Lohana Maelen, ou apenas Maellen, sempre teve o sonho de ser cantora e estar presente no meio musical. Contudo, mesmo com o apoio dos pais, ela não tinha os recursos necessários para levar o objetivo para frente. Foi graças ao impulso de um amigo, o DJ Bin, que, aos 18 anos, sua história na música começou.
Depois de gravar a primeira canção, ela começou a se apresentar em pequenos eventos de seu bairro, na cidade do Rio de Janeiro. Como ainda não tinha um retorno financeiro com o trabalho, ela continuou fazendo pois realmente gostava.
Por volta de seus 20 anos, Maellen começou a querer levar o trabalho mais a sério e produzir músicas melhores. Foi também quando gravou o seu primeiro clipe. Mas ela ainda não tinha todo o dinheiro necessário para engatar de vez em sua carreira.
Foi em 2019 que sua vida mudou, só que para um lado que não imaginava: o dos games. Ela começou a jogar Free Fire por diversão, até que seu time resolver se inscrever na primeira Pro League do jogo em São Paulo, onde foram finalistas. Após se tornar jogadora profissional, ela deixou a música e a faculdade de lado para se dedicar ao game.
Se consagrando como a quinta melhor jogadora do Brasil, a carioca decidiu começar a fazer lives jogando, onde começou a crescer e acumular seguidores nas redes sociais. Já com uma carreira estável, foi entre 2020 e 2021 que finalmente decidiu retomar seu sonho inicial de ser cantora, agora podendo investir em uma estrutura melhor.
E ela voltou com tudo! Após lançar três singles, Maellen disponibilizou seu primeiro álbum, “Meu Estilo É Livre“, no último dia 7 de abril. O disco veio acompanhado de um single de mesmo nome, em parceria com PK.
Confira:
Em entrevista ao Papelpop, a cantora falou um pouco sobre a criação do projeto e a forma como o mundo dos games e a música se misturam em sua vida. Ela também revelou suas maiores inspirações, que tipo de mensagem ela quer passar com sua arte e quais são seus planos e anseios para sua nova fase.
Como está se misturando a Maellen gamer e a Maellen cantora? Como está sendo introduzir essa parte para o seu público?
Eles acham que eu vou “me perder”, de certa forma. Que vão me perder todos os dias em live, naquela rotina de 130 horas mensais com eles. Mas eu tento passar que eles vão perder de um lado mas vão ganhar do outro, porque vão poder me ver pessoalmente. Se nós estourarmos, se começarmos uma carreira de sucesso, de repente eu vou fazer show no estado deles, no bairro deles. Eles vão poder me conhecer pessoalmente, me conhecer melhor. Eu não vou deixar de ser a Maellen que eles conhecem em rede social, em live. Eles vão ter a mesma intimidade comigo, o mesmo amor, o mesmo carinho. Mesmo eu sendo cantora, mesmo eu fazendo show pra fora e deixando de ter mais contato, eles vão estar sempre me acompanhando nas redes sociais.
E agora com os shows voltando, saindo desse cenário mais restrito de Pandemia, como você espera que vai ser o seu 2022?
Então, eu quero que seja do jeito que tá começando: muito agitado! Eu sou uma pessoa muito hiperativa, que não consegue ficar quieta, parada, sem estar criando algo, fazendo algo. E voltando essa rotina de shows, entrevistas, podcasts e criação de conteúdo, eu fico feliz e já estou muito ansiosa. Eu quero ir pra rua, pro show, pro palco. Quero conhecer a galera, abraçar quem tá me dando carinho, torcendo por mim, comprando ingresso, curtindo meu som, curtindo meu show. Então eu estou muito ansiosa, com a expectativa muito alta e quero muito que dê tudo certo pra daqui a pouquinho estar nos palcos. Já estamos fazendo repertório pra começar a balançar a galera.
Sobre “Meu Estilo É Livre”, o que você quis passar para o público com esse álbum?
