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Shakira diz que ainda trabalha em álbum inédito: “Este momento é mais escuro de minha vida. A música trouxe vida”

Capa digital da revista ELLE US neste mês de outubro, Shakira deu uma das entrevistas mais francas dos últimos tempos, permitindo-se falar sobre diversos temas. Na pauta, carreira, criação dos filhos e tópicos mais espinhosos, como o fim de seu casamento com o jogador Gerard Piqué e os problemas que tem tido com o Ministério Público espanhol.

Bastante reflexiva, a artista afirmou que a criação de um novo álbum, o primeiro em quase seis anos, ainda segue a todo vapor. A estreia do material, no entanto, deve demorar um pouco mais do que o esperado, visto que sua presença em estúdio ganhou novo sentido.

Com as emoções à flor da pele, a estrela disse que as horas de criação passaram a servir como uma espécie de “terapia”.

“Eu tenho um álbum pronto que me deixa muito animada. Algumas músicas vão sair em breve, algumas delas são colaborações. Algumas são em inglês e outras em espanhol, de gêneros diferentes. Mas estou muito, muito empolgada não apenas com o trabalho que tenho agora para compartilhar com as pessoas que estão esperando, mas também com o quão gratificante todo o processo tem sido para mim. Quão terapêutico também. Achei que tinha encerrado meu trabalho em estúdio, mas toda vez que entro ali para fazer, tipo, uma alteração na letra ou algo como mixar uma música que está quase pronta para ser lançada, acabo com uma nova canção porque me sinto criativa e sinto que é um saída incrível para eu dar sentido às coisas”.

Um novo single com Ozuna, intitulado “Monotonía”, deve sair em breve. Com a temática romântica em alta nas canções que vem liberando, ela também confirmou, sem se estender, que a letra de “Te Felicito”, single indicado ao Latin Grammy na categoria Gravação do Ano, foi um reflexo do que viveu.

Um dos versos diz: “Não me diga que você sente/isso me parece sincero, mas eu sei que você mente/Te dou os parabéns pela forma com que você atua“.

“O que eu posso dizer apenas é que, consciente ou inconscientemente, tudo o que sinto, tudo o que passo está refletido nas letras e nos clipes que faço. Quando a carapuça serve, ela serve. Eu disse, a música é meu canal de comunicação”.

Dizendo que “o trabalho dignifica o homem”, a colombiana foi questionada ainda sobre a forma com que lida com os próprios processos internos, posteriormente impressos em sua criação artística. Essa mesma característica a consagrou como uma das grandes letristas da geração. Em 2022, por exemplo, Shakira foi homenageada com um troféu especial Ivor Award, concedido a compositores de excelência.

“Acho que todo mundo tem seus próprios mecanismos para processar o luto, o estresse ou a ansiedade. Todos nós passamos por coisas na vida. Mas no meu caso, acho que compor é como ir ao psiquiatra, só que mais barato [risos]. Isso só me ajuda a processar minhas emoções e dar sentido a elas. E isso me ajuda a me curar. Acho que é o melhor remédio, e junto com o amor da minha família e dos meus filhos que me sustenta, a música e a composição são definitivamente essas ferramentas – uma das poucas ferramentas que tenho para sobreviver em condições extremas. É como um desses blocos de madeira flutuante para um homem que está se afogando no mar, aquele pedaço de madeira que você segura quando sente que está se afundando. Eu acho que a música é um bote salva-vidas. Houve dias em que tive que recolher pedaços meus no chão e a única maneira de fazer isso, de realmente fazer isso, foi através da música. Você sabe, tive que me recompor e me ver no espelho e lembrar que sou mãe, meus filhos dependem de mim”.

A demora em liberar um sucessor do disco “El Dorado” foi justificada pelo fato de que no momento há “muitas coisas a dizer”.

“Naqueles dias [referindo-se ao momento em que decidiu dar fim à relação] em que senti que minha força estava escapando de mim mesma, como se eu não tivesse pernas, naqueles dias eu escrevi músicas e me senti revitalizada e revigorada depois de uma sessão de composição. Foi como uma injeção de vitaminas [risos]. Às vezes, eu temia tanto ter que voltar ao meu trabalho no passado porque só queria estar lá com os meus filhos. Eu só queria abraçá-los na cama um pouco mais, mas tinha que me levantar e sair pra gravar clipes e cumprir obrigações. Mas agora sou muito grata por fazer o que faço, pela possibilidade que a música nos dá de se recompor e perceber quem somos e por que estamos aqui neste planeta – qual é o nosso propósito, nossa missão. Acho que você pode encontrar esse poder reconstrutivo em qualquer tipo de trabalho”.

A entrevista completa pode ser lida, em inglês, neste link.

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