Será ELA a primeira brasileira mesmo? É chegada a hora de saber! O Grammy 2023 celebra, neste domingo (5), os grandes destaques da música internacional. Esta promete ser uma cerimônia icônica, com a presença de superestrelas pertencentes aos mais variados gêneros e estilos.
Neste ano, o funk tenta conquistar mais uma alcunha de respeito ao colocar uma brasileira na disputa pelo prêmio: Anitta, a poderosa de Honório Gurgel.
Antes, no segundo semestre de 2022, ela já tinha concorrido ao Grammy Latino, mas, desta vez, na categoria Gravação do Ano pelo sucesso “Envolver”. À ocasião, a cantora chegou a se apresentar com o hit em questão no show principal. Vem lembrar:
A cantora é mais um orgulho nacional que sobe ao pódio das estrelas que, a despeito do olhar reducionista de uma parcela significativa da crítica no Hemisfério Norte, rompe as fronteiras geográficas e linguísticas.
A expectativa é grande visto que, desde 1974, nenhum brasileiro vence o troféu. Afinal, quem foi o último vencedor brasuca de um Grammy americano? Quais outras indicações ocorreram nos 64 anos anteriores da premiação?
Neste texto, o Papelpop busca reconstruir a história do Brasil na maior festa da música. Vem rever tudo com a gente!
A primeira indicação brasileira ao Grammy Awards aconteceu ainda na década de 1950 — no ano de 1959 para ser mais exato. A dupla Laurindo Almeida e Salli Terri disputaria uma categoria técnica, Melhor Engenharia de Álbum Clássico por “Duets With the Spanish Guitar”. À ocasião, eles levaram a melhor.
Laurindo receberia, ainda, outras indicações e venceria mais dois prêmios nos anos seguintes: Melhor Performance de Música de Câmara e Melhor Performance Instrumental de Solista sem Orquestra, ambos em 1961.
Ela andou para que “Girl From Rio” pudesse caminhar! Um dos maiores clássicos da canção popular brasileira, “The Girl From Ipanema” venceu um prêmio Grammy na categoria Gravação do Ano na voz de Astrud Gilberto, uma das mais charmosas intérpretes da nossa história.
Naquele mesmo ano de 1965, ela faria história ao lado de João Gilberto e Tom Jobim ao reunir um total de seis nomeações. A segunda vitória da noite iria para o disco “Getz/Gilberto”, sendo, até hoje, considerado um clássico absoluto e que, por coincidência, também traz interpretações de Astrud.
Tom Jobim, um mestre da canção popular, seria por sua vez o primeiro artista brasileiro a concorrer à mesma categoria que hoje Anitta disputa: Artista Revelação.
De 1963 a 1975, a música brasileira ficou levemente escanteada no Grammy. Ela voltaria a adquirir relevância pelas mãos de Eumir Deodato, que levou para casa o gramofone de Melhor Performance Pop Instrumental. À ocasião, ele concorria com uma interpretação de “Also Sprach Zarathustra”, poema sinfônico de Richard Strauss inspirado no tratado filosófico do pensador Friedrich Nietzsche.
Talvez você não conheça o trabalho de Deodato, mas, com certeza, já ouviu obras produzidas por ele. Entre os melhores exemplos, estão os discos “Post” (1995), “Telegram” (1996) e “Homogenic” (1997), da islandesa Björk, além de arranjar o disco “Travessia” (1967), de Milton Nascimento.
Os anos 1980 amargaram uma década de isolamento para a música brasileira. Ainda que nomes como Gal Costa, Caetano Veloso, Rita Lee, Milton Nascimento e Gilberto Gil circulassem com frequência e destaque por entre palcos internacionais, o Grammy ignorou a maioria esmagadora das estreias feitas neste período.
Foram apenas duas as indicações, e consequente vitória, conferida a um brasileiro neste período: em 1984, no Hall da Fama Internacional Hall da Fama Internacional, com a composição Bachianas Brasileiras nº 5. Quem representou o país foi a dupla Bidú Sayão e Heitor Villa-Lobos.
O rei Roberto Carlos também teve seu momento de glória. Ele conseguiu uma nomeação em 1985 na categoria Melhor Performance Mexicana-Americana, ainda que só tenha vencido o troféu quatro anos mais tarde pelo disco “Roberto Carlos”, eleito como a Melhor Performance de Pop Latino.
Nos anos 1990, uma mudança de ares. Com a introdução de categorias então voltadas para o que se conveio chamar de Música do Mundo, o Brasil voltou novamente para o hall dos destacados. Entre 1993 e 2000, nomes como Milton Nascimento (“Angelus” e “Nascimento”), Sérgio Mendes (“Brasileiro”) e Tom Jobim (“Antônio Brasileiro), além de Caetano Veloso (“Livro”) e Gilberto Gil (“Eletracústico”) venceram diversos prêmios. Abaixo, você confere a relação detalhada.
1993: Sérgio Mendes, “Brasileiro” @ MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA DO MUNDO
1995: Milton Nascimento, “Angelus” @ MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA DO MUNDO
1996: Tom Jobim, “Antônio Brasileiro” @ MELHOR ÁLBUM DE JAZZ LATINO
1998: Milton Nascimento, “Nascimento” @ MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA DO MUNDO
2000: Caetano Veloso, “Livro” @ MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA DO MUNDO
2002: Gilberto Gil, “Eletracústico” @ MELHOR ÁLBUM CONTEMPORÂNEO DE MÚSICA DO MUNDO
2002: Alex Klein, concerto de Strauss (1864-1949) @ MELHOR PERFORMANCE INSTRUMENTAL SOLO OU COM ORQUESTRA
Estávamos muitíssimo bem representadxs, mas… Talvez fosse hora de pensar também que somente homens e veteranos conseguiam chegar a esse espaço de prestígio. A cantora Céu, por exemplo, trouxe uma nova cara às indicações e foi a primeira mulher desde Astrud Gilberto, na década de 1960, a emplacar um disco na briga pelo gramofone.
O feito aconteceu o álbum “Céu”, seu trabalho de estreia lançado em 2005. Depois dela, foi a vez de a pianista brasileira Eliane Dias levar a melhor com “Made in Brazil” (2016) e “Dance in Time” (2017), na categoria de Melhor Álbum de Jazz Latino.
Uma outra figura bastante conhecida do público brasileiro a figurar nos anais da premiação é Thalma de Freiras. Com o LP “Sorte!”, gravado na companhia de Chico Pinheiro e Duduka de Fonseca, a atriz e cantora brasileira recebeu no triste ano de 2020 uma indicação ao prêmio de Melhor Álbum de Jazz — infelizmente, não vitoriosa.
Na mesma edição, Diego Figueiredo e Cyrille Aimée, outros dois brasileiros, foram indicados a Melhor Arranjo Instrumental Com Acompanhamento de Voz com a canção “Marry Me a Little”.
Talento vem de berço? Neste caso, sequer há questionamento. A indicação mais recente de um artista brasileiro no Grammy Awards aconteceu em 2021 com o disco “Agora”, da musa Bebel Gilberto. Filha dos cantores João Gilberto e Miúcha, a artista concorreu à categoria de Melhor Álbum Global. Na mesma edição, Chico Pinheiro lutou pelo prêmio de Melhor Álbum de Jazz Latino com “City of Dreams”.
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O Grammy 2023 tem transmissão neste ano pela TNT Brasil, a partir das 22h. Você acompanha aqui no Papelpop, bem como em todas as nossas redes sociais, a cobertura completa.
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