Eu quis passar o meu estilo, que é livre. Liberdade de você poder expor, poder ter sentimento por quem você quiser, do jeito que você quiser. Você tem os seus dias tristes, seus dias de bad, mas também tem seus dias de alegria, de curtição com os amigos. Quando você se apaixona, tem um crush, e quando você se decepciona. Então é um álbum que você vê um estilo bem eclético: tem um brega funk com a Mari [“Movimentando Forte”]; tem uma love song com o Pelé MilFlows [Tu Vem De Onde?”]; tem uma música sensual e dançante com o PK [“Meu Estilo É Livre”]; tem “Festa De Verdade” com o Caveirinha e Vulgo FK, que a gente fala sobre a nossa vida, sobre o quanto lutamos pra poder chegar ali. Eles contam a trajetória deles, como era antes e como é hoje em dia, que agora é show. Eu conto que “é festa de verdade, baile de comunidade”, é festa pra todo mundo. Então é um álbum repleto de músicas que te passam liberdade, que você pode ser quem você quiser e não precisa se prender a nada, seu estilo é livre.
E como você está sentido que está sendo a recepção [do álbum]?
Eu estou muito feliz. Nós já entramos em algumas playlists bem bombadas, a galera tá tendo uma boa aceitação, tá ouvindo bastante, compartilhando, me marcando. A galera costuma fazer dancinha pro Tik Tok, fazendo trend, então a gente começa a se empolgar e ficar animado, porque é satisfatório. Nós vemos algo que estava na caneta, que estava no pensamento, sendo colocado em prática, a galera curtindo, compartilhando, vindo me mandar mensagem dizendo que tá brabo, que quer o próximo, que vai acompanhar sempre. Conquistar esse carinho do público é algo que não tem palavras, não tem dinheiro que compre esse amor todo. É pouquinho tempo de álbum, não tem nem uma semana ainda, mas que a galera tá gostando e me dando motivação pra fazer o segundo, o terceiro e cada vez mais músicas melhores, pra galera poder gostar e se divertir.
Quais você considera que são as suas maiores inspirações e referências na música?
Ah, a minha maior é a Anitta. Aquela mulher… Eu sempre falo em todas as entrevistas que se um dia ela me conhecer – eu não a conheço pessoalmente ainda, não tenho contato com ela -, souber da minha existência, vai falar “meu Deus, o quanto essa menina falava de mim”. Todas as minhas entrevistas eu falo dela, falo que a minha maior inspiração é ela, pela mulher que ela é, pela profissional que ela é, pela responsabilidade que ela tem, pela bandeira que ela carrega, pela voz que ela carrega, as atitudes que ela toma. Pra mim ela é referência, é orgulho e um espelho muito grande, como se ela passasse pra gente que, o que ela conseguiu, todas nós mulheres podemos conseguir, que a gente pode. Então é isso que eu passo sempre pro meu público: que a gente pode, que a gente consegue e nós não podemos desistir, independente da nossa orientação sexual e do nosso gênero também.
E quais são os ritmos musicais que você mais gosta e que te influenciam?
Eu gosto muito do trap, é um gênero musical que me faz refletir as ideias, as opiniões, na forma de se expressar. Mas eu amo música, então eu amo qualquer estilo musical, qualquer música que me faça refletir, que me faça ver a opinião do artista que tá ali se expondo e colocando suas ideias, mesmo que eu não me identifique. Mas eu também amo o popular, o pop pra mim é algo que te leva do 0 a 100 muito rápido. Dentro dele da pra gente fazer coisas muito legais, nós ficamos livres. Então eu me reconheço muito no trap, mas eu amo fazer música pop.
Agora me conta: você já tem ideia de quais são os seus próximos passos? Algum projeto em mente?
Assim, música a gente já tem bastante, prontas pra lançar, já temos o cronograma do ano inteiro. Eu vou arriscar e estou acreditando no meu lado pop, porque as músicas populares que estão vindo aí são de surpreender, com uma pegada bem diferente e bem legal que hoje no mercado eu quase não vejo. Vêm umas músicas com duplo sentido, mas que vai levar diversão pra galera. Alguns eu acho que vão rir, outros vão achar bem sacado, outros não vão gostar – o que é normal, sempre tem alguém pra não gostar e pra criticar. Enquanto tiver alguém criticando, a gente tem que continuar, se tá criticando é porque estamos no caminho certo. Queria até o final do ano, se der tudo certo, gravar um DVD, mas vamos ver! Agora é acertar alguma música mesmo, fazer ela rodar o Brasil, pra galera conhecer um pouco mais da Maellen. Conhecer esse lado da Maellen não só gamer, mas também cantora, humana, mulher, lésbica, mãe. Então vamos com tudo, que a gente tem que derrubar um caminhão de barreiras todos os dias.
