O dramaturgo Zé Celso Martínez morreu nesta quinta-feira (6), em São Paulo, conforme revelaram os jornais O Globo e Folha de S. Paulo. Seu estado de saúde era grave, de acordo com a médica Luciana Domschke, que o acompanhava há anos. Desde a manhã de terça, ele estava internado no Hospital das Clínicas (SP) após ter sido vítima de queimaduras provocadas por um acidente doméstico em seu apartamento, no bairro do Paraíso.
Testemunhas relatam que ele dormia em seu apartamento quando este começou a pegar fogo. A principal suspeita das investigações, coordenadas pelo 36º DP (Vila Mariana) da Polícia Civil é a de que tenha havido um curto-circuito no aquecedor.
Na hora do acidente, outras três pessoas estavam no local: seu marido, o diretor Marcelo Drummond, e os atores Victor Rosa e Ricardo Bittencourt. Nenhum deles chegou a sofrer queimaduras, mas precisaram ser levados ao hospital por terem inalado fumaça. Marcelo e Victor também testaram positivo para a Covid-19.
Um dos boletins médicos divulgados afirma que Zé Celso teve 60% do corpo queimado.
Fundador do Teatro Oficina, uma das mais brilhantes e longevas companhias de teatro brasileiras, o dramaturgo foi um nome canônino nas artes cênicas do Brasil. Fundado em 1958, o Oficina se destacou pelo que o próprio Zé Celso chamava de “pulsão dionisíaca”: uma contestação total e absoluta de normas e convenções sociais, além de uma intensa interação com o público.
Nascido em Araraquara, interior de São Paulo, Zé Celso Martínez veio de uma família de classe média e chegou a ser aprovado no curso de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Foi justamente no ambiente universitário que seu interesse pelo teatro teria início.
Nos últimos anos, ele vinha se dedicando na companhia de Beto Eiras à escrita de um livro chamado “A origem da tragicomédiaorgya no corpo da música: di-ti-sambo”. A ideia da obra era estudar a linguagem criada pelo Oficina ao longo das décadas. Em paralelo a isso, Zé Celso também encenou a peça “Fausto na Travessia Brasileira”, reinventando a obra do dramaturgo inglês Christopher Marlowe. Há cerca de um mês, ele oficializou a união com Marcelo Drummond, seu companheiro há 37 anos, em uma festa que reuniu amigos ilustres.
Em nota, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, lamentou a perda. “Mais do que artista, foi um árduo defensor da democracia: usou o teatro para exaltar a liberdade e afrontar os arbítrios da ditadura militar. Com a sua partida, a cultura brasileira perde parte grande de seu brilho e irreverência”, escreveu.
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