Cleo ilumina e explora a escuridão com o “DARKPOP“, primeiro álbum de estúdio da carreira, lançado na última sexta-feira (22). Por meio de canções, sonoridades experimentais e composições sinceras, a cantora mergulha profundamente em sua própria vulnerabilidade, explorando reflexões sobre experiências passadas, incluindo relacionamentos tóxicos e os vários tipos de abusos, como físico, psicológico e moral, além de compartilhar aspectos íntimos de sua vida de forma artística.
No disco, a artista ainda propõe uma reflexão sobre amor-próprio e fala da descoberta de uma força interna que pode nos fazer enxergar outras perspectivas em situações difíceis: “A minha vida, meus sentimentos, meus pensamentos. Foi o meu universo.”, conta a cantora em entrevista exclusiva ao Papelpop, sobre a inspiração inicial para o álbum.
A artista, que reforça o seu gosto eclético pela música, procurou reunir, nas dez faixas, referências e sonoridades que gosta de ouvir, navegando por rock, trap, fado e sonoridades que remetem também a música brasileira. Mas, ainda assim, com uma espessa camada de sua sonoridade pop dark, que já é marca registrada.
O LP conta com as participações especiais de Johnny Hooker, King, Chameleo, Azzy e Karol Conká, as duas últimas artistas dividem os vocais com Cleo na faixa “Tormento”, single já conhecido pelo público. Outra música que também foi lançada anteriormente é “Todo Mundo Que Amei Já Me Fez Chorar”, que também é o título de seu livro lançado em 2022.
“Inferno”, “Karma” e “Vício” foram as músicas escolhidas para abrir o álbum, compondo o primeiro ato. Mais três faixas serão divulgadas na próxima sexta-feira, 29 de setembro. Na semana seguinte, em 6 de outubro, o público conhecerá mais canções do álbum. E, em 13 de outubro, o quarto e último ato será lançado.
Abaixo, leia a entrevista na íntegra:
PAPELPOP — Cleo, esse é o seu primeiro álbum. Nele, você explora todos os seus sentimentos, tanto os bons quanto os ruins, além das suas últimas vivências. Como foi para você esse processo criativo? Colocar isso nas canções e também “entender” mais sobre os seus sentimentos?
CLEO — Cara, foi um mix de sentimentos, mesmo. Porque revistar certos lugares às vezes dói. Mas é uma dor de cura, poder cantar sobre essas coisas, poder fazer música com essas dores, é uma coisa que me deixa muito feliz, muito animada, muito grata. Então, foi um processo longo, teve a pandemia no meio, e aí coisas mudaram também dentro de mim e aí eu tive que ajustar coisas que a gente, adicionar coisas que a gente não tinha, tirar outras coisas que tinham antes. Foi um processo longo, foi um processo delicioso. E feliz, eu diria, no final das contas.
PAPELPOP — Todos os seus processos são acompanhados de grandes produções visuais e é claro que no “Darkpop” não seria nada diferente. Pra você, qual foi a parte mais desafiadora de toda a criação? Tanto da estética, para os vídeos e sonoridades.
CLEO — Cara, o mais difícil no fim das contas, eu acho que, foi organizar pra lançar. Pra mim é o mais difícil. Eu fico muito tempo ouvindo as músicas sem estarem mixadas, sem estarem masterizadas. Quando elas estão mixadas e masterizadas, é um pulo pra lançar. Só que mudam certas coisas, então você tem que, se acostumar com aquele novo som, entender se você está rejeitando coisas só porque é um novo som, coisa que você já estava acostumada. E aí você fica “ai meu Deus será que eu estou apegada? Sera que não? O que eu devo decidir?”. Eu como libriana eu fico um pouco mexida com isso. Eu acho que essa organização pra lançar é o mais difícil pra mim.
PAPELPOP — Falando em sonoridades, o álbum navega por vários, né? Temos o pop, claro, mas também temos uma pegada mais rock n roll’ em canções como “Você Não Sabe Amar” e “Fuck”. Senti até uma pegadinha de Pitty (Admirável Chip Novo) no início da carreira. O que essa mistura de sonoridade e gêneros representa? E qual a ligação com a estética do álbum?
