É difícil não pensar no futuro. Seres humanos são condicionados a planejar seus próximos passos ou imaginar o que as vindouras gerações vão encontrar quando estiverem por aqui. Deixar a imaginação correr solta, em direção às tantas possibilidades da vida na Terra, pode ser reconfortante e, ao mesmo tempo, angustiante.
As indústrias cinematográfica, televisiva e literária têm servido como janelas para as perguntas ainda não respondidas. São muitas as produções que se debruçam sobre o mistério que é o futuro e, utilizando toda a liberdade criativa vinda da ficção, ousam criar o seu próprio. “Periféricos”, do Amazon Prime Video, é mais uma delas.
A série, cujos primeiros episódios chegaram ao streaming nesta sexta-feira (21), adapta o livro homônimo do norte-americano William Gibson. Nela, o ano é 2032 e muitos moradores de uma cidadezinha dos Montes Apalaches encontram nos videogames não só uma chance de fugir da rotina, mas também uma fonte de renda.
Entre eles estão Flynne (Chloë Grace Moretz) e Burton Fisher (Jack Reynor). Os dois irmãos não têm uma vida fácil: a menina teve que enfrentar a morte do pai enquanto o menino servia ao exército e agora ambos lidam com a mãe (Melinda Page Hamilton) que, doente, depende dos filhos e de remédios caros.
Quando são chamados para testar um headset ultra-tecnológico, por uma quantia de milhares de dólares que certamente facilitaria o dia a dia de sua família, eles não conseguem dizer não. É Flynne quem se aventura na realidade virtual, assumindo um avatar e seguindo ordens pelas ruas de Londres.
A diferença entre este e outros jogos é que, na verdade, não é um jogo. A jovem é transportada para a Inglaterra de 2099 toda vez que utiliza o headset, encarando uma realidade totalmente nova, com tecnologias avançadas e perigosas, pessoas gananciosas, medicamentos milagrosos e assassinatos.
Flynne e os espectadores de “Periféricos” são sugados para um futuro em que os homens ainda convivem com o racismo, o machismo, a violência e a desigualdade social, mas andam por aí com mecanismos tecnológicos nas pontas dos dedos. A população está em menor número em 2099 do que em 2032, mas com suas fontes de poder à disposição.
Essa visão de mundo futurista é pura ficção científica, mas não mentirosa. “Periféricos” olha para o futuro e lembra a todos que a tecnologia pode ser revolucionária nas mãos certas, sim, mas perigosa nas mãos erradas, com uma narrativa dramática e eletrizante em sua primeira temporada.
*A Amazon Prime Video disponibilizou seis episódios da primeira temporada de “Periféricos” para a repórter redigir o texto acima.
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