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Foto: Breno Galtier
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música

Entrevista — Jão promete novo álbum para 2023, enaltece Anitta e brinca sobre morrer em clipes

Um dos nomes masculinos de maior sucesso do pop nacional se juntou, enfim, com um dos principais destaques femininos do gênero: Jão e Anitta. Nesta segunda-feira (12), a dupla se uniu para lançar o videoclipe de “Pilantra”, a tão aguardada parceria entre os dois.

Responsável por colocar o cantor sob uma ótica ainda mais pop e contagiante, o single serve para cessar, pelo menos por um momento, a ansiedade dos fãs para o sucessor de seu álbum “Pirata“, que foi confirmado para 2023 ao Papelpop.

Foto: Breno Galtier

Foto: Breno Galtier

“Está fluindo muito! Tem muitas músicas em estágios muito iniciais, de gravar uma guia ou de escrever uma letra, mas já entramos no estágio de realmente colocar a mão na massa. Isso me anima!”, disse o cantor ao Papelpop, sobre seu novo projeto.

Ao expor em seu currículo uma das turnês nacionais mais rentáveis de 2022, com estimativa de arrecadação na casa dos R$ 30 milhões, o cantor pretende expandir ainda mais suas apresentações nos próximos anos: “vem uma coisa grandiosa!”

Jão durante o show gratuito em SP que fechou a turnê "Pirata". (Foto: Breno Galtier/Divulgação)

Jão durante o show gratuito em SP que fechou a turnê “Pirata”. (Foto: Breno Galtier/Divulgação)

Enquanto isso, aos risos, Jão promete não morrer mais em clipes. “A gente gosta muito da estética, acho que isso entrega uma emoção no clipe […] depois desse eu posso dar uma maneirada e continuar um pouco mais vivo”, brincou.

É que em um dos primeiros clipes da carreira, “Vou Morrer Sozinho”, ele mostra uma festa no pós-vida. Já em “CORINGA”, ele é morto por uma antiga parceira de crimes e, em “Não Te Amo”, o cantor é uma vítima do fim do mundo.

O final trágico recorrente em sua discografia, que já foi conhecida pela sofrência, se repete nos visuais com Anitta — dirigido por Pedro Tofani. Eles formam uma dupla que se odeiam, mas que se amam ao mesmo tempo. O resultado disso tudo é um crime passional digno de Hollywood.

Dá uma olhada:

Ainda que esta não seja a primeira vez que eles cantam juntos, esta é a primeira vez que uma música dos dois é lançada. No passado, eles compartilharam vocais em uma canção que nunca viu a luz do dia. “Nada que fosse tão certo quanto ‘Pilantra’, disse ele.

Abaixo, leia a entrevista na íntegra:

PAPELPOP — Jão, eu me lembro que quando você lançou “Vou Morrer Sozinho” e a Anitta vivia postando Stories ouvindo a música, sempre te elogiando bastante. Você lembra como conheceu ela? Como vocês foram se aproximando até chegar nesse feat?

Jão — Foi muito engraçada a primeira vez que eu conheci ela. Ela me mandou uma música há muito tempo atrás, que acabou não indo para frente na época, mas eu já fiquei muito feliz. Conheci ela nos bastidores do [MTV] Miaw, eu acho, em 2018. Ela me chamou no camarim, disse “traz ele lá que eu quero conhecer!” e ela estava apresentando, se trocando, fazendo alguma coisa…

Sei lá, eu acho que a gente tem uma sintonia, a gente é muito sincero e objetivo, sabe? Desde então a gente vem se conversando, trocando ideias, até que surgiu “Pilantra”, que foi a oportunidade perfeita da gente unir nossos dois mundos da melhor maneira possível. A gente ensaiou outras músicas durante esse tempo que a gente se conheceu, mas nada que fosse tão certo quanto “Pilantra”, eu acho.

PAPELPOP — E a gente sabe que assim como você, ela é muito criativa e dá seus pitacos em tudo. Eu queria saber como foi trabalhar com ela, tanto na música, quanto no clipe. Ela fez alguma alteração na letra, ela deu ideias pro clipe, mudou luz de lugar… esse tipo de coisa?

Jão — Cara, ela foi incrível. Ela super confiou no nosso trabalho e a gente também sempre foi muito profissional com ela. Sempre apresentei tudo para ela antes, sempre deixei muito claro: “olha, acho que vai para cá, acho que é mais legal a gente ir por aqui”. Quando ela recebeu tudo, ela foi muito parceira, ela disse: “adorei a ideia”. No dia, ela topou tudo, e era um dia até que ela não estava muito legal de disposição e, mesmo assim, eu falava: “Fica tranquila, se rolar alguma coisa, me conta! A gente não precisa seguir”. E ela: “Não, eu quero fazer! Quero fazer o giro [da coreografia], quero fazer a chuva do clipe, quero fazer tudo o que tiver para fazer.”

Ela foi superparceira, confiou no nosso trabalho e acho que tratamos ela da maneira que ela merece, de importância e também como uma amiga. A gente é muito profissional nesse sentido e acho que isso deixou ela muito confortável para ela se entregar. Eu queria mudar um negócio da música e mandei uma mensagem para ela antes de mandar para a mixagem. A única coisa que ela falou foi: “Não, eu gosto muito da coisa antiga. Não muda, não!”

