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Shakira fala sobre divórcio pela primeira vez: “Há um lugar reservado no inferno para mulheres que não apoiam umas às outras”

Na primeira entrevista que concedeu após seu divórcio e o consequente impacto provocado pela “Music Session #53“, com Bizarrap, Shakira falou à TV mexicana nesta segunda-feira (28). A artista comentou entre outros aspectos o fato de ter letras muito pessoais e abordar, desde o início da carreira iniciada em 1991, temas de gênero.

Ao jornalista Enríque Acevedo, a cantora disse ver seu trabalho como uma espécie de porta-voz para outras pessoas que não têm o mesmo alcance ao se expressar.

“Eu acho que a arte tem uma função, inclusive de incomodar, mas sobretudo de representar particularidades. Acho que por trás das minhas músicas sempre senti que posso e tenho o dever de usar minha voz emprestando-a àqueles que não podem falar. Me dei conta de que as mulheres estão em um momento chave para a sociedade, o apoio que podemos receber umas das outras é muito relevante, é importante. Como dizia Madeleine Albright, secretária de estado norte-americana: ‘Há um lugar reservado no inferno para aquelas mulheres que não apoiam umas às outras’. Estou totalmente de acordo com ela”.

Uma das faixas mais tocadas no mundo ao longo dos últimos meses, a “Bzrp Music Session #53” disputa espaço com titãs da música pop norte-americana, entre elas Miley Cyrus e SZA. Fruto de uma sugestão do filho mais velho, Milan, a novidade levantou diferentes debates, entre eles o fato de que a cantora estaria expondo as crianças a um circo midiático ou mesmo traindo o movimento feminista ao atacar outra mulher, no caso a atual companheira de seu ex-marido. Ambos são citados na letra.

Em resposta, Shakira afirmou ver a si mesma no “olho do furacão” e admitiu uma mudança na forma com que idealizou os próprios sonhos. Ela também disse ter sido emocionalmente dependente de seus antigos companheiros – algo que mudou a partir de seu reencontro com a música.

“Acho que eu também comprava essa história de que uma mulher precisa de um homem para se sentir completa, ou de uma família. Também tive esse sonho [de ter], uma família em que os filhos pudessem contar com um pai e uma mãe sob o mesmo teto. Nem todos os sonhos na vida se cumprem, mas ela encontra formas de te compensar. Comigo ela o fez em abundância por meio desses dois meninos estupendos [os filhos Milan e Sasha], maravilhosos e que me enchem de amor a cada dia. Eu dei de cara com essa fábula que diz que a mulher precisa de um parceiro… sempre fui dependente, emocionalmente, dos homens. Confessar isso é… [risos]. Sempre fui apaixonada pelo amor, e essa história de alguma forma me levou a entender as coisas de outra perspectiva, sentir que sou autossuficiente. Uma mulher que tem que enfrentar os embates da vida sai fortalecida e quando sai fortalecida é porque aprendeu a conhecer suas próprias debilidades, a aceitar suas vulnerabilidades, a expressar o que se sente, a dor. Li que o contrário da depressão é a expressão. Sinto que sou suficiente, coisa que jamais pensei que poderia acontecer”.

Com uma longa lista de feitos, a cantora foi questionada ainda sobre sua visão do êxito – muito mais abrangente a partir da forma com que recebeu apoio dos fãs, em especial após tornar públicos os imbróglios aos quais vinha enfrentando na vida privada.

“Agora, paradoxalmente, me sinto completa. Sinto que dependo de mim mesma e tenho duas crianças que dependem de mim, então tenho que me manter mais firme do que uma leoa. Essa fortaleza, para que seja verdadeira e não uma fachada, tem que ser uma fortaleza que é resultado da experiência do luto, de sua aceitação, da tolerância à frustração. (…) Tem sido um momento de honestidade brutal tanto da minha parte, quanto do meu público comigo. Descobri verdadeiros amigos, descobri com quem podia ou não contar. E a amizade não é um fenômeno individual, entre duas pessoas. Ela pode envolver também centenas delas. Me senti apoiada de uma forma que jamais esperei. Foram eles que me ajudaram a me levantar, eu estive um bom tempo no chão. Me deram a força e o discernimento de dizer ‘Bem, estou pronta para o próximo round’. Que venha a vida e me diga quem mais tenho que enfrentar”.

A conversa completa, em espanhol, está disponível neste link.

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