização e a glamorização de problemas mentais, outros concordam com a escolha da artista em exibir a pulseira nas fotos, alguns deles até dizem que “problemas de saúde mental são sexy”.
Apesar da tentativa de “The Idol” de iniciar uma reflexão sobre como a sociedade capitaliza as questões de saúde mental, a mensagem não foi transmitida com sucesso. Em vez disso, deu a impressão de que a série estava ridicularizando um assunto tão importante.
Toda a polêmica em torno de “The Idol” começou durante o Festival de Cannes, onde foi exibida pela primeira vez, alguns dias antes do seu lançamento mundial. Os críticos que assistiram ao primeiro episódio detonaram ferozmente a produção.
Inúmeros relatos sobre o que acontecia nos bastidores da série começaram a surgir, tais como o desperdício de 75 milhões de dólares; a dispensa da diretora Amy Seimetz sem razão evidenciada, com mais de 80% do projeto pronto; e mudanças bruscas no roteiro, com a chegada de Levinson, com a inserção de tortura sexual, cenas perturbadoras e muito mais.
A Rolling Stone, por exemplo, foi o veículo que primeiro relatou os bastidores conturbados do projeto. Então, The Weeknd achou de bom tom postar uma cena inédita da série em que o personagem dele mete o pau no veículo, inclusive chamando a revista de “irrelevante”.
Na cena final do primeiro episódio de “The Idol”, Jocelyn apresenta a Tedros sua nova música, porque estava preocupada com a autenticidade e a possibilidade de parecer superficial. Após ouvir, o personagem de The Weeknd elogia, mas sugere que ela cante a letra com mais sinceridade.
A interação entre eles se intensifica, quando Tedros começa a tocar Jocelyn e a explicar como ela pode melhorar a música. Ele pede para que ela confie nele e, simplesmente, enrola um manto em volta da cabeça e aperta até que ela não consiga respirar, fazendo com ela fique ainda mais excitada. Em seguida, ele puxa uma faca, passa na boca dela e diz: “Agora você está pronta para cantar”. Gente?
Apesar dos absurdos, “The Idol” entregou uns momentos de diva pop para Jocelyn. Vestida toda sensual e acompanhada de um grande balé – composto até por Jennie, do BLACKPINK, a protagonista da trama se joga em uma ferveção frenética, tentando ser sexy ao mesmo tempo que precisa lidar com a pressão das consequências da própria fama.
O conteúdo sexual de “The Idol” passou dos limites em vários momentos, já sabemos disso. Por isso, vamos lembrar de quando, no terceiro episódio, Tedros dá aquela pegada na jambrolha, enchendo a mão e a calça? Kkkkkkkkkkkkk. Onde é que o The Weeknd tava com a cabeça, gente?
Um dos aspectos mais comentados no decorrer das exibições dos cinco episódios da série, com certeza, foi a atuação de The Weeknd. O artista entregou um show de horrores, mas vamos destacar apenas uma, lá por volta do terceiro capítulo.
Seu personagem está numa loja da grife Valentino, em Los Angeles, acompanhado por Jocelyn. A estrela, então, experimenta algumas roupas, quando, de repente, ele tem um ataque de ciúmes e ameaça um dos vendedores por “olhar demais” para a artista.
Ele chega pertinho do ouvido do funcionário e com muita raiva fala que vai matá-lo, caso perceba mais olhares para sua amada. A atuação, digamos assim…É de centavos, na verdade.
O roteiro de “The Idol”, literalmente, tomou um rumo um tanto quanto chocante, quando Tedros descobriu que Xander, interpretado Troye Sivan, sabia cantar.
Completamente lelé da cuca, ele fica fora de si ao saber que a mãe de Jocelyn forçou o diretor musical da turnê da artista a assinar um contrato que o proibia de cantar profissionalmente.
E essa não foi a única verdade que saiu da boca de Xander. O personagem de Troye ainda foi super sincero ao revelar que Jocelyn tem controle sobre todos e qualquer pessoa. Ao dizer isso, Tedros aciona cada vez mais a coleira de choque.
Após Jocelyn contar uma história emotiva e problematizar sobre o abuso que sofria da mãe com uma escova de cabelo, Tedros decidiu que seria de bom tom pedir a ela deixasse-o repetir a agressão com o mesmo instrumento. Ele justificou a atitude, afirmando que poderia ajudá-la a lidar com o trauma, transformando-o em “inspiração”para sua carreira musical.
Felizmente, Levinson nos poupou de testemunhar esse momento visualmente, mas Jocelyn é vista gritando e lamentando enquanto Tedros a agride. O momento fica pior ao mostrar Jocelyn, após o incidente, agradecendo a Tedros, dizendo: “Obrigada por cuidar de mim”. Em qual mundo isso é humanamente concebível?
Nos camarim, Tedros pegou a escova de cabelo de Jocelyn e questionou se era a mesma que sua mãe usava para agredi-la. Jocelyn confirmou, embora Tedros tenha percebido que era nova. O sorriso sonso de Jocelyn, então, revela a trama, enquanto o personagem de Abel conecta os pedacinhos da história, entendendo que a amada inventou o suposto abuso de sua mãe. O choque estampado no rosto de Tedros foi um dos momentos mais aguardados pelos espectadores que aguentaram assistir a série até o final. Guerreiros, diríamos nós.
10 – Conclusão: a série tinha tudo para levantar relevantes pontos sobre os mecanismos da indústria fonográfica, as entranhas do sucesso, os bastidores da criação de grandes divas do mundo pop, mas se perde quando parece suprir sonhos masculinos que beiram fetiches adolescentes. É uma pena gigantesca.
***
A série “The Idol“, protagonizada por Lily-Rose Depp e Abel “The Weeknd” Resfaye, está disponível na HBO Max.
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