“Para todas as Juliettes que há em mim.” É como Juliette descreve “Ciclone“, álbum lançado na noite desta quinta-feira (24).
Segura de si e pronta para se aventurar em novas sonoridades, a cantora busca conquistar o mercado pop nacional — assim como arrematou seu fiel séquito de cactos —, sem deixar as raízes da Paraíba de lado.
Com nove faixas, o primeiro álbum da artista reúne sons do pop, forró, piseiro, xote ao R&B. A ex-BBB detalha que as faixas mostram uma Juliette mais segura de si, livre para fazer escolhas, fora da zona de conforto e pronta para versar sobre suas experiências.
“Acho que foi libertador. Isso [a diversidade de sons] representa o que eu sou. Eu também sou raiz, eu amo forró, eu amo xote, eu amo frevo, tudo isso que me forma e faz parte de mim. É inerente, está em mim, está no meu sotaque, na minha vida. Mas eu também sou pop, eu também gosto de trap, eu também gosto de samba, de funk, eu gosto de tudo”, disse a cantora ao Papelpop, em coletiva de imprensa.
No primeiro EP homônimo, de 2021, a paraibana mostrou suas raízes de forma já conhecida, sem muito inovar. Na época, ela acabou não participando totalmente da produção do LP, ao contrário de “Ciclone”, que celebra sua pluralidade artística e cultural.
Apesar da variedade de ritmos, Juliette assegura que permanece dedicada as sonoridades brasileiras, mas contextualizando a importância de sair do nicho.
“Foi uma delícia poder fazer isso do meu jeito. Inúmeros artistas fizeram isso. Eu acho que isso é libertador, isso amplia a nossa potência como artista, eu acho que a gente pode enriquecer a música fazendo essa soma e criar uma identidade própria porque ninguém é igual ao outro”, declarou.
“As pessoas têm o hábito de rotular ou nichar, ou como se ‘o nordestino tem que cantar forró’ ou o ‘carioca tem que cantar funk ou samba. Hoje em dia, não existe nada mais no mundo puro. Tudo tem uma influência, tudo tem uma mistura. Então, pra mim, foi refletir exatamente o que eu sou. Essa mistura, sem perder a minha essência, somando todas as minhas vertentes, todas as minhas fases e tudo o que eu sou”, completou.
Juliette usa o álbum para versar ao mundo um pouco mais do momento libertário que vive — sem amarras e sem ligar para a opinião alheia.
“Acompanha muito a minha fase como mulher, de estar mais solta, mais dona de mim e sem precisar esconder nada. Veio com o meu desenvolvimento pessoal. O que eu falo nas músicas é totalmente o que eu vivo. Vocês vão poder perceber nas músicas essas mensagens e recados, que acompanha toda essa minha abertura para tudo isso”, disse.
Durante bate-papo com a imprensa, a artista falou sobre as críticas que recebeu, após o lançamento do clipe de “Quase Não Namoro”, com Marina Sena.
A famosa afirmou que respeita as bandeiras e causas LGBTQIAP+, mas o audiovisual não foi focado nesse sentido, até por ela e a cantora mineira serem mulheres heterossexuais.
“Sou muito cuidosa com isso, para que eu não me torne um ponto negativo, que eu não descredibilize as bandeiras e as causas. Mas nesse ponto específico, eu acho que foi muito natural, foi muito fluído e foi muito real. Eu e a Marina somos amigas, a gente tem esse comportamento de se abraçar, de se agarrar. Respeito a causa mas, acho que nesse caso específico, não se aplica e não foi a intenção. Muito pelo contrário, a intenção foi ser natural e respeitoso, como sempre fui em tudo o que eu fiz. Então, quando não se aplica, acho que não tem porque sofrer com isso.”
Assista ao videoclipe:
Ainda no tópico parcerias de “Ciclone”, o álbum quase contou com Gloria Groove na faixa “Tengo”. Juliette afirmou ter feito o convite, mas a negativa de Lady Leste veio com uma resposta sincera que a emocionou.
“Gloria disse: ‘É sua entrada no pop, você mistura elementos, de Luiz Gonzaga com trap, com funk. Essa música é pra você o que ‘A Queda’ [grande hit do álbum mais recente da drag queen] é pra mim. Acho, que você tem que entrar com ela. Você tem que cantar essa música você. Depois fazemos uma música que parece com ambas’. […] Achei tão lindo, generoso e muito sincero da parte dela.”
Juliette se une a Anitta, Jão e Luísa Sonza para os lançamentos do agitado e quente mês de agosto. Empolgada, a artista, então, celebrou o movimento do cenário brasileiro na música pop.
“Enriquece o cenário e é bom demais. É gratificante demais, pra música brasileira eu acho que é enriquecedor. E ao mesmo tempo cada um trazendo a sua identidade de uma forma muito diferente”, completou.
Com nove faixas e um pouco mais de 22 minutos, “Ciclone” traz a entrada de Juliette com um projeto autoral que mostra as raízes musicais da artista, com um pitada de ritmos novos.
O projeto tem participação de Marina Sena, João Gomes e Dilsinho. Ouça:
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