Entrevista: 5 Seconds of Summer prepara disco e diz que está vivendo seu momento “mais punk”

O quarteto 5 Seconds of Summer vinha preparando o terreno para a estreia de um novo disco desde o início do ano. Com o anúncio de “Me, Myself and I”, single mais recente, eles pareciam querer reafirmar a grande premissa do projeto, que recebeu o título de “5SOS5”. Com lançamento cravado para o dia 23 de setembro de 2022, a banda simplesmente quer fazer um tipo de música que se apoie no prazer de ser, isento das pressões de gravadora ou mesmo de questões internas.

Para dar escape a esse ideal de liberdade, criaram músicas que se apoiam majoritariamente numa estética pop punk – ainda que tenham tido diferentes cenários e contextos de criação. De desertos na Califórnia até a piscina da própria casa, as intenções de Luke Hemmings (vocais), Calum Hood (baixo), Ashton Irwin (bateria) e Michael Clifford (violão e produção) giravam em torno de fugir para um lugar quase idílico em que a autossuficiência não ditasse mais as regras.

Pelo contrário, ainda que a “bagunça completa” estivesse instaurada, eles queriam que cada um e cada uma pudesse se conectar mais e mais consigo mesmos, além de estar em sintonia com todos os que estão ao seu redor.

Nesta entrevista, feita por telefone, Luke e Michael refletem sobre o atual momento da carreira, sobre influências externas e reconhecem que vivem, de fato, sua fase “mais punk”.

Papelpop: Uma das faixas mais recentes, “Take My Hand”, foi criada durante uma imersão do grupo no deserto de Joshua Tree, na Califórnia. Como uma experiência dessa magnitude pode impactar uma obra musical? Muda muita coisa?

Luke: De alguma forma, acho que meio que percebemos que isso de estar em isolamento poderia despertar o que havia de melhor em cada um de nós, musicalmente falando. Lá, nós tivemos um foco intenso, diferente do que usualmente encontramos em estúdio. Honestamente, foi uma experiência que reuniu diferentes impressões e expectativas em cada um. Então, sim, refletiu bastante na música.

Vocês citaram a palavra isolamento. A própria decisão de falar sobre questões romântico-existenciais acaba esbarrando nessa bagunça que o mundo está, não?

Michael: Sim! Acho também que quando você está compondo uma faixa, você sempre quer ter, tipo, perspectivas múltiplas. Você quer que as pessoas sejam capazes de interpretar o que de fato ela é, ainda que seja algo bastante específico. Pra gente, ser capazes de nos expressarmos criativamente e em grupo em uma situação daquelas acabou gerando outro efeito, o de simbolizar uma situação incrível de desconexão da cidade porque estávamos só nós quatro falando sobre o que gostaríamos de falar e soando exatamente como gostaríamos. Então é por aí.

Uma das faixas que vai integrar o disco, “Complete Mess”, é uma mistura de pop e punk rock – dois gêneros que ocupam espaços bastante afetivos no coração do público. Por que a escolha desses dois gêneros? Também fiquei curioso sobre que tipo de música vocês costumavam ouvir quando vocês eram adolescentes…

Luke: O jeito que estávamos nos sentido ao criar esse álbum, autocentrados e reflexivos, nos levou a um espaço, um lugar de nostalgia. Quando éramos mais jovens adorávamos ouvir rock clássico e o próprio pop punk, o que faz com que esse single que você menciona seja, em outras palavras, uma combinação de todas essas influências daquela época. Quero dizer, habilidades de composição, de produção que admirávamos.

Aproveitando… Como vocês definiriam esse momento de revival do pop punk que estamos vivendo agora? Por exemplo, a Avril Lavigne, a Willow e a Demi Lovato, além do próprio 5 Seconds of Summer, estão explorando isso. Está virando uma tendência.

Michael: É muito louco porque é como se agora, em 2022, as pessoas estivessem finalmente olhando pra trás e enxergando o que o pop punk é, vendo isso com outro tipo de verdade. E sinto como se estivéssemos uns 8 anos adiantados porque quando começamos estávamos muito focados em trazer de novo as guitarras pro rádio, entre outras coisas. Tentamos fazer isso e encontrar um lugar pra onde ir nesse meio tempo. Éramos muito jovens e todos os artistas e bandas passam por esse processo. Olhando pra trás penso que no nosso caso só queríamos no fim das contas fazer uma porção de discos e organizar as ideias que estávamos orbitando ao redor. Agora, com o disco que está pra sair, tivemos a chance de reunir muita coisa disso, coisas que crescemos amando, embora ajustadas de um jeito diferente, preservando esse espírito.

Acho que a definição do punk é muito mais ampla do que um movimento, um estilo. Dá pra dizer que o 5 Seconds of Summer está vivendo seu momento mais punk?

Michael: Por um momento eu pensei isso…

Luke: Olha, acho que sim. Pra mim o punk é como você coloca, é fazer o que você sente vontade. As nossas canções são, obviamente, compostas por uma banda de pop e produzidas pela mesma. Isso é legal pra caralho [risos]. Simboliza algo poderoso pra gente…

Michael: E nós paramos de ligar pra gravadora, até mesmo pra essas nomenclaturas de gênero, ou qualquer tipo de noção de frequência existente por trás do fazer musical. Isso é o que há de mais ‘romântico’ nesse sentido, só sair por aí criando o que achamos legal. Coisas que ouviríamos, por exemplo, numa tarde na piscina [risos].

Há algum tempo vocês disseram que gostariam de fazer um som que fosse mais expansivo, ou seja, que chegasse ao ouvinte impondo uma dimensão maior, um impacto. Sentem que conseguiram isso, pensando no disco novo?

Luke: Definitivamente, acho que conseguimos alcançar essa ideia e expressar de alguma forma esse sentimento. Na real, queríamos ser ouvidos e tocar para o maior número de pessoas possíveis, acho que com esse novo disco vamos conseguir, com maior efetividade, que as pessoas nos ouçam e sintam algo, tenho isso comigo. Que as letras mudaram, que houve uma transformação e que isso pode se relacionar com elas. A ideia é sair da caixa e se conseguirmos levar as pessoas a sair de casa pra ir a um dos nossos shows, vai ser fantástico.

***

“5SOS5”, o disco, chega ao streaming no dia 23 de setembro. Além de ouvir nos tocadores, você pode encomendar uma cópia física na loja oficial clicando aqui.

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Bora celebrar quem somos? Neste mês, a Festa VHS terá duas datas no Cine Joia, em São Paulo. Vai ser no feriadão, véspera da Parada, nos dias 17 e 18. É pra dançar, ser feliz e dar muito close. Ingressos à venda aqui. Garanta já o seu!

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