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Natura Musical: edital 2022 contempla projetos de Jup do Bairro, Djalma Ramalho, Maíra Baldaia e mais
Uma das maiores iniciativas de fomento à cultura brasileira, o edital Natura Musical revelou nesta segunda-feira (31) os nomes dos 33 selecionados para sua próxima edição.
No total, serão 19 artistas e 14 coletivos patrocinados, todos com a premissa de fundamentar um panorama mais amplo da cena contemporânea, de modo a destacar a diversidade de gêneros, linguagens e formatos.
Do samba ao pagode, do rap ao pop e dos pequenos aos grandes festivais, o edital contempla com especial força neste 2022 a musicalidade de povos originários e seu engajamento natural em pautas como a sustentabilidade, tema prioritário no debate relacionado à emergência do clima. Destacam-se, por exemplo, a artista indígena não-binária Kaê Guajajara, que embarca Brasil afora com a turnê do disco “Kwarahy Tazyr”. Está previsto ainda um documentário centrado nos bastidores da excursão.
Além dela, foram selecionados o grupo musical Marujos Pataxó, que deve lançar um disco com canções de samba autoral.
Entre cantos tradicionais do povo Aranã, ritmos eletrônicos e os saberes do Vale do Jequitinhonha, o artista mineiro Djalma Ramalho prepara um álbum virtual batizado como “KUPARÁ“.
No âmbito pop, a cantora Jup do Bairro estreia, por sua vez, um longa-metragem musical baseado no álbum “Corpo Sem Juízo”. O projeto recebeu o título de “JUÍZO FINAL”. Estão listados ainda projetos de estados como Pernambuco, Roraima, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.
Abaixo, você confere a relação completa.
NACIONAL
III Mostra Pankararu de Música (PE)
Iniciativa do povo Pankararu, realiza capacitação profissional, shows e imersão artística na Aldeia Bem Querer de Cima, em Pernambuco.
Amazônia Negra (RO)
Em Amazônia Negra, a fotógrafa, cantora e compositora Marcela Bonfim, narra seu encontro com as águas dos rios Madeira, Guaporé e Pacaás. Com oito canções, o álbum traduz aspectos que marcam a musicalidade das estórias, memórias, legados e sentidos atravessados pela artista na busca de suas origens, aos poucos encaixadas em métricas e composições da Amazônia enegrecida.
Billy Saga (SP)
O artista paulistano Billy Saga, que já soma uma trajetória de duas décadas de dedicação ao rap e ao ativismo social, lança Ambigrama, álbum inédito composto por oito canções.
Elisa Maia (AM)
A música autoral no Amazonas é a tônica do trabalho da cantora e compositora Elisa Maia. Em seu novo álbum a artista reúne parcerias e propõe vivência de criação com a cantora Karen Francis e o rapper Ian Lecter. Elisa também lança a documentação do processo criativo em conteúdos audiovisuais.
Favela Talks (DF)
Desdobramento do festival Favela Sounds, Favela Talks é o primeiro ambiente de mercado voltado exclusivamente à música de periferia a ser realizado no país. Reúne artistas, startups, agentes e empresários criativos de comunidades do Distrito Federal e do Brasil para quatro dias de atividades voltadas ao fortalecimento dos mercados culturais das periferias.
Festival de Música Kariwa Bacana (AM)
O festival de música, que acontece em Manaus, promove encontros entre a produção musical indígena contemporânea e o trabalho de artistas nascidos na Amazônia urbana. A programação do festival conta com shows e rodas de conversas com nomes como João Paulo Barreto, Ângela Mendes e Uýra Sodoma.
Jup do Bairro (SP)
A multiartista Jup do Bairro lança o longa-metragem musical JUÍZO FINAL. Cruzando teorias de Freud até Sidarta Ribeiro, o filme é a realização de um sonho compartilhado enquanto ferramenta para se desenhar futuros. O repertório pensado para a trilha sonora desta produção será totalmente inédito e a artista prevê participações especiais ao longo de toda a obra.
Kaê Guajajara (RJ)
Kwarahy Tazyr é o álbum que conta a trajetória de Kaê Guajajara, artista indígena não-binária. Durante a turnê de lançamento do disco, a cantora promoverá a captação de imagens para um documentário chamado Vivências Invisíveis: autoestima para além das margens.
Labverde (AM)
Por meio de residências artísticas, o LABVERDE expande os limites da música local, aliando a bioacústica, o field recording, a cultura oral e os cânticos ancestrais, para a construção de uma nova paisagem sonora para a Amazônia. O projeto se propõe a realizar intercâmbios e colaborações entre artistas e fomentar a troca entre profissionais da Região Amazônica, apoiando discussões que refletem o contexto ambiental, social e político da Amazônia hoje.
