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Entrevista: Iza reflete sobre religiosidade, novo álbum e ritmo da carreira

Há um tempo já, Iza prepara o terreno para estrear o sucessor do aclamado “Dona de Mim“, de 2018. Nesta retomada de vida cultural, após o pico pandêmico vivido nos últimos dois anos, a estrela figura no line up dos principais festivais nacionais como um grande nome, sempre com shows muito aguardados.

Sem dúvida, um dos mais esperados  — por ela e pelo fãs — é a apresentação no Palco Mundo do Rock In Rio, em setembro deste ano. “O que eu posso adiantar é que vou dar o meu melhor para fazer as pessoas felizes neste dia”, responde a carioca, de forma suscinta e direta, pelo Zoom.

A entrevista com o Papelpop foi dias antes de estrear ““, seu novo single que chegou com meses de distância de “Sem Filtro“. Durante o bate-papo, Isabela Cristina Correia de Lima Lima abriu o coração sobre a religiosidade em sua vida, ritmo da carreira, referências visuais e artistas. Ela, ainda, deu um mini spoiler sobre seu novo álbum. Leia a seguir!

Cenas do clipe de “Fé”, da cantora Iza. (Foto: Reprodução/Youtube)

Papelpop – Antes da gente falar da música em si, seu último lançamento foi “Sem Filtro”, em novembro do ano passado. Como você esteve artisticamente de lá até aqui?

Iza – Estou há um ano e meio, quase dois anos, no processo de criação do meu próximo álbum. Esse tempo todo estava imersa nessa. No início deste ano, ainda não estava pensando em “Fé” como meu próximo single. Mas durante a produção do disco, foi uma música que foi crescendo para mim e eu escolhi lançar ela por fazer muito sentido.

Esse tempo entre os dois singles foi crucial para absorver a reação das pessoas, ver como elas iam receber “Sem Filtro” [música anterior] para, antes, começar o trabalho visual de “Fé”. A música já existia há muito tempo, mas o conceito do clipe fui criando. Sou romântica com isso (risos). Como é um processo muito intenso, da composição da música até a concepção do videoclipe e a pós-produção dele, foi o tempo que eu encontrei para fazer tudo isso de uma forma prazerosa, pelo menos. Para não virar um grande estresse, virar um problema trabalhar.

Papelpop – Em “Fé”, você faz um balanço quase que completo de sua vida da infância até aqui. Como foi revisitar todos esses lugares para fazer essa letra?

Iza – Quando digo que essa música se refere a todos os momentos da minha vida, estou me referindo a fé mesmo. É o momento de reconstrução. Quando eu digo que “minha coroa me criou sozinha” não é um relato pessoal. A frase já estava na letra, quando chegou para mim. Tive o privilégio de ser criada pelo meu pai e minha mãe, somos próximos desde a infância. Quis deixar porque sei que faz parte da realidade da vida de muitas pessoas, que foram criadas pelas mães, avós. Por essa figura feminina, que se dividia em muitas. A música tem muito a ver comigo por ser resiliente.

Papelpop – E como é seu lado religioso?

Iza – Me considero uma pessoa muito religiosa. Sou católica desde pequena. Minha família é muito católica. Não só de ir na missa, mas temos retiros, encontros, grupos de intercessão. Eu era muito envolvida no grupo de música. Mas, comecei a desenvolver minha fé mesmo lá por volta dos meus 21 anos porque, até lá, eu ia muito pela rotina da família. Comecei a cantar nesta época. Me sinto muito realizada pela minha fé, com a forma que me relaciono com Deus, peço muito conselho. É assim que levo a minha vida, faz sentido.

Papelpop – A musicalidade que você explora nessa faixa, com um instrumental composto e pesado, junto às vozes em coral no fim da canção, era algo que você já tinha em mente para fazer um dia? Imagino isso em um palco, vai crescer bastante. Casou bem com essa música em específico, eu achei.

Iza – O clima, no início da faixa, é algo mais sombrio e escuro, ao mesmo tempo que é para cima e que fala sobre fé. Por isso, optamos por fazer dessa forma: com muitos instrumentos, teclado, sopro. Tudo. Sempre quis ter um coral em música. Eu amo. Boto coral em tudo. Teve em “Dona de Mim”. É minha realidade. Acho um lindo jeito de se comunicar, quando se consegue unir sua voz com a de outras pessoas e criar uma massa sonora única, que arrepia as pessoas e fazem elas chorarem. Sempre gostei muito, queria desde o início.

