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Manu Gavassi fala sobre turnê de 14 anos de carreira: “Olho para trás, e estou construindo um legado”
Mais refrescos aos fãs de Manu Gavassi! A cantora se prepara para estrear nos próximos dias a aguardada turnê “Eu Só Queria Ser Normal“, que vai “honrar e celebrar os 14 anos de estrada musical” — segundo a própria.
Entre seus diversos compromissos, a dona de “Gracinha” (2021) arrumou um espaço em sua agenda, e conversou com o Papelpop. Ela passará por nove cidades brasileiras, com casas de shows abarrotadas de fãs que não aguentam mais dormir sem ela. O que eles podem esperar?
“Podem esperar música. A minha história. Está um processo tão verdadeiro. Estou há 14 anos na estrada e tenho tanta música para cantar.”
Para Manu, sua trajetória musical até aqui é um legado que vem se construindo aos olhos do público e, por vezes, nem ela mesma se dá conta disso. “Falo muito sobre: ‘Ah, meu sonho é construir legado, uma história que faça sentido’. E poucas são às vezes eu olho para trás e vejo que já estou construindo, que isso já existe para quem presta atenção”, finalizou.
Com setlist que passeará por “hits e não hits” da cantora, a ideia principal, segundo ela, é se reconectar com seu ofício cantora. “Não sou o tipo de artista que faz shows todos os dias da minha vida. Minhas turnês são sempre curtas e pontuais. Essa turnê é muito importante para mim, por isso. Ela significa: honrar isso tudo que eu já construí”, completou.
Entre suas diversas facetas, o ser cantora é uma delas. A alcunha atriz, diretora criativa, compositora abrem o leque de Manu. Depois de emprestar seu humor, deboche e vulnerabilidade à Milene, de “Maldivas” (Netflix), a artista adiantou que outros projetos estão por vir.
“Existem, sim, convites e projetos em andamentos. Quero cada vez mais pegar para mim desafios como esse e crescer cada vez mais.”
No bate-papo, a estrela — que já sabemos que usa laço no cabelo e bom senso crítico — também comenta sobre a atual momento do Brasil e as futuras eleições: “Eu vou votar no Lula, obviamente”.
Leia íntegra da conversa a seguir!
Papelpop – Para irmos nos conhecendo, eu queria falar sobre um pouco sobre sua parceria com Vogue Eyewear. É uma marca que você vem trabalhando há um tempo, né? Esteve com você no videoclipe de “sub.ver.si.va”; depois, você estreou como embaixadora, em uma campanha super fina e jovem; além de ter fotografado uma capa de revista com a marca. Pensando nesse bolo todo, como é – para você – ser uma referência de estilo e moda para adolescentes meninas, jovens adultas, e tudo mais?
Manu Gavassi – Eu não penso muito sobre isso. É extremamente orgânico e é por isso que funciona, eu acredito. Quando Vogue Eyewear entrou em contato comigo, fiquei muito feliz, pois sabia de todo o histórico deles de se associar a mulheres talentosas. A campanha que fizemos em co-criação, desde o início, tinha tudo a ver com o que já sou. Tinha muito a minha cara. Quase que parecia que eu havia pautado eles antes. Fiquei muito honrada de ser uma campanha que eles queriam levar por um lado tão pessoal comigo. E foi muito legal, divertido. Tiveram vários desdobramentos, começando com “sub.ver.si.va”, que foi o pontapé para o álbum “Gracinha”. Fico feliz pela marca se adequar, de forma tão verdadeira, a uma campanha com um artista. Fiquei honrada, muito feliz de participar e saber que a recíproca entre nós foi verdadeira.
Papelpop – Falando agora sobre música, imagino eu que você esteja ansiosa para estrear sua turnê, “Eu só queria ser normal”. Eu queria saber como você tem se preparado para ela, tanto fisicamente, com ensaios, como psicologicamente?
Manu Gavassi – Acho que você falou certo. O “X” da questão foi eu me fortalecer psicologicamente. Faz muito tempo que eu não faço show e eu diagnostiquei que sempre tive muito medo. Nunca foi algo super tranquilo. Por mais que eu dê conta e aproveite, nunca foi uma tarefa super tranquila porque como eu ocupo várias outras funções e profissões. Não sou o tipo de artista que faz shows todos os dias da minha vida. Quando você faz uma coisa por um ano, todos os finais de semana, é óbvio que aquilo fica mais orgânico e internaliza de outra maneira. As minhas turnês são sempre curtas e pontuais, porque elas estão sempre no meio de vários projetos. Por exemplo, eu acabei de descobrir (e não posso dar detalhes ainda!) que, enquanto eu estiver fazendo os shows desta turnê, eu estarei gravando um outro projeto.