MINAS GERAIS
Casa Sonora
É uma realização do Festival Sonora, rede nascida a partir de uma iniciativa da compositora Deh Muss. É um espaço com foco no desenvolvimento e potencialização de conexões entre mulheres que atuam no mercado da música. Localizada em Belo Horizonte, onde a rede nasceu, a Casa Sonora promoverá uma residência artística, palestras, atividades de formação e shows.
Djalma Ramalho
O ator, poeta, artesão e performer mineiro, Djalma Ramalho, lançará o álbum audiovisual KUPARÁ, que tem como premissa garantir a renovação, a preservação e a difusão de saberes e práticas tradicionais do Vale do Jequitinhonha. As canções que integram a obra mesclam cantos e ritmos tradicionais do povo Aranã à letras autorais e ritmos eletrônicos futuristas.
Maíra Baldaia
Multi-instrumentista, cantora e atriz, a mineira Maíra Baldaia lança Obí (do Yorubá, significa mulher ou fêmea), álbum pautado em um recorte dual acerca da mulher contemporânea que carrega ancestralidade em sua essência. O disco conta com participações de nomes como Marissol Mwaba, Marina Sena e Djonga.
Sérgio Pererê
Ao longo de sua trajetória, Sérgio Pererê construiu um elo entre a música tradicional africana, ao misturar ritmos como o catopês, as marujadas e moçambique ao swingue do jazz, blues e do soul. O cantor e multi-instrumentista mineiro lançará um disco de canções inéditas e um mini-documentário que acompanha a criação das faixas.
Tavinho Leoni
Com apenas 18 anos e uma longa trajetória, o belo-horizontino Tavinho Leoni é representante da nova geração do samba mineiro. O multi-instrumentista, que se inspira em nomes como Arlindo Cruz, Fundo de Quintal, Sorriso Maroto, Aline Calixto, planeja o lançamento do primeiro álbum.
Trem Tan Tan apresenta: Trem Negreiro
O grupo musical Trem Tan Tan tem mais de duas décadas de trajetória artística. É formado por um coletivo de compositores portadores de sofrimento psíquico e propõe a inserção social, o resgate da cidadania de pessoas com sofrimento psíquico e o tratamento antimanicomial. O coletivo, com a liderança de Babilak Bah, fará a gravação do álbum Trem Negreiro, com dez canções autorais, além de oficinas musicais e videoclipes.
PARÁ
Azuliteral
Cantora e compositora, Azuliteral trabalha no álbum autoral Nossas Tramas. O ponto de partida do disco é inspirado na coletânea Trama das Águas, obra que reúne o trabalho de 57 mulheres paraenses (nascidas e/ou criadas em território paraense) de diversas identidades sexuais e étnicas, materializadas em contos, poesias, ilustrações e fotografias. As histórias serão transformadas em músicas e videoclipes.
Daniel ADR
Considerado um prodígio na cena do rap paraense, Daniel ADR começou a rimar ainda na escola e, em 2014, foi considerado o melhor MC do Pará pelo Duelo Estadual de MC’s. Além da música, Daniel também é beatmaker e produtor cultural, atuando como organizador da Batalha de São Braz. O artista prepara um novo disco de inéditas, Black Christ, que retrata a vivência do rapper, um jovem negro, gago e bissexual.
Elas No Comando
Com o propósito de dar mais visibilidade e conectar as mulheres que atuam no mercado da economia criativa, Elas no Comando reúne profissionais de diferentes áreas culturais em sete dias de eventos online e presenciais. A programação inclui rodas de conversas, pocket shows, curadoria e exibição de videoclipes e oficinas formativas.
Flor de Mururé
Flor de Mururé é cantor, compositor, multi-instrumentista e umbandista transgênero amazônida. Em 2019, o artista lançou seu EP de estreia, Eu Sou Flor. Agora, trabalha na concepção do primeiro álbum de estúdio e um curta-metragem que registra o processo criativo do artista.
Festival Lambateria
Com a proposta de apresentar os diferentes gêneros musicais do norte do Brasil, o Festival Lambateria reúne em Belém a cultura latino-amazônica com uma programação repleta de cultura paraense em pleno mês de outubro. Tem danças e comidas típicas do Pará, além de oficinas de capacitação para o mercado da música. Em 2022, os shows do Festival ganham um produto audiovisual com os melhores momentos e alguns dos artistas participantes gravam uma coletânea com cinco canções inéditas.
Raidol
Cantor e compositor, o artista Raidol é considerado um dos representantes da nova cena da música pop amazônida. Com três EPs lançados, Raidol planeja o lançamento de Mandinga, seu primeiro disco de estúdio.
