Nem mesmo a chuva incessante deste domingo (27) foi capaz de impedir Djonga de “incendiar” o festival Lollapalooza Brasil 2022. Quando a noite já aparecia no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, o rapper subiu ao palco apresentando “O Cara de Óculos” diante de uma multidão, que o aguardava ansiosa para cantar todas as músicas a plenos pulmões.
Com “Junho de 94”, faixa com título em referência à data de seu aniversário, o mineiro de 27 anos colocou a plateia para sair do chão e cantar junto sobre o menino que queria ser Deus. Logo ganharam espaço outras letras sobre questões sociais, principalmente relacionadas ao empoderamento negro para explanar a luta diária de quem é preto e periférico no Brasil.
O artista deu continuidade ao tom político ironizando a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de proibir manifestações durante o Lolla. “Dedo do meio para o alto, pensa numa pessoa que você odeia muito. Quem? Não pode falar, não? Eu vou falar porque gosto de desobedecer: Bolsonaro, vai tomar no c*”, exclamou ele, fazendo a plateia gritar “fora, Bolsonaro”.
Djonga mudou um pouco a vibe ao falar de amor, começando a sequência de “Todo Mundo Odeia Acústico” e “Leal” em frente a um mar de lanternas, ligadas a seu pedido. Quando deu início a “Gelo”, fez a energia crescer ainda mais e convidou o rapper FBC, a quem ele chamou de irmão, para o palco.
Já em “Procuro Alguém”, Djonga diminuiu o ritmo e cantou sobre as qualidades da mulher que ele quer ao seu lado – romântico, mas não menos político. Como dedicatória à sua avó, “Bença” trouxe uma energia saudosa ao show. Deitado no palco, com a voz de Dona Maria ao fundo, ele foi ovacionado pelos fãs.
Caminhando para o último ato, o rapper fez questão de destacar o papel do público no espetáculo. “Nós fizemos um show f*da até aqui, juntos. Eu quero saber se o Lollapalooza odeia racistas. Quem quer tacar fogo nos racistas faz barulho”, disse Djonga, pouco antes de descer para a grade em frente à pista.
Ao som de “Olho de Tigre”, Djonga subiu nos ombros de um dos membros de sua equipe e se jogou na plateia ensandecida, criando um dos momentos mais emblemáticos de todo o festival. O mineiro não conseguiu segurar a alegria: “eu tô feliz pra c*ralho, hoje com certeza é um dos dias mais felizes da minha vida”.
De volta ao palco e pronto para encerrar, o artista falou sobre a dor da comunidade negra que perde crianças em favelas, leva esculacho da polícia e é perseguida em lojas por seguranças. “Cada hora que a gente reage não é por um, não é por você que tá reagindo, é para ver se essa p*orra acaba de uma vez”.
Convocando todos para a luta antirracista, com o punho fechado e apontado para cima, Djonga terminou esse que, sem dúvidas, foi um dos shows mais importantes do Lollapalooza Brasil 2022.
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