Muita coisa mudou para Mateus Carrilho desde o single “Faz Fumaça”, lançado em fevereiro de 2022. “Percebi que eu não queria mais fazer só aquele hit momentâneo e realmente decidi para qual lado eu queria levar a minha carreira”, explicou o artista em entrevista ao Papelpop.
“Eu falei: ‘cara, eu quero fazer músicas que tenham um nível de profundidade maior, que contem melhor a minha história, que cravem mesmo o meu nome na música. Quero fazer músicas que eu vou querer cantar com a mesma garra e empenho daqui a dez, vinte anos’”, acrescentou.
Essa nova era do cantor e compositor goiano se concretizou nesta quarta-feira (29). O que marcou foi a estreia de “Menino”, faixa sobre aquele amor arrebatador que você demora para encontrar, mas, quando encontra, não quer deixar ir embora, mesmo que esteja destinado a durar apenas o verão.
“Eu lembrei muito dos amores que encontrei no Rio de Janeiro quando estava lá, curtindo. Acho que o Rio de Janeiro é uma cidade que transpira sexualidade, amor, desejo, Carnaval… e foi por isso que eu quis gravar o clipe lá”, recordou Carrilho.
A Cidade Maravilhosa realmente é o cenário perfeito para traduzir a canção em imagens, que, dirigidas por Marioo, são cheias de brasilidade e brincam com elementos estéticos vintages e modernos. Enquanto Mateus usa roupas de alfaiataria clássica, com cortes retos e cores neutras, o “menino” que ele se apaixona usa óculos Juliet e tem cabelo descolorido.
“Isso me representa demais. Eu escutei muito um disco de Jorge Ben Jor, ‘Samba Esquema Novo’. Minha ideia foi trazer essas pitadas da boemia antiga, mas contrastando com a atualidade. Minha ideia não foi voltar para o passado mas, sim, beber do passado para criar o novo”, contou.
A brasilidade é transmitida não só no registro audiovisual, mas na própria sonoridade de “Menino”. O single mistura o soft pop com um pouco de MPB e samba, refletindo a paixão do cantor pelo Brasil — transmitida desde o início de sua carreira.
“Se você for analisar, trabalho com estética, elementos e ritmos brasileiros desde a época da banda [Banda Uó]… só que agora eu exploro lugares que eu ainda não havia explorado, mas que também amo. Isso faz parte do meu novo momento e vem da maturidade que absorvi durante esses anos”, complementou.
Essa maturidade foi fruto, também, do estudo da música brasileira e seus compositores renomados, como Caetano Veloso, Cartola e o próprio Jorge Ben, e permitiu que Carrilho se encontrasse artisticamente. Agora, ele se sente “feliz”, “em paz” e “pronto” para entregar seu álbum de estreia.
“Acho que esse disco é um trabalho para a vida toda, do qual sempre vou me orgulhar. E quero seguir firme nesse lugar de fazer música pop com poesia e brasilidade de maneira contemporânea. Acho que é isso que me define hoje”, disse.
Não fosse esse processo de transformação e encontro artístico, o primeiro álbum da carreira solo de Mateus Carrilho teria chegado no primeiro semestre de 2022. Mas ele resolveu começar tudo de novo, sabendo, enfim, o que queria.
O projeto está quase finalizado agora, prestes a entrar em detalhes de divulgação. “Só não está pronto porque, do nada, o artista resolveu mudar uma música. Eu falei: ‘para tudo, acho que essa música tem que ser outra coisa’”, brincou o dono.
Mas ele já adiantou que preparou 11 faixas, incluindo “Menino”. Todas são inéditas, o que significa que “Faz Fumaça”, “Noite de Caça”, parceria com Gloria Groove e “Pancada”, com MC Dricka, ficam de fora da tracklist. “Eu disse [antes] que iam estar, mas não. Criei coragem e mudei tudo”, revelou.
Dessas onze faixas, o goiano escreveu dez: “Eu pude explorar muito o meu lado compositor e foi maravilhoso. Vi que meu rolê na música realmente é a coisa da criação. Eu amo ser intérprete, mas o que me deixa apaixonado é criar, compor, fazer arranjo”.
Essas inéditas trazem não só pop, MPB e samba, como a própria “Menino”, mas também axé e funk. São várias as referências, incluindo, por exemplo, Kevin O Chris. “Acho ele um super compositor. Tem uma faixa ali que se você fechar o olho, você consegue entender”, sinalizou Mateus.
Outro detalhe que ele adiantou é que o disco quase não tem feats: “Essa é uma coisa que sempre me perguntam e já quero deixar todo mundo decepcionado. Não imaginei feats porque foram músicas que eu estava escrevendo na minha onda, diferente das outras que escrevia e já queria chamar alguém”.
A única exceção é a faixa com pitadas de axé, que tem a colaboração de uma banda ainda não revelada. “É uma faixa muito gostosa, uma das minhas favoritas, e tem um pouco de tudo, de Cheiro de Amor, de Ivete Sangalo quando ainda estava na Banda Eva… quem foi criança nos anos de 1990, assim como eu, vai pegar as referências”, garantiu o artista.
Ouça “Menino”, faixa de Mateus Carrilho:
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