BAHIA
Casa do Hip-Hop Bahia
A Casa do Hip-Hop é um espaço de referência sócio-cultural e articulação estratégica da cultura hip-hop e da juventude negra do estado da Bahia. Localizada no Pelourinho, é um polo de formação e produção que trabalha com arte-educação, empreendedorismo e inovação, estimulando carreiras artísticas, pesquisa, aperfeiçoamento de técnicas e trabalho coletivo, com a perspectiva de contribuir com a superação das desigualdades socioculturais e raciais. A Casa do Hip-Hop realiza oficinas formativas, shows, mostras e podcast.
Cronista do Morro
Com versos retos e muito swing, a cantora e compositora Cronista do Morro é uma revelação do hip-hop/trap. A rapper soteropolitana trabalha no produção e lançamento de seu primeiro disco, que terá rimas inspiradas na sua vivência enquanto uma uma mulher preta, periférica, lésbica, que se confronta cotidianamente com a violência, precariedade e conflitos sociais.
Festival Pagode Por Elas
O Pagode Por Elas (PPE) é uma plataforma que surgiu em 2019, sendo o primeiro canal de conexão, entretenimento e informação voltado às mulheres do pagodão baiano. Após dois anos de atuação, acontece a primeira edição do Festival Pagode Por Elas, com o tema A Nova Década do Pagodão, envolvendo ações de produção, formação e promoção de mulheres cis, trans e pessoas LGBTQIA+ no pagode.
Marujos Pataxó
Festival Itinerante com shows do grupo musical Marujos Pataxó, formado por artistas da Terra Indígena Barra Velha, aldeia localizada no município baiano de Porto Seguro. O projeto ainda prevê a gravação de um disco com canções de samba indigena autorais, documentário, feira cultural e oficinas musicais.
Os Tincoãs
A obra dos Tincoãs se inscreve no compêndio de matrizes musicais afro-brasileiras, sendo reconhecida dentro e fora do país como um legado cultural do Brasil. Em 2022, Mateus Aleluia promove o lançamento do álbum inédito Os Tincoãs – Canto Coral Afrobrasileiro, gravado em 1982 no Rio de Janeiro. Com arranjos e regência dos maestros Leonardo Bruno e Armando Prazeres e participação do Coral da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos,
a obra ficou guardada durante 40 anos e chega aos ouvidos dos fãs em formato digital e vinil.
Ventura Profana
Jovem artista-travesti, negra e nordestina, Ventura Profana busca questionar os paradigmas baseados nos termos da cultura euroamericana, colonial, heterocentrada e cisnormativa dominante. Em Procure Vir Antes do Inverno, primeiro álbum visual da multiartista, Ventura Profana trata da habilidade de “não perder a fé e nunca morrer”. O trabalho tem produção musical de MV Hemp e Mahal Pita, além de participação de Mateus Aleluia.
RIO GRANDE DO SUL
As Águas São Nossas Irmãs
O álbum visual Goj tej e goj ror – As Águas São Nossas Irmãs é um trabalho do povo Kaingang, que narra o encontro das águas e terras do território indígena de mesmo nome, que se espalham pelo Sul e Sudeste do Brasil, das extensas Matas de Araucárias, aos rios Uruguai e Paraná.
Cristal
A porto-alegrense Cristal Rocha é considerada uma das revelações do hip-hop gaúcho. Aos 19 anos, a artista trabalha na concepção de seu novo álbum pautado na estética afrofuturista e com referências a black music. O lançamento do disco será acompanhado de um curta-metragem roteirizado pela artista.
Festival Rap Contra o Frio
Com o objetivo de fomentar e incentivar a cena do hip-hop do extremo sul do Rio Grande do Sul, o Festival Rap Contra o Frio promove apresentações musicais de artistas locais, oficinas de produção musical e workshop de gerenciamento de carreira na cidade de Rio Grande, localizada no extremo sul brasileiro.
Festival Cabobu – A Festa dos Tambores
O Festival, idealizado e executado pelo compositor, percussionista e agitador, mestre Giba Giba, reúne grupos de música e dança populares de Pelotas, no Rio Grande do Sul. O Cabobu mostra para a sociedade gaúcha que existe uma cultura negra rica e plural no estado, tendo o tambor de sopapo como o centro dessa iniciativa. A terceira edição do evento reunirá shows, oficinas e ações formativas.
Ianaê Régia
Ianaê Régia é performer, cantora de R&B e estudante de Música Popular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No projeto AFROGLOW, a artista pretende fortalecer a rede de apoio afro-gaúcha, utilizando como alicerces a militância por via do autocuidado, a decolonialidade, a beleza, a finésse e a emancipação da cultura preta.
Laddy Dee
Aos 40 anos, Daiane Vieira Moraes, conhecida como Laddy Dee, lança seu primeiro álbum de estúdio. A obra é composta por uma coletânea de músicas autorais que a artista desenvolveu ao longo de 20 anos de carreira. No trabalho, ainda sem título, a rapper rima sobre temas como negritude, diversidade sexual e feminismo.