Vencedora do reality “Queen of the Universe”, a brasileira Grag Queen vem quebrando barreiras sendo uma grande representante da comunidade LGBTQIAP+. Agora, cumprindo uma agenda de shows internacionais, a artista se lança mundo a fora, apresentando seus mais recentes trabalhos — “You Betta”, single inglês, e “Que Sí Que no”, em parceria com o ex-Rebelde, Christian Chávez.
Durante um evento que promove a arte drag, cantora foi convidada por ninguém menos que RuPaul para um encontro. Chiquérrimo, né? Em entrevista ao Papelpop, ela detalhou esse encontro maravilhoso e falou um pouco mais sobre sua evolução artística, além da carreira que está fundamentando mundo afora.
Leia íntegra do papo a seguir:
Papelpop – É desejo de muitos artistas brasileiros entrarem no mercado internacional e você já nasceu nele. Como é o outro lado?
Grag Queen – Nossa, que pergunta! Então, então eu nasci acidentalmente nele e comecei a ter notoriedade já na mídia internacional. Isso é muito grande e muito grandioso e, realmente, não cabe na minha cabeça. É muito doido eu ir em qualquer lugar e as pessoas sabem quem sou eu, eu encontrar tipo, a Manila Luzon na rua e ela dizer “Hi Grag”, a Eureka [Ohara] correndo pra ver meu show — correndo muito assim. Todas as gatas, a RuPaul me chamando para me conhecer”
Estou falando aqui e estou passada com o que estou falando assim. Parece que a boca não acompanha o que o cérebro está pensando pra vocês entenderem como é que anda a cabeça. O processamento é muito difícil e foi muito rápido. Você tem que concordar comigo e foi muito intenso. A gente saiu de dentro de um quarto na pandemia para uma turnê internacional muito louca.
Papelpop – Durante a série de shows que está fazendo na América do Norte e na Europa, como você se sente quando percebe que chegou até este patamar com sua música? Qual é a principal diferença que você percebe entre o público brasileiro e estrangeiro?
Grag Queen – Imagina chegar aqui e as pessoas realmente saberem cantar a minha música, saberem os versos, o rap… Eu assim, em pânico, passado vendo as pessoas chorando com crise, chorando mesmo. Copiosamente. Porém, eu não trocaria nada pelo calor latino e pela energia brasileira que nós temos. As gata cantam mais alto que eu no show. Eu adoro. Elas não estão nem aí. Elas batem o cabelo, elas balançam a grade. Elas acampam na fila. Mano, não tem como, fã brasileiro é o maior fã. Não tem nem como comparar.
Papelpop – O mais recente single, “You Betta”, é cantado em inglês e veio com um videoclipe lindo. Qual foi a principal inspiração para esse material?
Grag Queen – Quis vim com uma coisa cyber, gótica, gostosa, cantando sua música gringa. Porque era isso, né? A primeira música em inglês da gata. Eu quis fazer uma coisa muito doida assim. Meti uma make muito louca, botei uma esteira no clipe, dublando na esteira e vários cabelos diferentes, efeitos diferentes. Eu sou apaixonada por aquele clipe. Eu acho que ele é super a minha cara, assim, essas coisas. Eu achei que eu estava muito solta pra gravar essa equipe. Eu estava muito à vontade e desde então eu estou amando muito gravar clipe.
Papelpop – Já está mais que provado que você pode fazer músicas incríveis em português e também em inglês. Existe o desejo de continuar mesclando essas duas línguas ao longo da sua carreira, ou, em algum momento, acha que vai precisar parar e focar em apenas uma?
Grag Queen – Então, como “Party Every Day”, eu adoraria fazer mais músicas que tivessem em inglês no meio e português, como o pessoal faz com o K-pop lá fora, sabe? A gente faria um B-Pop, eu adoraria. Adoraria demais poder ter essa chance de misturar e conseguir, porque aqui eu vejo o que as pessoas cantam “Party Every Day” e no começo, elas só dançam. A parte do rap em inglês, “You know Grag’s in the Game”, todo mundo começa a cantar bem doida, porque é a parte delas cantar, né? Elas não estão nem aí. E no Brasil elas cantam tudo, porque a gente fala todos os idiomas, não importa (risos).
Papelpop – Você foi a grande vencedora do “Queen Of The Universe”. Como você vê a sua evolução artística desde que o reality terminou?
Grag Queen – Então, muitas oportunidades, muitas possibilidades, né? O fato de eu ter dinheiro também para investir na minha carreira e investir em coisas para mim, para mim é muito bom e muito perfeito, porque é o que eu sempre digo. O Brasil está cheio de artistas incríveis, só falta investimento. Eu estou muito feliz assim, viajando muito, cantando para muitas pessoas e pessoas me seguindo, se inspirando, gostando das minhas músicas. Eu estou comunicando, tocando o coração das pessoas. Eu não podia estar mais feliz.
Papelpop – O encontro com a RuPaul também veio! Como tudo aconteceu?
Grag Queen – O encontro com a RuPaul foi uma coisa inusitada, porque, para mim, ela perfurou várias barreiras da realidade em que vivia até agora, né? Que tipo não foi um meet & greet? Eu não fui lá, paguei 400$ para conhecer a RuPaul, não. Ela mandou o Edward, que é um produtor, me buscar — eu estava fazendo autógrafos para os fãs.
E ele chegou e falou “A RuPaul quer te conhecer”, eu já fingi que tive um piriri na hora e fui conhecer ela. Cheguei lá e ela já sabia quem era eu, já me conhecia e chegou me dando parabéns, que eu era bem-vinda a família. Aí nesse momento minha cabeça já parou de funcionar. A gente tirou uma foto e depois disso eu não sei mais o que aconteceu porque eu estava em outro planeta. Também não sei o que eu falei, não tinha inglês ou vocabulário para a ocasião. Foi um sonho, não apenas conhecê-la, mas também por ela me conhecer e querer me dar um abraço. Foi divino.
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