Ainda que “Dancing With The Devil… The Art Of Starting Over” (2021) tenha chegado com a premissa de marcar a volta de Demi Lovato à ativa, após um longo tempo fora dos holofotes, por conta de uma overdose, o material não conseguiu mostrar para a indústria que ela estava pronta para dar conta do emaranhado de expectativas que pairava sobre ele. Agora, pouco mais de um ano depois, Demi lança, nesta sexta-feira (19), o tão aguardado disco “Holy Fvck”, que pode – e deve – ser reconhecido como o seu verdadeiro recomeço.
Com 16 músicas, a produção provoca a sensação de segurança, certeza e domínio artístico. A brincadeira, aqui, é para mostrar a versatilidade de uma das jovens artistas mais talentosas da nova geração de divas. Poderia dizer “diva pop”, mas não cabe ao momento, uma vez que Lovato se rasga num rock cheio de referências nostálgicas, além de se desprender das amarras de feminilidade em que sempre tentaram colocá-la, como na era do “Tell Me You Love Me”.
Aqui, o álbum é crescente, se mantém coeso, divertido, pesado em seu eu-lírico, com suas letras fortes sobre amores e amizades fracassados, vulnerabilidade, sexo e até religião, e compete à carreira da artista uma de suas maiores criações até hoje.
Para fazer “Holy Fvck”, Demi precisou beber de várias fontes, principalmente, de suas próprias. O rock aqui é rock mesmo, sem as suavizações de discos anteriores, como “Don’t Forget” e “Here We Go Again”. A impressão é que a artista entrou no estúdio muito brava, com vontade de gritar o que estava entalado há muito tempo. Demi até tentou fazer isso na era passada, mas foi contida.
Se em “Skin Of My Teeth”, primeiro single da nova fase, ela desabafa sobre o quão difícil tem sido segurar a onda, o resto do trabalho continua nessa jornada de quem está sem papas na língua, repleta de letras ácidas e vocais frenéticos, de muita fritação.
O surpreendente mesmo é notar que, durante o desenrolar do projeto, Demi e sua equipe de compositores e produtores pensaram em como montar um cenário musical, no qual tudo parece instintivo e intuitivo. Há uma consciência de que muito tempo se passou desde que a carreira da cantora começou com o pop/rock, prevalecendo o amadurecimento, tanto vocal, quanto de seu ego criativo. A impressão, aqui, é que ela nunca abandonou o gênero.
“Holy Fvck” é estruturado pelo rock e se mantém como uma série de explosões cinéticas, com uma energia estridente que precisou ser ofuscada para que a cantora pudesse se tornar o exemplo de diva pop que ela não queria ser aos 16 anos.
“Pegue seus ingressos para o show de horrores, amor / Se aproxime para ver a aberração enlouquecer”, promete e convida Lovato em “Freak”, faixa de abertura ao lado de Yungblud. A intenção é mostrar logo de cara que há muita coisa para falar; e todo mundo vai ter que ouvir.
Da emoção carregada por trás das vulneráveis e delicadas “Happy Ending” e “Dead Friends” à acidez de “Eat Me”, com Royal & the Serpent, e “Help Me”, com Dead Sara, essa última sobre não se importar mais com opiniões que não vão acrescentar nada em sua vida. Há espaço, também, para as baladas. Apesar de “29” narrar uma problemática relação amorosa, a artista nos faz suspirar com “Come Together” e “Wasted”.
“4 Ever 4 Me” encontra Demi, agora com 30 anos, tão apaixonada quanto ela estava em “Catch Me”, canção de 2009, aos 17. Dessa vez, mais segura de si, das emoções e de um amor que ela deseja viver para sempre.
“Holy Fvck” é, sim, um álbum de rock e, também, é mais um desabafo. A dor de Demi Lovato está desgastada e ela tem mostrado que vive numa tarefa interminável de seguir em frente. Por isso, ela canaliza seu eu-lírico roqueira mais jovem e abre espaço para novas perspectivas e novos jeitos de falar sobre suas dores.
Ainda este mês, a artista desembarca no Brasil para fazer alguns shows da turnê que marca sua volta aos palcos. Nos dias 30 e 31, os shows acontecem em São Paulo, no Espaço UNIMED; no dia 2 setembro, a apresentação é em Belo Horizonte, na Esplanada do Mineirão. Em seguida, no dia 4, Demi segue para o Rio de Janeiro para se apresentar no Palco Mundo, do Rock in Rio 2022. Quem vai?
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