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Entrevista – Shygirl fala sobre vinda ao Brasil e como usa a música para se expressar: “Você pode ser frágil e, também, poderosa”

Tem um nome que você precisa ficar de olho se você vai ao Primavera Sound São Paulo. Shygirl se apresenta no primeiro dia de festival, 5 de novembro, junto de outros nomes, como Björk, Arctic Monkeys, Gal Costa, Mitski e muito mais.

Acredite em nós: você vai querer ver o show dela! Com músicas perfeitas para se jogar muito, visuais incríveis e uma presença como você nunca viu igual, a britânica é uma artista que começou a crescer com o EP “Alias” (2021) e só vem chamando mais a atenção de todos.

Se você escuta o “Dawn of Chromatica”, álbum de remixes do projeto mais recente de Lady Gaga, vai achar esse nome familiar. Ela assina a nova versão de “Sour Candy”, ao lado de Mura Masa. Shygirl já trabalhou, também, com Arca, FKA Twigs, Sega Bodega e está chegando com o primeiro álbum de estúdio.

“Nymph” será lançado no dia 30 de setembro e já lançou as faixas “Firefly”, “Come For Me” e “Coochie (A Bedtime Story)”.

Em entrevista ao Papelpop, a artista contou como está animada para visitar o Brasil, pela primeira vez, e como sente que o país terá uma sinergia com o propósito dela para fazer música. Além disso, ela fala sobre como encontrou na arte de fazer música uma forma de se expressar e criar um universo que faz com que ela finalmente se aceitasse.

No fim, ela ainda diz que já encontrou com Pabllo Vittar e está ansiosa para vê-la aqui! Leia a nossa entrevista enquanto curte algumas sugestões de músicas para conhecê-la.

Papelpop – Estou muito animado para essa entrevista porque acho que é a primeira vez que você fala com o Brasil, certo?

Shygirl – Sim, é muito engraçado porque eu sinto que estou com o Brasil e sempre recebo mensagens do tipo: ‘Venha para o Brasil’. O Brasil sempre esteve na minha mente. Mas é engraçado que ainda não falei com vocês diretamente.

Papelpop – Quais as suas expectativas sobre estar vindo para cá?

Shygirl – Sinto que, para mim, o Brasil tem a energia perfeita e tenho muitos amigos aqui que já estiveram antes e que me disseram que preciso ir. Tenho planejado ir por muito tempo. Então, parece que a viagem chegou na hora certa. Comparando com a minha música, tenho essa expectativa de que, quando eu for ao Brasil, seria como uma peça que faltava. Parece que o espírito que a cultura brasileira tem é quase como uma busca implacável de liberdade, sabe? E de ser feliz ao satisfazer seus desejos. É o que estou sempre fazendo na minha música.

Papelpop – Você acha que vai ter tempo de visitar mais lugares ou conhecer a música daqui? Sei que você gosta de uma boa festa!

Shygirl – Eu espero que sim! Quero ter uma ideia do que está realmente acontecendo em São Paulo e outras coisas, quero tentar explorar um pouco. Precisa ser a primeira de muitas viagens. Eu preciso voltar muitas vezes, acho.

Papelpop – Fiquei muito surpreso em ver seu nome no lineup do Primavera Sound São Paulo! Você esperava vir para a América do Sul tão cedo?

Shygirl – Não! Eu estava realmente tentando. Eu disse a todos que queria ir porque sinto que é muito importante ir onde a música está. Sempre tive um grande apoio de fãs no Brasil. Realmente quero estar aí e ser real, em vez de apenas ser como uma onde sonora o tempo todo. Tipo, eu quero experimentar as pessoas. E é isso o que eu sempre quis fazer com minha música: me conectar com as pessoas e com a realidade.

Papelpop – Vi que você está fazendo shows grandes só agora, depois do isolamento. Como está se sentindo sobre isso? Deve ser uma mudança enorme!