CLEO — Olha, eu sempre fui muito eclética no meu gosto musical. Então, eu gosto de misturar as estéticas e os sons. O rock ele é muito importante pra mim. Em todos os meus trabalhos ele está presente. Eu ouvi muito Garbage, System of Down, No Douts e Marilyn Manson. Infelizmente, assim, por toda questão que vem sendo trazida dele, abusiva e muito pesada. Eu gostaria que não fosse mas ele, de fato, é uma super inspiração pra mim, mas não deu me espelhar nele, mas da sonoridade e da estética. Isso eu consumi muito na minha adolescência e acho que fico muito gravado em mim. Mas ao mesmo eu amo, por exemplo, Marina Lima, Caetano Veloso, Maria Bethânia. Eu amo rock brasileiro tipo Raimundos e pra mim era glorioso. Também tem Planet Hamp. Mas eu amo hip-hop também. Eu amo rap. Eu amo música sertaneja, adoro. Adoro pagode dos anos 90, adoro samba, adoro funk. Eu gosto de misturar mesmo as coisas que eu gosto de ouvir, sabe? Não sei se tem um significado maior do que simplesmente isso. Eu poder produzir coisas que tenham a ver com as coisas que eu gosto.
PAPELPOP — O que é o “DARKPOP”? E qual foi a sua maior inspiração para criar ele?
CLEO — Eu mesma. A minha maior inspiração foi eu mesma. A minha vida, meus sentimentos, meus pensamentos. Foi o meu universo. Foi a minha maior inspiração. Pra mim, o Darkpop é aquele som escuro, denso, impactante mas que ao mesmo tempo pode ser sexy, pode ser dançante.
PAPELPOP — O álbum conta com 3 parcerias, com King, Chameleo e Johnny Hooker. Mas me diz, o porquê da escolha deles e como foi trabalhar com esses grandes artistas? (por sinal, ficaram incríveis). E também como foi trabalhar essa versatilidade com esses grandes artistas?
CLEO — São artistas muito diferentes. São artistas que eu já consumia, já gostava e já conhecia. A King é uma parceira de composição, ela compôs muita músicas que estão nesse álbum, junto comigo. E eu conhecia já o som dela, ela como performer e cantora, e eu adoro o som dela. Então eu achei que tinha muito a ver nessa música [Karma]. Ter ela fazendo esse flow dela, que é único. Eu sentia falta de um flow e pensei nela na hora. O Johnny, pra mim, ele tem essa coisa muito dramática, essa coisa que o “Seu Fim” tem, sabe? Quando a gente produziu e compôs “Seu Fim” eu queria essa coisa meio, eu queria um tom de Sydney Magal, eu queria esse tom de uma música mais moura, que tivesse uma tristeza dramática, essa melancolia do fado, sabe? Eu queria misturar essas coisas e eu acho que o Johnny representa muito bem esse lugar da música brasileira. De drama, de melancolia, mesmo que seja feliz, tem uma certa melancolia ali. Então pra mim ele foi perfeito pra “Seu Fim”. E o Chameleo é super rock n’ roll, né? Eu adoro ele. A gente é amigo, já se conhecia antes. Eu adoro o som dele, adoro as performances dele. Achei que ele podia muito contribuir com essa música [Você Não Sabe Amar].
PAPELPOP — O pop brasileiro ele vem sofrendo rápidas mudanças e crescendo cada vez mais. O Darkpop, inclusive, vem pra mesclar entre os novos lançamentos. Como você define o cenário atual e qual a principal diferença do “DARKPOP” entre eles?
CLEO — Cara, eu sinto que o pop tem enriquecido muito, culturalmente, o Brasil. Eu acho que a gente tem, como você mesmo disse, artistas que tem personalidades muito diferentes [Luísa Sonza, Juliette, Jão, Ludmilla]. Que trazem sonoridades, que trazem inovações nas sonoridades e ao mesmo tempo também trazem uma popularidade na sonoridade, o que eu acho muito legal. Eu realmente adoro pop, eu consumo pop, todos os tipos de pop. Eu acho que, desses artistas que você mencionou, talvez a minha sonoridade seja mais um pouco escura, um pouco mais dark. Mas também eu sempre fiz isso. Não é uma coisa nova pra mim. Desde “JUNGLE KID” eu escolho essas sonoridades mais darks, escuras e mais densas. O meu gosto vai muito pra esse lugar. Eu gosto muito. A música ela me transporta pra lugares e esse lugar, do dark, da sonoridade dark, é um lugar que eu me sinto muito a vontade.
PAPELPOP — Planos para turnê?
CLEO — Sim, temos planos. Assim que eu terminar de gravar os meus clipes eu quero começar a ensaiar o meu show. E aí começar abrir para as vendas e começar a rodar (Brasil).
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