Às vezes, as minhas diversas profissões (cantora, atriz, diretora criativa, compositora) se atropelam um pouco e tenho coisas simultâneas. Entendi que não tem muito como separar isso, e que eu preciso aprender a ficar segura nestas funções, mesmo não tendo o tempo de me dedicar 100% a uma delas. O meu maior preparo para essa turnê está sendo meu preparo psicológico, de entender porque isso nunca foi um cenário super tranquilo para mim. Mais do que qualquer coisa, eu resolvi não fazer uma turnê sobre meu último álbum porque eu queria que ela fosse mais abrangente, principalmente por conta da minha vida ter mudado muito nos últimos dois anos com a expansão da percepção a meu respeito e do meu público. Queria que fosse uma turnê que todos se sentissem bem-vindos e que resumisse quem eu sou: minhas composições, minhas loucuras, meu jeito de contar histórias. Compus muita música nos últimos 14 anos. Então, tem muita história para contar. Foi muito bonito olhar para trás e entender isso. Falo muito sobre: ‘Ah, meu sonho é construir legado, uma história que faça sentido’. E poucas são às vezes eu olho para trás e vejo que já estou construindo, que isso já existe para quem presta atenção.
Por isso que essa turnê é muito importante para mim. É exatamente isso que ela significa: honrar isso tudo que eu já construí.
Papelpop – Então, seu setlist vai estar misturado? Terão músicas de “Gracinha”, do “CUTE BUT (still) PSYCHO”?
Manu Gavassi – Eu falo que terão hits e os não hits porque, eu como fã, amo ir a um show que o cantor também cante os não hits, que eu amo. Sabe quando você ama aquele álbum inteiro e a pessoa passa despercebido, indo no óbvio? Aquelas músicas do “quem sabe, sabe”. Fui em shows assim e curti muito. Por exemplo, show da Miley [Cyrus, no Lollapalooza Brasil 2022]: ela não teve vergonha nenhuma de abraçar todo o passado dela, e brincar com o setlist. Aquilo foi muito inspirador. Fiz o que eu gosto de assistir.
Papelpop – O que você pode adiantar para o público sobre seu show? Terá bailarinas? Figurinos específicos, feitos sob medida? Cenários? O que podemos esperar?
Manu Gavassi – Podem esperar música. A minha história. Está um processo tão verdadeiro. Estou há 14 anos na estrada e tenho tanta música para cantar. Sinto que, às vezes, eu fico mais preocupada em embalar tudo isso em um grande pacote megalomaníaco (como num videoclipe de 10 minutos) que eu esqueço do básico. O básico é: as pessoas se conectam comigo, com a minha música e com meu jeito. Não quero dizer que o show vai ser simples, ou menos bonito de se ver. Quero dizer que quis me reconectar com o básico, que são as minhas músicas. Acho que tem um pouco de medo de parecer que é “só isso”. Mas esse “só isso” já é muita coisa. E isso é o que eu quero ver nos shows de compositoras e cantoras que eu gosto.
Quando vejo as pessoas falando: ‘Já imagino 80 bailarinos, um telão, um filme’, já respondo mentalmente para as pessoas pensarem menos. Mas será igualmente maravilhosa a experiência. Para mim, o lance dessa turnê é exatamente esse: me reconectar com a cantora, que existe dentro de mim.
Papelpop – E convidados especiais, teremos?
Manu Gavassi – Não faço a menor ideia, porque isso ainda não foi visto.
Papelpop – Aproveitando que estamos no tópico música, você planeja, pensa ou sei lá sente que virão novas inspirações e que seus fãs terão novos sons seus nos próximos meses? Como está seu lado criativo, quanto a isso? O que você ainda precisa fazer?
Manu Gavassi – Não tenho planos. Com a música, eu nunca tenho planos – o que é muito estranho, porque a música é minha carreira menos comercial. Onde eu sei ser menos comercial é na música. Para mim, ela é muito intuitiva. Posso acordar um dia, escrever “Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim”, chamar a Gloria Groove, fazer um clipe de dez minutos e fazer uma puta história. Como eu posso querer lançar um álbum de 40 minutos, sabendo que nem todos vão assistir. Na minha cabeça, eu nunca fui muito movida a uma coerência mercadológica ao que me era pedido. Ainda bem que tenho sorte da minha gravadora, a Universal, me apoiar muito e entender a complexidade que é ser Manu Gavassi e ocupar estes vários lugares.
Então, não faço a menor ideia [sobre ter novos planos na música]. Posso te falar que ‘não’ e, amanhã, acordar, compor uma música e querer lançar um clipe em um mês, com um feat inimaginável. Então, eu nunca sei.
Papelpop – Falando de tópico trabalho, seu lado atriz segue em alta com a síndica Milene, sua personagem em Maldivas. A gente já conhecia esse seu lado de humor e deboche por meio dos vídeos do BBB e de outras produções que você participou, mas como foi achar o tom certo para ela, para o início da temporada?
