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PITAYAS falam sobre o primeiro EP, “Queen Stars Brasil” e encontro antes do reality: “Era pra ser!”
Uma nova leva de Drag Queens vem surgindo no mercado musical, tudo isso possibilitado pelas pioneiras Pabllo Vittar, Gloria Groove, Lia Clark e tantas outras. O trio Pitayas já chegou consagrado: Reddy Allor, Leylah Diva Black e Diego Martins se conheceram no reality show “Queen Stars Brasil”, da HBO Max, onde fizeram história e foram as vencedoras. Dando continuidade a essa união, elas lançaram o primeiro EP da carreira que, com seis músicas, fazem uma mistura de tudo que consumiram até o momento, criando uma identidade única e singular, apesar da coletividade.
Em uma entrevista ao Papel Pop, as queens mais requisitadas do momento falaram um pouco sobre o novo single “Macetada”, e processo de composição e criação do projeto como um todo, além das referências que usaram para chegar a uma sonoridade que agradasse a todas. Sobre o reality, elas ofereceram dicas às próximas participantes de futuras edições e revelaram uma história onde, por coincidência, se conheceram no passado.
Abaixo, confira o videoclipe de “Macetada” e leia a entrevista na íntegra:
Vocês fizeram a estreia do single “Macetada”, que é uma composição das três com alguns amigos. Como foi o processo de composição? Como era o clima lá?
Reddy Allor: No começo foi um grande desafio pra gente, porque não entendíamos o lugar que íamos chegar com esse resultado final, só sabíamos que queríamos colocar nossa personalidade dentro do projeto e que a gente precisava ter a nossa parte solo, que mostrasse o que a gente era enquanto artista, mesmo dentro do trio. Então esse processo começou a fluir num camping e aconteceu de uma forma muito natural, a gente ficou até surpresa porque foi acontecendo, chegando aos lugares com a ajuda do [Diego] Timbó, que foi quem conduziu essa produção e quem tinha essas ideias. Fluiu de uma forma muito legal mesmo porque a gente se sentiu conectada naquele momento, entendemos o propósito. Ao mesmo tempo que foi desafiador, chegou um momento que acontecia.
Diego Martins: É muito engraçado porque “Macetada” foi a primeira música que a gente compôs juntas e no primeiro dia de camping que a gente teve, então foi o momento que a gente falou “meu Deus, essa vai ser a nossa sonoridade! Mas calma, não vamos definir nada como single ainda, por mais que a gente goste muito, ainda vão vir muitas músicas e muitos dias pra gente estar aqui compondo”. Mas, no final de tudo, quando ouvimos todas, a gente falou: “É ‘Macetada’!”
Leylah Diva Black: Cada uma saiu em um dia, a gente compunha uma por dia!
Diego Martins: E com ‘dia’, a Leylah quer dizer madrugada!
O EP traz muitas sonoridades, existem aspectos do pop, obviamente, mas também do funk e eu percebi grandes pontas de rap também, além de grandes ritmos brasileiros. Quais foram as referências para buscar estas sonoridades?
Leylah Diva Black: A minha referência dentro da gravação é o rap, eu já tenho algumas músicas falando da minha história e o rap conta uma história, né? A gente tentou incluir tudo que a gente viveu durante a nossa vida em cada uma das músicas. Eu já tive muito contato com Axé Music, então a gente tentou incluir em algumas músicas. O sertanejo da Reddy, ele está presente tanto na sonoridade quanto nas melodias. Então a gente traz essa essência do Brasil, que é essa mistura do Rock, do Samba, do Axé, do Funk. Tudo isso é pop e, dentro dessas sonoridades, a gente tentou criar uma unicidade e assim saiu o EP “Pitayas”.
Reddy Allor: A gente buscava algo que fosse brasileiro e que demonstrasse quem a gente era, então um ponto meu de medo era “meu deus, vai ficar um pop muito genérico”, que não é uma coisa que eu me identifico. Só que quando a gente entendeu que pop no Brasil é o que é popular e não pop americano, a gente entendeu um lugar muito único para trazer essas referências da Pabllo, até mesmo de jurados do programa: Vanessa da Mata, Duda Beat, Gloria Groove, Liniker… a gente colocou todas essas referências dentro do nosso EP.
Diego Martins: A gente consome muita música, né? Eu que fui uma criança ‘viada’ sempre consumi muito pop, e o pop no Brasil nunca foi só pop. É sempre uma miscigenação de movimentos de música, então hoje em dia a gente tem pop com funk, com rap, sertanejo. É tudo mais de uma coisa só e colocamos isso no EP, porque somos mais de uma coisa só.
A música de drag queens como Pabllo Vittar, Gloria Groove, Lia Clark e outras vem conquistando um espaço enorme. Enquanto a maioria se apresenta de maneira solo, vocês são um dos poucos grupos na cena musical. Vocês formaram o trio no “Queen Stars”, mas já se conheciam antes?
Leylah Diva Black: Existe uma história antes do reality com a Diego, principalmente. A história de uma balada em que nós duas performávamos e ela, uma vez, me encontrou e me disse: “Nossa, que maquiagem linda! Que cílios lindos!” e eu peguei, tirei meu cílios, dei pra ela e falei: “Toma. É seu!”
Um dia, quando saímos do reality e ela me mandou uma dm — já tínhamos sido as vencedoras — e vimos as mensagens anteriores e tava lá: “Amiga, aqui é a Leylah do cílios!”
Diego Martins: De 2017!
Leylah Diva Black: a gente se encontrou no reality, não se reconheceu direito, ela me disse que achava que me conhecia de algum lugar, mas de fato não tinha muito contato. Mas a gente achou surpreendente essa história do cílios porque foi uma coisa que conectou muito a gente antes de estarmos juntas.
Diego Martins: Era pra ser!
Como foi a experiência de ganhar a primeira temporada do Queen Stars?
Reddy Allor: Olha, foi uma experiência doida porque, principalmente para mim, era tudo muito novo. Enfim, a gente tá ali vivendo aquilo o tempo todo, os desafios são reais, então a gente tem que ir lá e fazer, além da pressão de ficar o tempo todo pensando “Meu Deus, eu tô na HBO” e isso é muito grande. Mas eu aprendi demais em relação à minha arte e em relação a minha pessoa também, eu tive oportunidade de estar em contato com as meninas e trocamos muitas experiências. Me senti muito conectada e aprendi muito.
Leylah Diva Black: Para mim, participar de concursos era algo que eu fazia desde o início da minha carreira em 2004, então eu ia em boates que estavam tendo eventos para novos talentos e lá sempre éramos julgadas. Eu meio que nasci desse lugar, obviamente não é um lugar confortável estar sendo avaliada dentro de uma situação de nervoso e tudo mais, mas é uma coisa que eu já não sentia há muito tempo. Eu já tenho um lugar na noite e você se colocar seu ego um pouco de lado e competir com outras meninas que talvez não tenham sua experiência de noite, mas que têm experiência em algum outro lugar onde você não se sinta tão experiente, foi um lugar bem delicado, mas eu quis apostar tudo.
Diego Martins: Resumindo, a experiência foi exatamente o que elas disseram. Essa ansiedade, essa superação de desafios e inseguranças. Existia um lance que me deixava um pouco seguro que eu já tinha passado por dois outros reality shows de canto, então isso já me ajudava a entender um pouco sobre movimentação de palco e das câmeras, enfim. Mas, ao mesmo tempo, esse tinha um diferencial: além do tamanho da produção, eu estava de drag. E eu tinha pouquíssimo tempo de drag quando eu entrei, quando eu comecei a me empenhar e falar que era isso que eu ia viver, veio a pandemia, então fiquei drag de apartamento por maior tempão, então tive a insegurança de me comparar.
Tem alguma dica vocês deixariam para as participantes da próxima temporada?
Diego Martins: Corre, gente! Brincadeira! (risos)
Reddy Allor: Eu acho que uma dica para as próximas edições é não se comparar. No começo eu estava me comparando muito e, talvez deixar isso de lado e acreditar mais no seu potencial sem se colocar no mesmo lugar de outra pessoa. Principalmente em drag queens, cada uma tem o seu jeito, sua história e cada uma tem sua personalidade. Acho que a comparação é algo que atrapalhe um pouco.
Diego Martins: E permitir se descobrir ao longo do programa, a gente chega lá muito certa de quem somos, do que a gente é, o que a gente gosta, o que a gente canta… e chega lá muda tudo. A gente tem uma música pra apresentar que, hoje, faz todo o sentido pra mim, mas amanhã vem outra que eu nunca pensei em fazer. Você vai se descobrindo, a Reddy foi uma das artistas que mais se descobriu ao longo do programa, que começou de um jeito e terminou com uma outra maturidade. Mas eu também jamais pensei que iria incluir no meu repertório Vanessa da Mata, eu que sempre cresci cantando Britney Spears, Gloria [Groove], Pabllo e Iza, de repente estava lá cantando “Banho de Chuva”. Foi revelador. Se permitir é uma dica também muito interessante, sem ego e sem medo do que vai aparentar. Falar é fácil, mas nós três nos permitimos… e olha aí!
Leylah Diva Black: Estar aberto a novas oportunidades e escutar o que as pessoas como profissionais estão te falando é muito relevante. Se o jurado está te dando uma dica ou um conselho, eu acho que vale muito a pena levar em consideração para expandir seu conhecimento. Às vezes é algo que você nem se sente à vontade, mas faz com vontade e se entrega, de repente aquilo vira uma possibilidade para você e cria um novo caminho para seguir.