Gravado cinco dias antes da morte de Elza Soares, o disco “No Tempo da Intolerância” vai finalmente chegar às plataformas de streaming. O projeto aterrissa na próxima sexta-feira, dia 23, mas antes disso ganhou uma matéria extensa no “Fantástico” do último domingo.
Composto por dez faixas inéditas compostas por mulheres, o projeto partiu sobretudo de composições testemunhadas por um confidente silencioso da artista: seu diário, repleto de citações, ideias soltas e letras. Nesta última jornada, mulher, matriarca e artista dialogam entre si até mesmo nos momentos mais inesperados, carregados de poesia.
É o caso de “Pra Ver Se Melhora”, que surge a partir de uma lista de compras feita pela artista. O esquecimento e as violentas voltas que deu por cima, exercícios de inglês e “brigas com aquele talzinho que não me merece mais” também integram o caderno. Uma vez musicadas, as novas faixas vão ao encontro de gêneros explorados ao longo de 70 anos de carreira.
Veja abaixo um trecho da faixa “Feminelza”, que faz parte do projeto e foi escrita pela cantora Pitty:
Ao recursar a coroa de rainha do samba, Elza Soares abraçou diferentes gêneros musicais que só fizeram engrandecer sua obra. O rock, por exemplo, era uma figura constante em seus discos e apresentações. Talvez por isso Rita Lee viu que a composição “Rainha Africana” tinha que ser feita para ela.
“Elza, minha deusa! Aqui é Rita Lee, sua súdita. Meu santo baixou e escreveu uma letra pra louvar você, Roberto musicou. Beijos eternos”, disse a mãe do rock em um áudio exclusivo, enviado à amiga para entregar a composição.
Outro nome importante a participar da pré-produção e já conhecido de Elza é a baiana Pitty. Em “Feminelza”, ela destacou os muitos questionamentos feitos pela amiga, centrais na letra ao destacar seu poder de ensinar fazendo perguntas. “Quem você pensa que é pra dizer a alguém que pode parir onde ela deve ou não deve ir?/Quem você pensa que é pra dizer a alguém que sabe gerar o que ela pode ou não falar?“, diz um dos versos.
O álbum “No Tempo da Intolerância” também será um projeto audiovisual, que usou inteligência artificial na criação de clipes para todas as faixas. As produções retratam Elza em diferentes épocas, respeitando a célebre frase da artista que, aos 93 anos, dizia “não ter idade, e sim tempo”.
Para assistir à reportagem completa e ouvir trechos, clique aqui.
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