Shygirl – Realmente tem sido interessante porque estou crescendo como artista em tempo real com meu público. E nunca havia experimentado shows dessa forma antes deste ano e sinto que estou fazendo isso de forma intensa porque em junho eu estava fazendo três shows por semana e tem sido muito bom. Tem sido bom poder conhecer todo mundo e estar na frente de uma plateia. É o que significa ser uma artista de verdade, estar na estrada. E acho que é sempre isso que eu quero, poder escrever mais também, poder injetar novas energias. Eu preciso estar lá fora, viver um pouco. Então é definitivamente melhor do que estar em confinamento.

Papelpop – Imagino que você está se descobrindo de novo agora como uma performer ao vivo, certo?

Shygirl – Quando eu comecei a fazer música, não foi a performance que me atraiu para fazer música e eu sou uma compositora acima de tudo. Estou apenas tentando entender como me envolvo com o mundo. Essa missão veio para mim através da música, mas tem sido realmente fascinante e libertador me encontrar curtindo o palco e curtindo a vulnerabilidade que o palco tem a oferecer. Porque você se sente vulnerável. Você está bem ali na frente de um grande público e se eles não gostam do que você tem para oferecer, você experimenta isso naquele momento. E há algo tão emocionante em ser corajosa e estar de frente com as coisas que eu fiz, com quem eu sou e o que eu gosto, como eu pareço, como eu me sinto. Quando estou no palco, eu tenho que ser feliz com quem eu sou. E tem sido tão libertador ser aceita. E eu nunca soube que precisava dessa afirmação. Não achava que precisava. Mas é nessas horas que você tem que se afirmar para chegar ao palco de qualquer maneira. Me sinto genuinamente apoiada por pessoas que ouviram minha música e acho que é tão precioso se sentir tão conectada com tantas pessoas.

Papelpop – Adoro quando você fala sobre a sua forma de se expressar e da sua arte porque, pra mim, você ocupa um espaço muito original e autêntico. Acho que isso acontece porque você está sob controle nas composições, nos visuais, na sua produção… O que fez você conseguir chegar nesse lugar?

Shygirl – Sempre fui alguém que seguiu os meus interesses. Se eu sinto que algo é interessante, eu tento e vejo como me sinto até que não me interesse mais. Então, eu acho que ter isso dentro de mim meio que me levou a este ponto. Eu não tinha o desejo de ter uma carreira na música, mas eu sabia que queria satisfazer partes da minha alma. Com a música, comecei a ser capaz de comunicar minhas emoções, o que eu sinto, como eu me envolvo com o mundo e com as pessoas. Tipo, eu consigo fazer isso visualmente, eu consigo fazer isso sonoramente, eu consigo ser física com as pessoas. Posso estar aqui falando sobre algumas das coisas com as quais eu realmente lutei emocionalmente e simplificar em uma canção. Há algo tão satisfatório em passar por uma turbulência e ser capaz de mudar a forma dela. Você sente quase como se tivesse poderes sendo capaz de manipular o mundo ao seu redor em um espaço em que se sente confortável porque não é sempre que você é capaz de fazer isso. O mundo é sua própria besta e nós apenas temos que descobrir como viver dentro dele. Mas, ao criar e ser capaz de me expressar artisticamente, eu consegui encontrar um espaço que eu possa manipular e construir o ambiente que eu preciso para ter uma vida feliz. Nunca me senti tão contente como me sinto agora e provavelmente estou trabalhando muito mais do que antes na vida. Se eu falasse comigo mesma dez anos atrás e dissesse que iria trabalhar tanto, eu não acreditaria porque eu amo aproveitar a vida além de tudo. Mas tem sido tão emocionante estar fisicamente exausta e ao mesmo tempo olhar para tudo que estou fazendo e ver como está vindo de um lugar genuíno.

Papelpop – Quando você fala assim, eu fico ainda mais curioso para saber sobre seu próximo álbum, “Nymph”, porque ele é bem diferente do seu projeto anterior, o EP “Alias”. O que “Nymph” representa no seu momento atual de vida?

