Melhores de 2022

É O COELHÃO: Bad Bunny triunfa em 2022 e comprova força da música latina pelo mundo

Você certamente ouviu o nome Bad Bunny este ano. O cantor e compositor porto-riquenho de 28 anos, batizado Benito Antonio Martinez Ocasio, esteve nas manchetes, no topo das paradas musicais e no centro dos grandes palcos do mundo ao longo de 2022 como o fenômeno incomparável que se tornou. Cada passo seu resultou em conquistas históricas — não só para ele individualmente, mas para toda a música latina. Hablou mesmo, né, papi?

Esse ano de glória se deve ao álbum “Un Verano Sin Ti”, que, ao ser lançado em maio, deu continuidade à discografia de sucesso do coelhão após “El Último Tour Del Mundo” (2020), “Las Que No Iban a Salir” (2020) e “YHLQMDLG” (2020). Foi com esse projeto que, em 2022, pelo terceiro ano consecutivo, ele virou o artista mais ouvido no Spotify ao redor do mundo.

O conjunto de todas as suas faixas gerou mais de 18 bilhões de streams na plataforma de áudio, com “Un Verano Sin Ti” se consagrando como o disco mais reproduzido do ano. O impacto foi o mesmo no Apple Music, onde o álbum também foi o mais ouvido de 2022 e Bad Bunny foi coroado como Artista do Ano em reconhecimento à sua carreira e influência na cultura mundial.

A dominação foi diretamente das plataformas às paradas, com “Un Verano Sin Ti” igualando o recorde de “Views” (2016), disco de Drake, ao passar nada menos que 13 semanas no topo da Billboard 200. Além disso, virou o segundo álbum totalmente cantado em espanhol a alcançar o #1 no chart norte-americano. “El Ultimo Tour del Mundo”, também dele, foi o primeiro.

O sucesso estrondoso de “Un Verano Sin Ti” ainda se refletiu na estrada. Benito se apresentou em estádios de Porto Rico, Chile, Argentina, Colômbia, Paraguai, Equador, Peru, Costa Rica, Panamá, El Salvador, Honduras, Guatemala, República Dominicana, México e Estados Unidos em 2022, botando multidões para, em quase três horas de show, cantar mais de 40 de suas músicas.

Não à toa, sua “World’s Hottest Tour” se tornou a turnê mais lucrativa do ano. De acordo com a Boxscore, ele arrecadou mais de US$ 373,5 milhões (R$ 1,98 bilhão, na atual cotação do dólar) em vendas de ingressos, sendo que 20 shows latino-americanos ainda precisam ser contabilizados. Apenas nos Estados Unidos, teve uma média bruta recordista de US$ 11,1 milhões (R$ 59,09 milhões, na atual cotação do dólar) por show.

Mas se você acha que esses números não falam por si só, basta dar uma olhada no que dizem os críticos especializados em música. A tradicional revista TIME elegeu “Un Verano Sin Ti” como Álbum do Ano não só por abordar os “corações partidos”, mas por também “homenagear Porto Rico e a diáspora caribenha”.

De acordo com o veículo, por meio de reggaeton, dembow, cumbia, techno e mais gêneros musicais, “Benito traz questões profundamente pessoais, explorando as experiências universais do amor, da perda e do prazer supremo de estar vivo, para um projeto excepcional, intergeracional e inovador que desafia o gênero”. Um dos maiorais de sua geração, em resumo.

O disco figurou em outras listas de melhores do ano, como esperado. A revista Rolling Stone deixou-o atrás apenas de “Renaissance”, de Beyoncé, e declarou que “músicas como ‘Titi Me Preguntó’ definiram 2022”. Já o Pitchfork, por sua vez, colocou-o em quinto lugar, descrevendo-o como “uma carta de amor que possui o humor, a confiança e os comentários sociais afiados dos Boricuas”.

A Academia de Gravação também reconheceu o talento e a força de Bad Bunny, indicando não só “Un Verano Sin Ti” a Álbum do Ano e Melhor Álbum de Música Urbana no Grammy 2023, mas também a faixa “Moscow Mule” a Melhor Performance Pop Solo. Esta foi a primeira vez que um disco inteiramente em espanhol entrou na disputa pelo AOTY.

Se tudo der certo no ano que vem, o coelhão expande uma prateleira que já tem os gramofones de Melhor Álbum de Música Urbana, que recebeu em 2022 por “El Último Tour Del Mundo”, e de Melhor Álbum de Pop Latino ou Música Urbana, que veio em 2021 por “YHLQMDLG”. Ele ainda tem vários Latin Grammys em casa.

Só este ano, o artista venceu as estatuetas de Melhor Fusão/Performance Urbana e Melhor Música Urbana por “Tití Me Preguntó”, Melhor Performance de Reggaeton por “Lo Siento BB:/”, parceria com Tainy e Julieta Venegas, Melhor Música de Rap/Hip Hop por “De Museo” e Melhor Álbum de Música Urbana por “Un Verano Sin Ti” na honraria latina.

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Essas e tantas outras vitórias são um reflexo da competência do porto-riquenho e da potência do canto em espanhol. A música latina e hispânica, vista há muito tempo como campo de nicho, vem ocupando cada vez mais espaços no mercado fonográfico mundial graças a artistas como ele, que aperfeiçoa sua sonoridade ano após ano e não esquece de exaltar suas raízes.

Foi um ano proveitoso, em que Bad Bunny conseguiu impulsionar a si mesmo e toda a cena a nível global, e a certeza que fica é que, em breve, não restarão países alheios a seu sucesso, como o Brasil é hoje. Em uma nação tão grande, em que a arte em português é incomparavelmente predominante, ele derruba barreiras pouco a pouco.

É difícil apontar o porquê disso, mas vale lembrar que, historicamente, os cantantes em espanhol costumam chegar aos brasileiros por meio das novelas, como aconteceu com Julio Iglesias, Gloria Estefan e Thalía; das turnês, como fez Shakira; ou das parcerias, como se destacaram Maluma, J Balvin e Camilo.

Rosalía, atualmente, talvez seja uma exceção. A popstar catalã, com quem Benito colaborou na faixa “La Noche de Anoche”, rapidamente conquistou o público jovem do Brasil, que está mais atento às tendências de diferentes culturas por meio da internet.

A MOTOMAMI virou um exemplo de como a nova geração pode ser atingida, com trabalho de imagem somado à produção sonora de excelência, mostrando um caminho que também pode ser seguido pelo coelhão.

O panorama de Bad Bunny no país deve mudar logo logo. De acordo com Leo Dias, colunista do portal Metrópoles, ele está negociando um show no terceiro trimestre de 2023, entre os meses de agosto e setembro, na cidade de São Paulo.

É a chance do Brasil ver com os próprios olhos esse fenômeno essencialmente latino-americano que ganhou o mundo e finalmente permitir entregar-se a ele.

E aí, queremos o coelhão por aqui, né? Só vem, bebê!

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