A jornalista Luanda Vieira questionou a cantora Daniela Mercury nesta segunda-feira (20), durante o “Roda Viva“, sobre sua percepção a respeito do racismo estrutural sofrido pela colega e atual ministra da Cultura, Margareth Menezes. Ela lembrou que, historicamente, as oportunidades de Maga não foram as mesmas de outras artistas contemporâneas, símbolo da cultura popular como Ivete Sangalo e a própria Mercury.
“Essa é uma questão gravíssima, o racismo estrutural sempre foi muito percebido por mim. Tanto que virou um dos temas principais do meu trabalho. Vivo numa cidade em que o racismo é muito evidente, desde criança”, disse.
“Primeiro, que Margareth é uma potência, uma mulher extraordinária. Eu nunca achei que Margareth tivesse dificuldade de conseguir nada, não. Eu acho que quando a gente faz escolhas, e eu também fiz muitas que são mais conceituais, que a gente não trabalha a carreira por dinheiro, que não faz entretenimento, faz arte e cultura, um trabalho mais profundo, a gente vai ter mais dificuldade pra tudo. Ela sempre foi questionadora”.
A artista, que não economizou elogios, também relembrou lutas divididas por ambas e, mesmo sem ter uma resposta formulada a respeito, afirmou que figuras que se colocam diante de questões socioculturais “incomodam o tempo inteiro”.
“Eu não quero dizer que a minha colega que eu amo tanto, que é tão maravilhosa como artista, uma mulher que tudo faz com amor gigantesco, tem compromisso com o País, tenho clareza de como o racismo estrutural, como o machismo e a xenofobia atralha muito todas nós. Ela sofre muito com o racismo estrutural, agora não sei explicar exatamente como isso impactou diretamente. Sei que a gente vai levando, empurrando, vai lutando. Ela teve que lutar muito mais, uma mulher negra tem que fazer o quádruplo do esforço”.
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