Quis colocar coral, também, por essa letra ser urbana e escrachada. Nunca cantei palavrão na minha vida, mas ao mesmo tempo sei que é uma expressão que falamos e pensamos. Tem filha da puta em tudo que é canto. Achei que seria interessante falar de fé de uma forma tão urbana.

Papelpop – Eu ousaria dizer aqui que o videoclipe é um dos mais lindos da sua carreira. Quais foram as referências que você e Sassi buscaram ter para o vídeo?

Iza – Esse clipe é tive um pouco mais de dificuldade de me expressar, assim porque não veio muito fácil. As primeiras coisas que vieram a minha mente foi a escada e a saia. Disse que queria fazer um bolo de pessoas. Tentei explicar para o Felipe, pensei na escada da cena final de “O Show de Truman”, mas queria algo que não fosse possível ver a estrutura da escada e fazer com que as pessoas fossem uma metáfora da superação de obstáculos e traumas pessoais. Vários coisas vieram de cara; outras, não. O início eu queria ilustrar a consciência humana, e ele veio com a ideia super chique do estúdio branco.

Também me veio essa ideia da cena das pessoas me xingando. Quando fomos gravar, eu pedi para os bailarinos me xingarem de tudo que eles já haviam sido xingados. E eles entregaram! Na cena, dá para ver que eles estão exaltados. Foi uma sessão de terapia conjunta. Esse clipe demorou um pouco para chegar as referências, mas, quando conseguimos encontrar o caminho, a direção criativa fluiu bem rápido.

Papelpop – Agora, falando de seu próximo álbum, você já consegue nos dizer se “FÉ” e “Sem Filtro” estarão no sucessor do “Dona de Mim”?

Iza – Sim, eles estarão no meu próximo álbum!

Papelpop – E você já pode nos dizer se temos uma data? Antes do Rock In Rio, sei lá.

Iza – Temos uma data. Temos uma data!

Papelpop – Que não podemos falar ainda, é isso?

Iza – É! [risos altos] Desculpa, Jovi!

Papelpop – Aproveitando o papo sobre carreira e música, muitos fãs, jornalistas e as pessoas que acompanham seu trabalho, seja fã ou hater, comenta sobre uma possível demora de você estrear um novo disco. O que você pensa sobre isso? Acredita que o ritmo que tem ditado sua carreira e lançamentos é o que faz sentido para você, artisticamente?

Iza – É muito difícil você dizer qual é o ritmo que alguém deve trabalhar, se você não faz a mesma coisa que essa pessoa faz. É muito doido isso, né? Além disso, o que é certo ou errado? Eu, Iza, achei um tempo que é interessante para eu trabalhar e continuar feliz. Se eu fizesse todo o processo de lançamento de uma música a cada três meses, provavelmente, eu ficaria muito crazy. Viraria uma filha da puta. Então, é uma coisa que me deixa saudável, feliz. Acho importante ter vários exemplos: gente que lança para caramba, que arrasa, que faz sentido, que os fãs adoram; também tem gente que não é tão rápido assim. O importante é que a gente saiba que não precisamos nos adequar a nenhuma demanda do mercado. O mercado está aí para receber a gente, artista. Acho que não temos que nos preocupar com isso. É difícil você não se entregar a isso, não querer. Mas é muito difícil, também, não estar feliz com seu trampo. Foi esse ritmo que eu escolhi.

Papelpop – E, para finalizarmos, um dos seus shows mais aguardados do ano é o do Rock In Rio. O que você pode adiantar?

Iza – O que eu posso adiantar é que vai ser um show muito trabalhoso, como shows importantes assim são. Já estou me organizando para isso. Estou ansiosa, nervosa, feliz. Acho que fazer o show no Palco Mundo do Rock In Rio vai ter muito significado para mim, como a volta aos palcos; a volta de um festival que eu amo para caramba. O que eu posso adiantar é que vou dar o meu melhor para fazer as pessoas felizes neste dia.

Bora celebrar quem somos? Neste mês, a Festa VHS terá duas datas no Cine Joia, em São Paulo. Vai ser no feriadão, véspera da Parada, nos dias 17 e 18. É pra dançar, ser feliz e dar muito close. Ingressos à venda aqui. Garanta já o seu!

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