Pensando nisso de querer fazer sua música chegar em cada vez mais lugares, o single que você escolheu para o lançamento do álbum foi “Meu Estilo É Livre”, em parceria com o PK. Por que você escolheu essa faixa?
Eu escolhi o PK porque foi um dos primeiros que aceitaram a parceria. Nós já vínhamos trabalhando juntos desde o início do ano, depois de “Festa De Verdade”. Até então nós não iríamos lançar o álbum, aí do nada foi decidido que ia lançar sim. Perguntaram se eu estava de acordo, se eu queria. Eu disse que sim e fomos pensando nas outras pessoas, nas outras parcerias, nas músicas que iam compor o álbum. O PK me lembra o meu lado masculino, minha outra parte, que eu sempre brinco, porque ele é carioca também, mora aqui. Me identifico muito com a música dele, com o jeito dele de ser. Por ser um feat. que ele topou de cara comigo, eu falei pra gente trabalhar o single com ele, porque é um cara que nem pensou duas vezes, na mesma semana gravamos e entregamos. Então teve todo um carinho especial, todo um reconhecimento do meu trabalho, da minha vontade de realizar um sonho, de fechar essa parceria incrível. Não que os outros não tenham dado a mão também, aceitaram na hora. Mas o PK foi o primeiro, então demos essa prioridade de lançarmos essa música com ele por ser uma música que a gente acredita.
E agora, para finalizar: qual é a mensagem que você gostaria de passar, tanto para os seus fãs, quanto para o público geral? Quem é a Maellen que eles podem esperar e qual o tipo de artista que você quer ser para as pessoas?
A Maellen é louca, é doida. Ela quer viver a vida intensamente até o último minuto, como se fosse o último dia. Mas a Maellen é extrovertida, é uma pessoa muito legal, que está sempre de bem com a vida, é muito good vibes e não liga pra muita coisa. Odeia fofoca, intriga, polêmica. Eu sou uma pessoa muito reservada com a minha vida pessoal, mas como amiga, como cantora, eu sou a pessoa que está sempre ali, parceira, sempre ali pra ajudar, pra incentivar os sonhos, uma pessoa que você pode contar. É uma Maellen que eles vão conhecer divertida, sempre brincando, rindo, fazendo alguma graça, querendo agradar o próximo e sempre querendo fazer o bem. Então eles podem esperar uma Maellen bem legal e bem maneira. O engraçado e legal é que eu já sei pra onde vai partir o meu estilo, nós já temos tudo trabalhado pra isso. Então quem vai começar a ver essa mudança de música, essa mudança de linguajar, de duplo sentido, a pegada do pop, vai sentir uma diferença também. Eu acredito que a galera vai gostar! Vão poder conhecer também a Maellen responsável, madura, compromissada. A Maellen respeitosa, levantando sempre a bandeira do nosso movimento LGBTQIA+, dando voz a esse movimento inteiro que tá ali esperando que nós possamos representá-los da maneira certa. Sempre estar ensinando para a próxima geração o que é certo, o que é errado, que os pais podem não fazer em casa, mas que nós podemos estar representando como criadores de conteúdo e influenciadores. Estamos sempre praticando o amor, mostrando empatia pelo próximo e sendo gratos por tudo aquilo que a gente recebe, sendo pouco ou muito, qualquer grau de bondade, de carinho. O que vier e for bom é de amor, de coração, então a gente tem que ser grato. Até às coisas ruins tem que ser grato, porque a gente não sabe os planos de Deus, o que está reservado pra gente lá na frente. Pode ser que uma porta feche hoje, mas lá na frente abra uma janela. Então é a gente sempre ter pé no chão e humildade, tratar todo mundo igual, todo mundo bem, porque ninguém é melhor do que ninguém por conta de seguidores, de curtidas, de números. Então eu espero que eles conheçam essa Maellen bem humana e que eles possam acompanhar a ela de verdade, não só a cantora, mas que eles conheçam a Lohana e vejam que ela é uma pessoa profissional e com um coração muito bom.
Ouça “Meu Estilo É Livre”:
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