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Entrevista: Marcos Mion dá vida ao Buzz sem “mionzices” e com garra e disposição em “Lightyear”

Com a dança de cadeiras entre os apresentadores no ano passado, Marcos Mion ganhou os sábados da TV Globo ao assumir o posto de apresentador do “Caldeirão” com uma boa doce de carisma, talento e humor — ingredientes intrínsecos a ele há muito tempo.

Agora, sob o ofício de dublador, Mion busca ganhar outros universos (literalmente!) emprestando sua voz — sem as “mionzeces” e “mionzeras” comuns — para dar vida ao personagem Buzz no filme “Lightyear“, que conta a história do boneco lendário mundialmente conhecido pela franquia Toy Story.

Na trama da animação que chega às telonas nesta quinta-feira (16), ele é um astronauta que fica preso em um planeta hostil a 4,2 milhões de anos-luz da Terra, e precisa usar todas as suas habilidades em busca do tão sonhado caminho de casa.

Em entrevista ao Papelpop dias antes da estreia do filme, Marcos Mion, que foi escolhido pela Disney para ser a voz principal do longa, falou sobre todo o processo ao entrar em uma cabine de dublagem; e contou como lidou com as críticas, quando foi anunciado pela companhia como o star talent que faria esse papel.

Além disso, o apresentador também imaginou como seria o momento que o próprio Buzz daria o crachá de patrulheiro espacial para ele. Leia a seguir a entrevista na íntegra!

[Atenção: este conteúdo contém spoilers!]

Cenas da nova animação da Pixar, “Lightyear”, que chega esta quinta-feira aos cinemas brasileiros. (Foto: Divulgação)

Papelpop – Eu assisti ao filme antes da estreia e queria comentar algumas impressões com você. A primeira delas é que a sua voz é bem perceptível. Eu sou totalmente leigo em dublagem, mas existem alguns profissionais que tem diversas “personas” quando abrem a boca. Eu fiquei pensando sobre como foi sua preparação para entrar no estúdio e gravar as falas? Você fez um intensivão, imaginou um Buzz na sua cabeça? Como foi isso?

Marcos Mion – Minha preparação foi a minha vida. São anos trabalhando como ator, algumas experiências com dublagem já. Isso é muito importante, principalmente este não ter sido a primeira vez que entrei em uma cabine [de dublagem]. Não foi a primeira vez que fiz toda a parada de dublar porque é extremamente sinistra. Resumindo porcamente, a gente entra na cabine com fone. Você está vendo o desenho sem som falar em inglês, você vê a boca mexer, ouve a voz no fone em inglês e responde em português, no time code do desenho. Nesta hora, entra o trabalho do Thiago [diretor de dublagem] de fazer encaixar palavras da nossa língua na embocadura certa, às vezes, usando palavras pouco usuais do nosso dia a dia. É um trabalho difícil, complexo. Às vezes, temos que estar no tempo correto, falando aquela palavra específica. Fazer esse processo é extremamente duro, não emotivo. É um processo quase físico, de raciocínio. Você tem que ter um estofo grande. Para mim, foi isso: conseguir emplacar emoção em cima deste processo extremamente racional.

Já ter tido essa experiência como ator foi o que me deu bagagem para fazer o Buzz. Obviamente, antes disso, tem todo o peso de aceitar esse convite. A gente sabe que mexe com o imaginário e com as memórias de milhões de pessoas. Saber que você está entrando neste lugar tem uma responsabilidade muito grande. Então, essa preparação psicológica que eu tive, para imaginar como as coisas seriam, foi necessária. Óbvio que eu imaginei que nem todo mundo ia abraçar de primeira. Óbvio que as pessoas iam dizer que tinha que ser o Guilherme Briggs [dublador do Buzz na franquia Toy Story, no Brasil]. Essa preparação foi mais intensa e exigiu mais de mim do que a dublagem, de fato.

