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Questlove fala sobre documentário “Summer of Soul”: “Esta é uma peça vital da história”
O documentário “Summer of Soul (…ou, Quando a Revolução Não Pôde Ser Televisionada)” tem sido destaque dos primeiros vislumbres da temporada de premiações. O longa marca a estreia do músico Ahmir Khalib Thompson, o Questlove, como diretor.
Premiado no Festival de Sundance pelo Grande Juri, o filme conta a história e o registro histórico criado em torno do Harlem Cultural Festival de 1969, um evento épico que celebrou a história, a cultura e a moda negra. Participaram do evento artistas como Nina Simone, Stevie Wonder, Mahalia Jackson e Sly and the Family Stone.
Em conversa com a Variety, o músico, que agora também é cineasta, falou sobre como surgiu a ideia de contar a história do festival. Em 1997, Questlove estava no Japão. Ele e o tradutor estavam em um restaurante chamado Soul Train Cafe, que tinha instalações de monitor espalhadas por toda a parede reproduzindo imagens de arquivo. “James Brown estava em uma tela, e havia uma com Sly and the Family Stone (do Harlem Cultural Festival), e eu estava assistindo de cinco a seis minutos dessa filmagem”, conta o artista.
“Corte para 20 anos depois: dois senhores me abordaram sobre ter 40 horas de filmagem desse show incrível que aconteceu no Harlem, semelhante a Woodstock, que na época todo mundo chamava de ‘Black Woodstock’. Eu era facilmente cínico porque meu ego não me permitia acreditar que havia algo monumental que aconteceu na música que eu não sabia. Além disso, se não estiver no Google, nunca aconteceu. Essa é a parte triste do apagamento; antes do nosso filme, você quase não conheceu nada sobre isso. Houve apenas rumores de que talvez isso tenha acontecido”.
O músico continua: “Quando colocaram 40 horas de filmagem em suas mãos, é algo para se ver e levar porque agora você está lidando com história e histórias de pessoas… por mais que eu não acreditasse ou tivesse dúvidas de que isso acontecesse. Você tem um monte de pessoas que foram lá e ninguém acreditou nelas”, relata. “De repente, passou de “Não acredito que isso tenha acontecido” para “Que merda, isso realmente aconteceu” e “Oh, Deus, isso é história”. Esta é uma peça vital da história que faltava”.
O editor Joshua Pearson, que trabalhou com “What Happened, Miss Simone?” e “Keith Richards: Under the Influence”, também esteve na conversa. Ele explica o processo de roteirização do material bruto. “Esboçamos qual seria o arco da história nesse filme, que é essa transformação da música negra da mais tradicional para a futurística, e também, o que estava acontecendo sociopoliticamente em 1969 para a cultura negra, que ia do resistência não violenta de Martin Luther King à abordagem mais militante dos Panteras Negras e outros grupos militantes”, conta o cineasta.
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Por fim, Questlove completa: “É estranho para mim quando as pessoas começam a dar muita importância à forma como este filme contém tantas informações, e é estonteante, mas é abrangente ao mesmo tempo. Mas é assim que eu assisto muito dos meus filmes. Estou tentando educar as pessoas, desde que seja permitido. Eu sinto que é um desperdício se você não está contextualizando algo. Ao fazer isso, tornei-me mais consciente, mais hiperconsciente, de que as pessoas não entenderão a história a menos que haja contexto para ela, então adicionei isso”.
“Summer of Soul” deve chegar ao Star+ em 2022.