PAPELPOP — E eu vi alguns fãs dizendo que a estética e a narrativa do clipe lembram muito o de “La Fama”, da Rosalía com The Weeknd. Isso serviu de inspiração pra vocês?

Jão — Não foi uma super inspiração. Acho que a gente bebeu da mesma fonte que eles beberam, que era uma coisa mais Tarantino, anos 1960… Eu sempre quis fazer um clipe que remontasse um pouco aqueles festivais de televisão dos anos 1960. Então, acho que bebemos da mesma fonte.

PAPELPOP — Eu estava reparando que você gosta muito de crimes nos seus clipes, né? Ou você é morto, ou acaba assaltando alguma coisa…

Jão — Sempre tem alguma coisa! [risos] A gente gosta muito da estética. Acho que isso entrega uma emoção no clipe. Gosto muito do sangue ali, não sei. Acho que é uma coisa muito visual num sentido de impacto também, mas é verdade! Acho que depois desse, posso dar uma maneirada e continuar um pouco mais vivo.

PAPELPOP — Agora você tem músicas com Ludmilla, Luisa Sonza, Anitta, Ivete Sangalo… com quem falta?

Jão — Marisa Monte! Vou focar minhas energias na Marisa Monte. Eu sou fã desde criança e nunca tinha tido a oportunidade de ir em um show. Ano passado, fui no que ela fez em São Paulo e fiquei estonteado. Foi melhor do que eu imaginava que seria.

PAPELPOP — Você tem se entregado a tantas sonoridades diferentes que ficamos ansiosos para o quem vem em seguida. No “Conversa com Bial”, você comentou que tinha uma música pronta, que você acabou apresentando no último show da turnê. Houve algum progresso desde então? O que você tem ouvido que te inspira?

Jão — Teve! Acho que a maior coisa que estou levando para esse disco, e é algo que exercito desde “Lobos”, é o fato de gostar do que estou fazendo e me preocupar muito mais com isso do que com todo o resto. Acho que quando gosto e não penso muito sobre aquilo, não fico matutando muito sobre o que é, o que vai ser, como tem que ser. É muito mais espontâneo.

Estou exercitando essa espontaneidade de ‘ah, quero fazer isso aqui e vou fazer’, colocar tal timbre, falar tal coisa, me expressar da maneira que eu quiser e levar isso para frente. “Pilantra” tem muito disso ainda. É uma música que a gente fez no estúdio, brincando, não era para mim. Escrevemos e eu falei “quero gravar, quero lançar e preciso de alguém para lançar comigo”. Meus álbuns sempre vão existir, minhas histórias sempre vão existir, sempre vou contar minhas coisas, mas também quero fazer isso de várias maneiras.

E tenho ouvido muita coisa, estava vendo agora o álbum da Miley Cyrus e estava gostando bastante, estou me adentrando nele. É muito bom, mas ele saiu ontem, então não posso falar que estou ouvindo para fazer o álbum [risos]. Tenho ouvido bastante The Strokes e o novo álbum do Gorillaz também está muito legal!

PAPELPOP — “Lobos”, “Anti-herói” e “Pirata” têm universos muito marcantes. Quando você pensa neste novo álbum, qual a imagem que te vem à cabeça? Algum tema em específico?

Jão — Se eu te disser, vou contar tudo sobre ele! [risos] Mas vem uma grandiosidade, me vem uma coisa grandiosa.

PAPELPOP — E no último ano você furou totalmente a bolha e expandiu o seu público, algo que você tinha muito desejo. E agora? Você tem sentido uma pressão maior, seja pela fama ou pelo nível de trabalho que vai apresentar?

Jão — Acho que a minha maior pressão é comigo mesmo, de continuar, de fazer e aumentar, sobre o que eu posso fazer para ser mais grandioso, que vai ser mais legal… Acho que essa pressão vou me colocar sempre, mas não tenho muito esse barulho de “aí, tenho que manter…”

A minha pressão interna é tão grande que não deixa a externa me afetar assim. Mas é engraçado você dizer isso porque eu gosto de estar nesse lugar das pessoas não entenderem muito bem e, às vezes, verem um show ficarem tipo: ‘nossa, gostei desse menino que eu falava mal’. Acho isso interessante e é legal surpreender as pessoas.

A turnê em si, que a gente terminou, foi muito essa experiência das pessoas me conhecerem por meio do show e era algo que eu fazia muita questão. É algo que eu faço muita questão na minha carreira. Eu coloquei o show como a primeira cara ali e vou continuar fazendo isso de maneiras maiores.

PAPELPOP — Você disse que iria entrar de férias depois da turnê, que iria descansar, mas já me disse que o álbum teve um progresso. Imagino que não esteja descansando tanto assim (risos). Será que esse ano o disco novo vem?

Jão — Vem! Com certeza vem esse ano! Eu não sei quando, porque eu posso falar uma data, aí não vai ser e eu vou ser xingado (risos). Mas o álbum está sendo muito fluido, sabe? A gente está fazendo e sempre fiz os álbuns de uma maneira meio metódica, com planilhas sobre como a gente vai fazer e como vai chegar até ali e, agora, estou só fazendo e está fluindo muito. Tem muitas músicas em estágios muito iniciais, de gravar uma guia ou de escrever uma letra, mas já entramos no estágio de realmente colocar a mão na massa. Isso me anima!

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O último álbum de Jão é “PIRATA”, de 2021, que conta com hits como “Meninos e Meninas” e “Idiota”.

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