Shygirl – Eu acho que queria ser mais vulnerável e me esforçar para ser mais real, eu acho. A cada estágio você percebe coisas diferentes e aprende coisas diferentes. E quando eu comecei a lançar música, eu simplesmente não tinha consciência de como o público me afetaria, sabe? E como afetaria o meu processo de criação. Ao apresentar essa versão forte e confiante de mim mesma, que é verdadeira, eu deixei de contar uma parte da história que fez eu chegar a este lugar. Eu precisei ser vulnerável e sensível para poder chegar a esse lugar confiante, sabe? Então, tirei um momento para dar mais espaço a essa parte da minha história e para mostrar que há força em ser vulnerável e sensível e que você não é mais fraca por isso. Eu precisava abrir espaço para isso. Quero que as pessoas me tratem como humana e se eu apresentasse apenas um lado de mim, isso não seria possível. As pessoas precisam conhecer as outras facetas. Acho que é assim que me sinto com este álbum. Não sinto que nenhum trabalho está totalmente terminado até que você o compartilhe e mal posso esperar até o final de setembro, quando todos realmente ouvirem tudo.

Papelpop – Você pode contar mais sobre as outras faixas do álbum?

Shygirl – Acabei de gravar o clipe do último single que será lançado quando o álbum for lançado, que é “Shlut”. Se houvesse uma faixa que poderia ser a faixa-título do álbum, é “Shlut”. Essa faixa, para mim, é realmente a espinha dorsal do álbum, o tipo de contexto de quem eu sou e de como eu meio que flexiono sonoramente. Eu precisava explorar isso também nos visuais, eu realmente me superei no sentido do que fui capaz de criar. Trabalhei com Diana Kunst [diretora que já trabalhou com Madonna, FKA Twigs e Rosalía] que conheci em Ibiza com a Arca, e sentimos uma conexão real uma com a outra. E eu estava realmente ansiosa para trabalhar com outra mulher para apresentar minha autonomia sobre minha sensualidade, porque “Nymph” meio que fica entre o lado brincalhão, sensível e depois abertamente sexual do que significa ser uma ninfa em minha mente, você sabe, ou ser a Shygirl. Você pode englobar todas essas imagens. Você pode ser frágil e também ser poderosa e gostar de demonstrar fragilidade de uma maneira que está sob o seu controle. E quando terminamos de gravar este vídeo na Suécia, nós realmente exploramos todos esses temas e acho que meio que ultrapassamos os limites do que as pessoas podem esperar de mim visualmente. Mal posso esperar para compartilhar o clipe, que está em processo de edição no momento.

Papelpop – Eu gosto da forte amizade que você tem com Sega Bodega, Arca e outros artistas porque sinto que um ajuda a elevar o outro. Por exemplo, foi muito legal ver “Dawn of Chromatica” saindo e saber que foi um trabalho feito com Bloodpop e outros nomes que vocês conhecem e estão constantemente colaborando. Você acha que esse senso de comunidade é uma parte importante para ajudar a música a ser mais diversa?

Shygirl – Eu acho que, para mim e como eu me envolvo com isso, sim. Preciso de uma conexão real ou a possibilidade de uma conexão real. Tem pessoas com quem trabalhei que não éramos amigos íntimos no começo, mas sinto que através de nós trabalhando juntos, agora somos. é o que eu espero de qualquer colaboração. Como se eu quisesse estar mais conectada. Há muitas outras áreas onde eu prefiro ter interações estritamente comerciais, mas quando estou lidando com criação, eu realmente não quero ter isso. Quero ter o máximo de conexão pessoal e emocional possível. Isso realmente me inspira. O trabalho é muito melhor assim. Eu orke Arca temos um espaço onde podemos interagir assim. É por isso que a música soa real, honesta, catártica e vem de um lugar genuíno. É sobre nós. Não é sobre o que o público quer ou precisa, é sobre o que precisávamos fazer naquele momento.

Papelpop – Foi incrível conversar com você e estou muito ansioso para o seu show! Também estou ansioso para um certo encontro, porque você está dividindo um álbum [“Dawn of Chromatica”] com a Pabllo Vittar!

Shygirl – Eu amo tanto a Pabllo, ela é muito fofa. A gente se conheceu já em outro Primavera Sound mas sei que será insano. Mal posso esperar!

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Shygirl se apresenta no primeiro dia do Primavera Sound São Paulo. O festival acontece nos dias 5 e 6 de novembro e mais detalhes, incluindo compra de ingressos, podem ser conferidos no site oficial.

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