Ao longo do processo, fui tentando suavizar minhas manias. As pessoas cresceram ouvindo minha voz, minhas gírias e meu jeito de falar. Tentamos suavizar e matar ao máximo as “mionzices” e “mionzeras” para criar o Buzz. Quando você vê o filme e me ouve falar aqui, você pode notar que o tom de voz é diferente, que as terminações de frases são diferentes, o jeito que eu costumo é diferente. É óbvio que é impossível me anular 100%, as pessoas vão notar eu ali, mas não é uma coisa chocante. “Buzzlaitona”, coisa do gênero! (risos)

Papelpop – E você chegou a rever os filmes antes, ou preferiu ficar distante do que o Guilherme fazia?

Marcos Mion – Ah, não precisei rever. Assisti Toy Story muitas vezes. Não revi, porque o filme e Buzz fazem parte da minha vida desde sempre. Você assistiu o filme já, né? E pode concordar comigo que nem me ajudaria muito. Buzz é uma pessoa de fato, neste longa, é completamente diferente. É uma pessoa com medo, com fraqueza, com culpa. O tanto de culpa que o homem Buzz sente por ter deixado todo mundo preso naquele planeta. O filme, em resumo, nada mais é que ele buscando a redenção de concertar o erro.

Cenas da nova animação da Pixar, “Lightyear”, que chega esta quinta-feira aos cinemas brasileiros. (Foto: Divulgação)

Papelpop – E para mim, o filme é uma metáfora dele mesmo a partir do momento que o Buzz encontra o vilão Zurg, que é aquele robozão enorme, e ele se dá conta que é ele mesmo, no futuro.

Marcos Mion – É uma visão boa mesmo. Dá um susto enorme quando todo mundo vê quem é de fato o Zurg. É muito legal esses plot twists em filmes, né? É demais. O Guilherme é o Buzz boneco. Sempre será. E sinceramente, se fosse um convite para mudar e assumir o lugar dele, eu, provavelmente, não aceitaria. Mas foi muito claro e explicado que é outro personagem. Me falaram sobre a mudança global, e só no Brasil, fora dos Estados Unidos, que a Disney optou por escolher um Star Talent. É uma honra enorme para mim estar neste lugar, nem preciso falar nada.

Papelpop – E como foi ver o trabalho pronto? Faria alguma cena diferente? Alguma fala, não sei!

Marcos Mion – Você acredita que eu ainda não vi o trabalho pronto? Vocês assistiram antes de mim! Ainda não assisti, mas o processo todo de dublagem é feito de uma forma que ele vai e volta duas vezes, antes da versão final. Nesse vai e vem, o Thiago Longo, que é o diretor, debruçou, esmiuçou e eu voltei para refazer uma palavra. Minha última sessão foi uma palavra. Mas, apesar de não ter assistido o produto final, eu confio que ele ficou da melhor forma que a gente poderia fazer.

Papelpop – Do convite até a última sessão, quanto tempo demorou? Uns três, quatro meses?

Marcos Mion – Sou muito perdido com o tempo exato de quanto tempo durou, mas posso te contar que foi bem intenso porque tive de intercalar com as gravações do Caldeirão. Ia e voltava [Rio de Janeiro e São Paulo]. Quando veio o convite, minha equipe chegou me dizendo: ‘Chegou um convite que você sempre quis, pena que sua vida está uma loucura’. E aí, eu falei: ‘O quê? A gente vai fazer. Não sei como, mas a gente vai fazer. Nem que eu vá de madrugada, de fim de semana. Mas eu vou fazer’. E deu certo! Foi um esforço coletivo esse trabalho todo.

Papelpop – Para encerrar, quando você entrou na Globo, seu crachá ficou muito famoso. Como era o crachá que Buzz te deu para você se tornar um patrulheiro espacial?

Marcos Mion – Aaaaaah, seria demais! Seria incrível! Olha como ele é lindão! [ele apontou para o banner do Buzz que estava atrás dele] E olha só, vou te falar uma coisa, eu posso imaginar o discurso que ele faria, mas a minha reação, não sei. Acho que faria igual eu fiz na Globo, na frente da estátua do Doutor Roberto Marinho, e comemoraria! [Mion ergueu o punho esquerdo fechado para cima, em aceno de vitória]

“Lightyear” estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (16). O filme acompanha a história inicial do herói que protagoniza a aventura sci-fi e inspirou o brinquedo. O ator Chris Evans dá voz para o protagonista na versão original, Angus MacLane é responsável pela direção e Galyn Susman pela produção. Reveja o trailer aqui!

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