Manu Gavassi – No começo, ela tem mais esse tom de humor, mas, ao decorrer da temporada, existe um desenrolar da história, no qual existe a possibilidade de mostrar mais uma vulnerabilidade. Foi isso que me encantou desde o início nela. Amo fazer comédia e amo fazer deboche, porque eu sei que sei fazer. Aprendi isso fazendo meus vídeos, bem antes do BBB. Entendi que o humor era muito minha arma para lidar comigo mesma e com as minhas inseguranças. Naturalmente, sempre tive isso um pouco na minha personalidade e aprendi a colocar isso para fora, em forma de audiovisual. Em “Garota Errada”, durante o BBB, foi perfeito porque eu já seria julgado. Por que não me julgar antes? Essa minha persona foi perfeita para este momento, mas nem sempre ela deve aparecer. Para aquele, ela foi.
Quando recebi o texto da Milene, naturalmente, ela já tinha isso [tom de humor e deboche]. Até pelo texto da Natalia Klein [criadora da série]. Ela tem super essa veia cômica e irônica. A Milene já tinha um pouco disso, mas eu não era a escolha óbvia para dar vida a ela. Milene era uma personagem para ser mais velha do que eu. Não tinham pensado em mim. Isso que eu achei mais legal. Ela não era uma personagem feita e pensada por mim. Só que, o meu deboche, coube perfeitamente ali. Ao mesmo tempo, ela tinha uma seriedade e uma vulnerabilidade. Ela existe dentro de um ambiente que não é o meu. Ela é casada com um cirurgião plástico, entende-se que é um pouco mais velha do que eu. Emprestar muito de mim para essa personagem, que não tem muito a ver comigo na essência, foi maravilhoso.
Papelpop – Aproveitando o tópico, você falou que vai gravar novos projetos, durante a turnê. Existem novos projetos como atriz que você pode nos contar? Ou minimamente, o que você vai interpretar? Dá uma pista pra gente, Manu!
Manu Gavassi – Existem, mas eu não posso falar absolutamente nada. Não poderia nem estar falando isso para você, mas eu falei porque sou rebelde. Existem, sim, convites e projetos em andamentos. Fico muito feliz, pois eu me divirto. Toda pressão que eu me coloco como cantora, não me coloco como atriz. Quero cada vez mais pegar para mim desafios como esse e crescer cada vez mais.
Papelpop – Agora, vamos falar de outra coisa! Você é uma mulher que vive, consome e produz cultura no Brasil. Disse na música com Gloria Groove que usa laço no cabelo e tem bom senso crítico. Pensando nisso, nos próximos meses, que as eleições gerais vêm se aproximando, muitos artistas tomarão frente, como já vimos essa semana com Anitta, sobre assuntos políticos. Você planeja ou pensa em participar de alguma campanha em pró algum candidato? Ou você nem cogita isso?
Manu Gavassi – Eu vou votar no Lula, obviamente. Acho que existem erros em todos os políticos e em todos os partidos. Acho que, quando você começa a falar sobre seus erros e assumi-los, já é um caminho. Só que daí, existe nosso presidente atual, que não é que existem erros. Ele é o erro. Então, para mim, isso é muito claro. A diferença é muito clara.
E eu nunca tive medo de falar sobre isso, porque, na minha família, sempre foi muito claro. Sempre tive um pai que não teve medo de educar as filhas falando a real. Vim de uma família que sempre ensinou a termos um olhar para o outro e não só para o nosso umbigo. E que a gente tem que pensar em quem vê o mundo com um pouco mais de humanidade. Então, sempre falei sobre isso. Tenho muito claro como que a gente vai tirar essa pessoa do poder. Por isso que eu falo que, sim, eu vou votar no Lula para tirar o Bolsonaro e eu espero – realmente – que a gente tenha anos melhores pela frente. De todo coração.
Papelpop – Para a gente finalizar, eu sempre penso sobre esse tema e gosto de perguntar isso para pessoas que fazem a diferença no meio em que atuam. É um lugar complicado para você ser referência para alguém, em alguma medida, mesmo que mínima? Isso te pesa ou é tranquilo?
Manu Gavassi – Fico feliz, sabia? Eu sou uma mulher, uma menina que é sempre muito preocupada em se questionar, em pensar e aprender a pensar com a própria cabeça. As pessoas que me acompanham, naturalmente, são assim. Vejo as pessoas que me abordam na rua, vejo as mensagens que me mandam, a imagem que elas tem a meu respeito e eu fico muito orgulhosa do que eu tenho construído. Odeio o termo “influenciadora” porque parece que é uma lavagem cerebral. Às vezes, parece que não é um termo muito do bem. Sou a favor de criar um público que pense com a própria cabeça, e não só criar seguidores que falam ‘amém’ para qualquer coisa que você falar. Eu passo errar também. Posso ser questionada. Então, quero pessoas me seguindo e acompanhando que tenham essa cabeça. Que me vejam como ser humano, e se tratem como ser humano que está em mutação. Acho que é uma boa inspiração e fico muito feliz.
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Entre os dias 22 de julho e 28 de agosto, Manu Gavassi passará por nove cidades brasileiras, em shows quase esgotados. Ela percorrerá São Paulo, Natal, Fortaleza, Rio de Janeiro e outras cidades.
Ouça aqui “Gracinha”, o último álbum da cantora, lançado em 2021: