Negra Li não é uma artista nova no cenário musical, mas seus anos de excelência só consagraram ainda mais o poder da cantora e a necessidade de representantes do rap nacional no mainstream da música brasileira. Prestes a estrear um novo disco, o qual ela vem trabalhando desde os momentos altos da pandemia, a cantora fez o lançamento da faixa “Era Uma Vez Liliane”.
O single que abre este novo trabalho apresenta uma versão de Negra Li pouco conhecida pelo grande público: a Liliane. Está, com quem o Papel Pop conversou, falou mais sobre a pessoa atrás da artista e como ambas se complementam, se abriu sobre a veia artística que sente em Sofia e Noah, seus filhos. Além disso, ela prometeu parcerias inéditas para os próximos meses e não deixou de contar mais sobre o próximo disco de estúdio, que chega em setembro.
Relembre o videoclipe de “Era Uma Vez Liliane” e leia a entrevista na íntegra:
Em “Era Uma Vez Liliane” você traz muito da sua história e da sua base humilde. Hoje você está em outro lugar enquanto pessoa e artista. Como foi revisitar e colocar toda sua vida nessa música?
Cara, é uma delícia revisitar e eu acho que a gente tem que revisitar sempre. Eu aprendi isso na minha terapia, tem sempre alguma coisa ali que você pode ajudar o seu passado para o seu futuro ser melhor e você se entender. O autoconhecimento é muito interessante e eu gosto muito de contar isso na música. É tão bom você contar sua própria história.
Quando ficou pronta a música e eu fui colocar a voz, eu falei pro meu coach, o Diego Timbó, ‘Eu quero emocionar as pessoas com a minha história’. Quando eu ouvi a letra como ficou, eu vi que estava emocionante e eu quis emocionar, acho que consegui.
Foi lindo ver e ter meus filhos lá, eles fazem parte da minha história e muito do que eu sou é por conta de ter tido eles. Mudei muito depois que fui mãe e me tornei uma pessoa muito melhor. Me deu mais gás, me deu orgulho e me deu vontade de ser mais para compartilhar essa história com as pessoas e ajudar de alguma forma, emocionar…
Fazendo essa faixa, como foi o processo para conectar Negra Li e Liliane?
Foi libertador, porque quando eu comecei a entender que uma ajuda a outra, uma depende da outra e precisa da outra, ajudou no meu dia a dia, me ajudou como pessoa física e jurídica, me ajudou a levar minha empresa e a lidar com meus funcionários e isso é libertador.
Comecei a fazer terapia e entender mais a Liliane, a minha infância, meus traumas, jogar o lixo emocional fora e trazer de volta esse empoderamento que eu já tive. Conquistei tudo que conquistei porque eu tive essa força de vontade, eu falava com firmeza e é libertador saber lidar e separar suas personalidades.
A Negra Li é foda, é empoderada e é aquela mulher que as pessoas tem como referência, que manda uma rima ‘braba’ e que canta pra caralho. E a Liliane é uma mulher incrível e que consegue fazer mil coisas, é uma super mãe e dá conta de tudo e de uma forma leve, até quando está brava. Ela deixa a Negra Li centrada, mas a Negra Li dá um pouco de ousadia para Liliane.
Qual você acha que é a maior semelhança e a maior diferença entre a Liliane e a Negra Li cantora?
A Liliane dá essa coisa de centralizar e voltar às raízes, manter o pé no chão. Eu sou assim. A Liliane, pessoa física, é centrada e concentrada, responsável e eu acho que ela ajuda a Negra Li a voar de uma forma bacana, com as asas leves e sempre sabendo chegar e sair de todos os lugares.
O clipe também é muito autobiográfico e nele você traz seus filhos, Sofia e Noah, que arrasaram. Você percebe uma veia artística neles? Acha que vão seguir esse caminho?
Todos os dias eu sinto a veia artística deles, eles só não vão ser artistas se eles não quiserem. Na verdade, eles já são, mas se eles forem levar isso como uma profissão e vocação, aí são eles que escolhem.
O Noah é maravilhoso e sabe se expressar muito bem, sabe conversar muito bem e é super afinado, presta muita atenção nas linhas tanto de baixo quanto de bateria. Tudo que ele ouve, ele fica replicando as linhas dos instrumentos e isso é desde novinho. Eu estudei muito quando ele tava na barriga, eu ainda estava estudando música.
A Sofia, eu nem preciso falar. Ela é uma estrela, é uma diva e já estudou teatro musical e quer fazer artes cênicas, ser atriz. Eu falo: ‘cantora não, minha flor? Meu legado…’ Mas se ela quiser ser cantora, ela vai ser muito melhor que a mãe, ela já é melhor do que eu.
Você foi o pavão do Masked Singer e eu preciso perguntar: como foi subir em um palco de uma maneira diferente da artista que nós conhecemos? Você precisou deixar de lado a maneira pela qual você canta?
Eu mais emprestei pro Pavão do que peguei dele alguma coisa. Levei tudo que eu sou e todas as possibilidades de palco. Infelizmente eu não fui para a final, porque tinham duas músicas que eu queria cantar muito, uma é Nina Simone, “I Put A Spell On You”, e outra do Roberto Carlos. Deixei as especiais pro final, mas fui até onde tinha que ir e fui muito bem.
Foi muito natural porque eu não tenho esse tipo de frescura. Se tiver que ir à Dança dos Famosos, vamos, só não alguns outros realitys, mas estes artísticos, para mim, é muito natural e tranquilo. Dentro da fantasia, eu vi como uma brincadeira.
Foi muito difícil dar vida à Pavão, porque a personalidade que a produção passou pra mim foi de que ela seria uma socialite e uma mulher blasé. Mas fiquei com medo, porque e se as pessoas achassem que eu sou metida? (risos). Foi um desafio e eu fui superando cada vez mais, tinha vez que eu esquecia que estava na personagem. Faria tudo de novo, foi uma experiência única e divertidíssima. Na primeira apresentação, quando falaram meu nome, eu pensei ‘ih, gente, não engano ninguém’, mas ao mesmo tempo ver as pessoas falando ‘inconfundível’ na internet também foi muito bom.
E fiquei sabendo que um novo álbum vem aí, o que podemos esperar para esse projeto? Veremos mais da Liliane?
Esse trabalho está incrível e muito otimista, com letras empoderadas. Vocês podem esperar o que já tem de mim, não vou mudar o meu estilo drasticamente, mas podem esperar uma inovação, uma coisa moderna. Muito R&B, que eu amo! Ai, não posso ficar dando muito spoiler… posso sim! (risos). São tantas músicas que tivemos que tirar algumas, eu ia lançar no ano passado, mas as coisas foram mudando, mas foi mais legal porque me deu mais tempo de criar novas canções e mudar o trajeto do planejamento. “Era Uma Vez Liliane” foi assertiva como primeiro lançamento.
O segundo lançamento vem aí, é uma atrás da outra esse ano, até a estreia do álbum que deve acontecer em setembro. Vocês podem esperar muito do meu amadurecimento, como uma mulher de quarenta anos, olha as dicas aí! Tem muita coisa que vocês vão saber do meu íntimo, participações especiais vão ter. Vai ter um misturadinho de tudo, mas sempre com o fio condutor que é o Rap, R&B e o Pop. Próximo lançamento é um feat!
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