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Teresa Cristina exalta Maria Bethânia em show inédito: “Sangrar um repertório gigante”

Teresa Cristina, assim como nós, é fã de Maria Bethânia. A cantora, que ficou ainda mais conhecida durante o período severo do isolamento social causado pela Covid-19 por conta de suas lives cantando a capella, está prestes a reverenciar, mais uma vez, a Abelha Rainha. Agora, ela sai de trás de uma tela de celular para ganhar os palcos.

A carioca de 55 anos estreia, nesta semana, o show “Teresinha – As Canções que a Bethânia me Ensinou”. A reverência a Bethânia vem desde criança, mas, com a ajuda da amiga Adriana Calcanhotto, conseguiu formatar o espetáculo que homenageará em vida uma das maiores cantoras do Brasil.

Em bate-papo com o Papelpop por telefone, Teresa revelou detalhes de como construiu o show que, inicialmente, terá abertura em São Paulo e no Rio e contou que seu maior trunfo, tanto positivo quanto negativo, é ser fã de Bethânia.

“A maior dificuldade fazer esse show foi ser fã da Bethânia e a maior facilidade foi ser fã dela, também. Sangrar um repertório gigante, porque ela gravou muita coisa, e ver o que doía menos, para tirar do setlist, pois as que doem mais estão todas lá.”

Fora isso, a estrela refletiu sobre as regravações muito comuns no mundo da música e detalhou quais álbuns de Bethânia mais pegam no coração dela. Será que é o mesmo que o seu?

Leia íntegra abaixo!

(Foto: Nana Moraes/Divulgação)

Papelpop – Se a gente buscar o início de isso tudo, acho que podemos dizer que, antes mesmo da pandemia, Maria Bethânia te inspirava, né? Em que lugar?

Teresa Cristina – Bethânia me inspira desde criança, né? Sempre fui fascinada pelo arquétipo Bethânia. Uma mulher corajosa, que falava o que queria, aqueles olhos marcados com lápis preto e um gestual de deusa egípcia. Aquilo tudo é genial. E as canções, todas, são fortes e especiais.

PP – Você ficou conhecidíssima como rainha das lives durante o isolamento social e, em uma daquelas noites de medo e solidão, você dedicou o repertório a faixas de Maria Bethânia. Se lembra deste momento? Como se sentiu?

TC – Lembro do momento, sim. A primeira live que eu fiz para ela foi cantando “Mel” [álbum de Bethânia, lançado em 1979]. Depois, na mesma live, eu emendei no “Álibi” [álbum antecessor ao “Mel”, estreado um ano antes, 1979]. E assim foi indo.

PP – E olhando de lá até aqui, como transformou a interação com uma tela em um show completo?

TC – Esse show foi uma ideia da Adriana Calcanhotto. Enquanto ela viu a live, me mandou uma mensagem: ‘Teresinha, você tem que fazer um show cantando isso. Você gosta tanto dessas músicas. Essas músicas falam tanto com você. Faz um show’. A ideia foi dela. Fiquei receosa, não sabia como Bethânia ia encarar isso, e a própria Adriana me ajudou. Falou com Maria, explicou o que estava acontecendo e deu tudo certo.

PP – Tem se tido uma boa leva de cantores cantando e fazendo shows homenageando os medalhões: Adriana Calcanhotto com Gal Costa; Johnny Hooker com Marília Mendonça; Manu Gavassi com Rita Lee; Ana Cañas com Belchior, e agora você. Como é que você enxerga essa junção de talentos? Acha que nasce algo inédito ou é mais uma exaltação de grandes vozes?

TC – Acho que a música tem que ser divulgada e espalhada. E a gente não pode ter preconceito de onde vem essa fonte, né? Hoje, tenho certeza plena de que pouca importa de onde você está ouvindo aquela canção. Se você realmente gosta dela, você vai querer ir até o fundo. Todas as músicas que eu ouvi na voz de outros cantores — inclusive com Bethânia, Noel Rosa e Lupicínio Rodrigues  — a partir da interpretação dela, quis saber quem era a pessoa e fui atrás da compositora ou do compositor. Muita gente não conhecia “Dança da Solidão” [música de Paulinho da Viola] e só foi conhecer depois que a Marisa gravou. Muita gente não conhecia “Preciso Me Encontrar”, do Candeia, e a gravação da Marisa colocou essa canção em outro lugar. Então, a gente tem que ter muito cuidado, às vezes, quando falamos que ‘fulano gravou tal coisa e não precisava ter feito’. Precisava, sim. Toda gravação é necessária. A gente precisa colocar música no mundo. Esse é meu pensamento.

(Foto: Nana Moraes/Divulgação)

PP – Imagino que tenham muito desafios na construção de um show como esse, seja na escolha de repertório, no encontro de um timbre que seja bom para essas canções. Quais foram as maiores dificuldades e as maiores facilidades?

TC – A maior dificuldade fazer esse show foi ser fã da Bethânia e a maior facilidade foi ser fã dela, também. Sangrar um repertório gigante, porque ela gravou muita coisa, e ver o que doía menos, para tirar do setlist, pois as que doem mais estão todas lá.

PP – Serão 30 canções, né? Focou em alguma fase ou álbum da Abelha Rainha?

TC – O show tem um pouquinho mais de 30 músicas, acho eu. Não estou me ligando muito nestes números para não enlouquecer. Não foquei em nenhuma fase ou álbum específico. Talvez, ouso dizer, pela minha completa devoção ao “Mel” [álbum de 1979] tenha um pouquinho mais de canções dele, mas não contei, não.

PP – Ouvir Maria Bethânia é quase um sinônimo de se emocionar e, por vezes, chorar. Tá pronta pra ver todo mundo derramar lágrimas na plateia? Hahahah

TC – Essa coisa de ouvir Bethânia e se emocionar: eu me sinto pronta. Uma coisa que conversei muito e tive essa preocupação, quando conversei com Adriana [Calcanhotto], quando estava montando o repertório, o show está meio morde e assopra, sabe? É uma música para dançar e gritar; outra, para chorar. Eu intercalei, senão, ninguém ia aguentar.

***

“Teresinha – As Canções que a Bethânia me Ensinou” estreia nesta quinta-feira (20), no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, e depois chegará em São Paulo, no dia 19 de maio. A cantora pretende rodar o Brasil, mas o show ainda busca patrocinadores. Veja ingressos aqui (RJ) e aqui (SP).

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