música

Músico João Donato, ícone da MPB, morre aos 88 anos no Rio

O músico João Donato faleceu na madrugada desta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro. Pianista, acordeonista, arranjador, cantor e compositor, ele tinha 88 anos e, de acordo com os jornais O Globo e Folha de S. Paulo, que tiveram contato com a família, morreu em decorrência de uma série de problemas de saúde.

Nascido no Acre, na cidade de Rio Branco, ele costumava brincar de música com flautas de bambu e panelas, até que recebeu de presente um acordeom de oito baixos. Nos anos 1940, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família, onde começou a tocar em festas colegiais e conheceu o grupo Namorados da Lua.

Outro lugar que marcou sua trajetória foi o Sinatra-Farney Fã Clube, no bairro da Tijuca. O espaço foi considerado uma espécie de escola para a geração que veio a criar a bossa nova – gênero do qual também se apropriou. Com João Gilberto, por exemplo, gravou “Minha Saudade” e “Mambinho”, no fim dos anos 1950.

Com mais de 70 anos de carreira, João Donato encontrou durante o tempo em que viveu nos Estados Unidos a possibilidade de incorporar a música afro-cubana ao jazz. Essa fusão e o interesse pela musicalidade brasileira o levou a gravar LPs como “A Bad Donato” (1970), bem como a cuidar de alguns dos arranjos mais icônicos de Gal Costa. É dele a direção do show “Cantar” (1974), registrado em disco pela musa da tropicália um ano após sua estreia.

A lista de colaboradores é extensa. Chico Buarque, Caetano Veloso, Cazuza, Arnaldo Antunes, Marcos Valle, Norman Gimbel, Emilio Santiago, Wanda Sá e Angela Ro Ro são alguns dos nomes.

A cantora Tulipa Ruiz, que também se tornou uma amiga, combinou com frequência sua voz potente à delicada forma de tocar concebida por Donato. Juntos, eles lançaram um compacto, em 2019, além de terem trabalhado na faixa “O Recado da Flor”. Esta encerra o disco “Habilidades Extraordinárias” (2022).

O álbum solo mais recente de Donato é “Seretonina”, lançado há exatamente um ano. O projeto anterior, “Síntese do Lance”, uma parceria com Jards Macalé, também recebeu uma significativa atenção da crítica e chegou a concorrer ao Latin Grammy na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.

Outros momentos do repertório também renderam indicações como “Donato Elétrico” (2016) e “Sambolero” (2011).

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