Gloria Groove faz show classudo com pose de popstar no The Town

Zé Ricardo fez questão de subir ao palco The One do The Town antes de Gloria Groove se apresentar. “Minha amiga e uma das maiores artistas pop do Brasil”, disse o curador.

E, de fato, o show de um pouco mais de uma hora apresentado por GG no festival, neste domingo (10), foi um dos melhores da noite que ainda nem terminou.

A voz de “Lady Leste” fez uma apresentação sagaz e criativa ao lado de mais de 40 pessoas (entre músicos e bailarinos), dividida em quatro blocos que flertaram com o R&B, o pop eletrônico e o funk paulista.

Logo na primeira parte do show, em estrutura, foi possível notar que Gloria tem referências do mundo pop internacional: a ordem de repertório parecido com o que a rainha Beyoncé faz, a pose de Madonna, a tecnologia de Rosalía e sua “Motomami”, e por aí vai.

Mas nada teve “ctrl c + ctrl v” aqui. Vinda da Vila Formosa, um bairro da Zona Leste de São Paulo no qual a cultura periférica é farol para jovens como ela, tanto em som quanto em visual, Gloria pegou esse balaio de referências, colocou em um mixer e traduziu para a realidade em que vive.

Teatral na medida certa, o show flertou com o lado ator de Daniel Garcia; com as vozes que ele, desde pequeno, ouve sua mãe, Gina Garcia, cantarolar por aí; e com o que tem na playlist “repeat” do Spotify pessoal.

“Noites de Gloria” — que deve rodar o Brasil como a nova turnê de Gloria Groove — é um espetáculo classudo, que mostra uma artista com pose de popstar que tem uma longa estrada pela frente e ainda nem chegou no ápice.

O show começou com a queen entrando como o centro de um círculo vazado em que uma coroa prateada de pontas preenchem o topo. Ela, dançarinos, banda e coral usaram branco, numa espécie de imagem angelical, como se todos nós tivéssemos chegado no céu.

“Sobrevivi”, cover de “If I Ain’t Got You”, de Alicia Keys, “A Tua Voz”, “Nossa Música”, faixa de Gloria no disco de MC Cabelinho, e “Samba in Paris”, parceria com Baco Exu do Blues, embalaram a primeira parte da apresentação.

Com um toque de cor-de-rosa, a artista voltou ao palco com uma colã de ombreiras à la Xuxa e um chapéu que lembra o figurino de “Formation”, de Queen Bey.

O bloco 2 trouxe hits do álbum “Lady Leste”, de 2022, além do R&B gostoso que Gloria se arrisca (e faz muito bem) no EP “Affair”, lançado na pandemia. Como um presente aos fãs, cantou “Magenta Cash” e “Greta”, do projeto “Alegoria”, de 2019.

Abrindo a terceira parte com “Bumbum de Ouro”, ela fez uma ode com a faixa que a lançou como artista do mainstream da música pop nacional em um look de franjas e com demasiado dourado.

“Mil Grau”, “Fogo no Barraco” e “Yoyo”, colaboração com IZA, completaram o trecho da apresentação eletrizante de cerca de uma hora, que ninguém viu passar de tão excelente que foi.

Na música com IZA, que inclusive subiu ao palco principal do mesmo evento também neste domingo, Gloria Groove deixou os vocais um pouco de lado para dar foco total à coreografia, com passos certeiros e muito bem ensaiados que encantaram a multidão que lotava o The One.

Para encerrar com chave de ouro, o bloco final veio com referências ao projeto de funk da cantora, intitulado “Futuro Fluxo”, ainda inédito.

O beatmaker fiel de GG, Ruxell, surgiu no palco comandando um CDJ rodeado de dançarinos que usaram roupas mescladas de peças brancas com itens metálicos, tênis Nike modelo Shox e boné da Oakley, fazendo acenos à cultura em que Gloria nasceu e cresceu.

“Furduncin”, com Biel do Furduncinho, e “A Queda”, o maior hit do último álbum da estrela, ganharam novos arranjos com batidas de funk e encaminharam o fim da apresentação.

Gloria Groove exaltou estar na primeira edição do festival e deu um viva aos vários ritmos musicais do Brasil antes do público ir ao delírio com o estrondoso hit “Vermelho”, que homenageou MC Daleste, morto em cima do palco em 2013, e encabeçou o sucesso do último projeto da diva.

“AMEIANOITE”, interlude do projeto novo, “Bonekinha” e “SFM” foram faixas que também estiveram no show.